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A tecnologia que incomoda

Descobri a frase abaixo num excelente artigo do Renato Cruz do Estadão.

“Quando os jornais impressos desaparecerem, o café da manhã deixará de fazer sentido” – frase dita por Jeffrey Cole, diretor do Centro para o Futuro Digital da Universidade do Sul da Califórnia.

Minha primeira reação ao saber dessa frase foi: “Prezado Sr. Jeffrey, o café da manhã já desapareceu há muito tempo“.

Imagine-se tendo um bom café da manhã, lendo tranquilamente o jornal do dia e tomando conhecimento das notícias naquele instante. Fala a verdade pra mim. Isto é coisa do passado, né? Você consegue ter o “breakfast” sugerido na frase do Sr. Jeffrey? Nos dias de hoje, não dá tempo de tomar um café da manhã demorado, sem pressa, ainda de pijama e sem relógio no pulso (se você for da geração Y, você não terá um relógio no pulso, mas sim um celular nas mãos). As notícias você já soube no dia anterior e poucos de nós ainda pegam o jornal para ler como fazíamos anos atrás.

Enfim, são novos tempos. E, nesse embalo, tenho que confessar que fiquei entusiasmado com o anúncio da venda do Kindle no Brasil. O problema é que minutos depois todo o meu ânimo já havia desaparecido quando descobri que as condições e preço continuarão a fazer do Kindle um produto de difícil acesso. Mas, apesar dessa decepção, a chegada do “livro eletrônico” ou ‘livro digital” é um caminho sem volta. Fico até arredio de falar sobre isso pois meses atrás escrevi que o livro de papel vai desaparecer e recebi dezenas de emails falando isso e aquilo de mim. O fato é que estou convencido disso e não desejo mais entrar nessa polêmica. Mas me divirto quando encontro pessoas que discordam completamente de mim, alguns até apresentam boas razões, mas quando falam do cheirinho do papel…

O artigo de João Ubaldo Ribeiro, chamado “Futuro Tecnológico”, publicado no O Globo em 18/10/2009, é imperdível. Acesse AQUI. Ele fala dos novos tempos, cita o Kindle como pano de fundo e evidencia que as relações humanas estão em profunda transformação. Definitivamente ele resiste a evolução tecnológica que o mundo vem passando e acho que muitos de nós passamos por isso também.

Eu fico sonhando em ter um Kindle com todos os maravilhosos livros que tenho na minha estante de casa. São mais de 200 livros. Sonho em tê-los com as minhas marcações e rabiscos. Sonho em poder pesquisá-los instantaneamente através da busca de uma palavra chave ou frase. Atualmente estou lendo 5 livros ao mesmo tempo e não consigo carregar os livros comigo quando estou viajando, dentro do avião ou no táxi indo de um lado para outro. Tudo isso me lembra os quase 200 CDs que eu tinha (e ainda tenho) e que agora estão concentrados no meu MP3 player que carrego comigo o tempo todo, nas corridas no calçadão, no avião e na praia.

Enfim, chegaremos num dia onde o livro de papel será algo de museu, onde a mídia eletrônica será a única existente e talvez nem a palavra “livro” exista mais. Quem sabe neste dia acontecerá o que Millôr Fernandes escreveu num artigo memorável. Alguém vai inventar um novo produto revolucionário chamado L.I.V.R.O. Não deixe de ler. É espetacular. Acesse AQUI.