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Agora vai !! Empresas liberam o uso de bermuda no trabalho

O papo do uso de bermuda no trabalho não é novo. Quem mora no Rio sabe que essa é uma demanda genuína. A novidade agora é que o maçarico do Rio está ligado sobre todo o Brasil, a começar por Porto Alegre que vem registrando temperaturas recordes desde o início do ano. Portanto o assunto “bermuda no trabalho” virou tema de interesse nacional.

A história ganhou mais força neste verão com o lançamento do site “Bermuda sim“, cujo objetivo foi provocar a discussão nas redes sociais. O divertido do site é que o internauta digita o email do chefe que, em seguida, recebe um mensagem com o pedido para liberar o uso de bermuda no trabalho. Também é legal ver os dez “bermudamentos”.

Mas, diversão a parte, existe sim uma espécie de reivindicação branca dos trabalhadores por uma flexibilização do vestuário no ambiente de trabalho. Essa é uma conversa recorrente.  Algumas vezes as ações se transformam em protesto e ganham as manchetes, como a recente manifestação de um funcionário no Rio que foi trabalhar de saia, já que o uso de bermuda no escritório não era permitido. Rapidamente ele ganhou exposição pública e o caso bombou nas redes sociais. O “homem de saia” ajudou a colocar mais fervura na discussão.

O fato é que existem dois lados. O lado do funcionário, que verdadeiramente pena por conta do calor. E não é apenas dentro do ambiente do trabalho, tem que considerar que as pessoas se deslocam pela cidade, de suas casas até ao trabalho, muitas vezes se utilizando de um transporte público de qualidade duvidosa e num ambiente de calor intenso. O transtorno é grande e afeta a saúde e bem-estar das pessoas. O outro lado é o da empresa. Muitos trabalham dentro de ambientes fechados e não tem contato com o público e os clientes, mas considere que um imenso contingente de trabalhadores atua atendendo clientes, saindo as ruas para reuniões e outros momentos em que representam a empresa. Como fica o uso da bermuda nesses casos? E, por fim, a bermuda não vem sozinha. Discutir o uso da bermuda significa também discutir o uso de tênis, camisetas, saias, chinelos, etc. Não dá para usar bermuda de sapato, né? 🙂

É fácil imaginar que agências de marketing e comunicação, empresas de internet e outros segmentos mais ousados e inovadores adotem uma política de “dress code” mais flexível, afinal “desafiar o sistema” faz parte da proposta dessas organizações, mas surpreendentemente já existem muitas empresas de segmentos mais “formais” que estão mudando as coisas. No Rio, os funcionários das lojas e da sede administrativa da Casa&Video já  podem usar bermuda durante o expediente. Para quem não conhece a Casa & Video é um grande varejista na cidade do Rio e a grande maioria da sua força de trabalho atua no atendimento ao público. Por isso eles tiveram uma preocupação muito grande com as regras e com a comunicação. A nova política começou em dezembro e a adesão inicial foi tímida, mas aí os diretores decidiram dar o exemplo e passaram a trabalhar de bermudas regularmente, este foi estopim para a onda pegar de verdade.  

A novidade recente é a Totvs que, dias atrás, anunciou um mudança nas suas regras de vestuário. Bermudas, camisetas e tênis passam a ser permitidos. Estão autorizadas as bermudas de materiais como jeans e sarja. Também estão liberadas as camisetas pólo, legging, sneakers e tênis neutros. Por outro lado, chinelos, calções de futebol estão proibidos. Segundo a Totvs, a decisão não é apenas pelo calor, mas também pelo jeito de ser da empresa. O “casual day” deixa de ser as sextas feiras e passa a ser todos os dias. Mas o mais ousado não foi isso, o que me chamou a atenção foi que o novo código de vestimenta foi criado a partir de um trabalho que a empresa fez com os seus mais de 5,5 mil funcionários. O assunto foi discutido pelos colaboradores por meio das redes sociais da empresa e em comitês em São Paulo, Porto Alegre, Joinville, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília, ou seja, um processo ousado e participativo. Todos construíram juntos. Bacana! 

Cabe citar que a demanda pela flexibilização do vestuário nas empresas não é apenas pelo calor. Existe um desejo evidente por um ambiente mais informal e casual, especialmente da nova geração de trabalhadores. Este é um caminho inevitável e as organizações já notaram isso. As mudanças vão acontecer, mas a velocidade das coisas vai depender da identidade, valores e cultura de cada empresa.