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A caneta Bic e o novo presidente

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Dizem que são os pequenos detalhes que fazem os grandes momentos.

No dia 1/1/2019, no momento da assinatura do termo de posse dos novos ministros, o rapaz do cerimonial chegou perto do novo presidente e ofereceu uma caneta especial para assinatura do livro. Afinal, aquele era um momento histórico. O presidente disse que estava tudo bem, que não precisava dela e que iria usar a caneta que tinha no bolso. Aí o presidente sacou uma caneta Bic para assinar o livro histórico. E assim se sucedeu a cerimônia com os 22 ministros recém nomeados. Todos iam lá e assinavam o livro de posse com uma vistosa caneta Bic azul.

Duas horas antes, no Congresso Nacional, havia rolado a cerimônia de posse do novo presidente. Algo me chamou a atenção, que provavelmente passou despercebido pela maioria das pessoas. Com poucos minutos do início do evento, ao mesmo tempo que as autoridades discursavam em um dos momentos mais importantes do ano para a história nacional, entraram os garçons para servir as autoridades da mesa, inclusive o novo presidente. Os garçons assumiram o protagonismo no “palco” do Congresso Nacional, circulando entre os discursos, servindo água em copos de vidro, saindo e entrando para servir café em xícaras, indo e voltando para recolherem xícaras vazias, e assim seguiram.

Aqui tenho uma pergunta: Para que servir café e água em uma cerimônia curta, de grande evidência nacional, onde as autoridades discursavam? Essa pergunta pode ter várias respostas, mas uma delas é porque servir cafezinho para autoridades discursando dentro do parlamento é o cotidiano deles. Aquele ambiente sempre funcionou assim. Portanto, nada demais ter o fato se repetindo na cerimônia de posse do novo presidente.

A caneta Bic nas mãos do presidente assinando um livro histórico confronta com a imagem dos garçons no Congresso Nacional servindo água e café durante os discursos.

Minha experiência de longa data em grandes organizações mostra que grandes mensagens vêm em pequenas doses e estão nos pequenos detalhes e atitudes. O desafio do novo presidente não é apenas atuar nas grandes causas, mas também no invisível, naquilo que está lá e muitas vezes nós não vemos… é na caneta Bic e no cafezinho. O novo executivo precisará estar atento aos detalhes para transformar o país. As mensagens são dadas pelas nossas atitudes no dia a dia, afinal o cotidiano diz mais do que imaginamos. Isso vale para o governo, para as empresas e para nós, cidadãos e trabalhadores. Que venha 2019.

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