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Fala quem pode, obedece quem tem juízo… até nas mídias sociais


Passei por uma situação muito interessante recentemente.

Eu fui num evento de mercado voltado para a área de tecnologia de informação. Cheguei cedo. Por sorte, um querido colega que eu não via há muito tempo sentou ao meu lado na platéia. Cabelo branco, muito experiente, ele hoje é o CIO (líder da área de tecnologia) de uma empresa conhecida no mercado. Apesar de experiente e da “alta patente :)”, ele continua sendo um sujeito humilde e ansioso por acompanhar as novidades de mercado, especialmente em tecnologia onde inovações surgem há todo momento.

Até o fim da manhã o evento estava muito bom. Foi quando subiu no palco um jovem com aparentes 30 anos para falar sobre um tema novo que ainda surge de forma inconstante na agenda dos CIOs.

Após dez minutos de apresentação, o meu colega virou-se pra mim e exclamou: “O garoto é bom, tem conteúdo”.

Num determinado momento, o jovem no palco disse algo mais ou menos assim: “Os CIOs ainda não acordaram para isso, parecem negligentes na adoção dessa nova tecnologia, esse é o futuro e quem sair na frente vai conquistar o sucesso”.

Meu colega virou para mim e disse: “Quem é esse cara para falar para um monte de executivos cabeça branca o que eles devem fazer? Ele é um garoto, não tem credibilidade e autoridade para falar. Falta currículo”. Cinco minutos depois, com o jovem palestrante insistindo no posicionamento anterior, ele sussurrou: “O garoto é arrogante”.

Já na parte final da palestra, meu colega olhou pra mim, me cumprimentou e disse que ia embora: “Eu não preciso ficar aqui ouvindo esse cara. Tenho coisas mais importantes para fazer. O garoto é bom, mas faltam credenciais. Como ele pode ir ao palco e falar do jeito que está falando?”. E se retirou do evento para não mais voltar.

Passei o resto do dia pensando na experiência descrita acima de forma muito resumida.
Claro que pode ter rolado um preconceito pelo “garoto” ser jovem, mas não foi criada uma química entre o apresentador e a platéia. É sabido que num evento o conteúdo é importante, tão quanto o apresentador, ou o mensageiro da mensagem, como queira, mas o fato acima mostrou algo mais. Não bastam o conteúdo e o apresentador, tem o formato, a credibilidade e as credenciais de quem sobe no palco. A platéia tem que se identificar com quem está no palco, não apenas com o conteúdo, mas também com a linguagem, o gestual e “os cabelos”. 🙂

Essa experiência rolou num evento, mas o conceito também vale para outros canais de comunicação e relacionamento. Por exemplo, em várias situações, quando nos deparamos com conteúdos legais na web, nós procuramos saber quem está dizendo aquilo ou assinando a matéria, sempre na busca de constatar se o autor e “dono” daquelas palavras tem real propriedade, bagagem e experiência suficientes para fazê-lo. Portanto, se você é participante ativo nas redes sociais, e deseja criar uma referência pessoal na web, escreva sobre o que estuda, conhece e domina. Apresente suas credenciais, desenvolva uma rede relacionamento que suporte a imagem que deseja estabelecer.

Vivemos novos tempos. Não basta apenas falar. Não basta apenas a mensagem. Quem fala tem que ser reconhecido e pertencer à comunidade para a qual está falando, seja num evento, na web e no chopp do final de semana. Vivemos o mundo do diálogo e das comunidades. E não se esqueça dos cabelos…