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Capítulo 2 – A Geração Y e seus hábitos de consumo de mídia

O post “A geração Y e seus hábitos de consumo de mídia” movimentou minha caixa de entrada de emails durante as duas últimas semanas. Alguns me perguntaram se o relatório produzido pelo jovem londrino também espelha o perfil do jovem brasileiro. Sinceramente? Não sei, mas eu acho que sim.


O post/reporte produzido por Marcio Machado no Blue Bus dá uma pista legal a respeito do adolescente brasileiro. Muito, muito, muito bom. Acesse AQUI. Ele fez uma entrevista com um jovem de 16 anos, num molde parecido com a realizada com o britânico. Como dito pelo próprio Marcio, o boletim gerado não tem base estatística, afinal trata-se de uma única opinião, mas certamente tem valor qualitativo, pois parece traduzir bem a forma de pensar e agir do jovem brasileiro em relação ao consumo de mídia.

Motivado com tudo isso, eu resolvi também buscar a visão de um outro adolescente brasileiro, que publico abaixo. Eu mesmo fiz a entrevista. Estou falando de um jovem de 20 anos recentemente completados, homem, classe média, estudante universitário, está em seu segundo estágio de trabalho, vive no Rio de Janeiro, tem um carro velho e estuda numa universidade pública. Pedi para ele me responder um questionário, mas não somente respondendo por ele, mas pelo grupo com quem ele se relaciona regularmente.

Pega a entrevista abaixo, junta com a do Marcio e com a do londrino, põe tudo no liquificador, e tire, você, suas próprias conclusões. Essa é a geração que, em pouquíssimo tempo, estará no comando da sociedade e do trabalho.

Eis a transcrição da entrevista:


RÁDIO “Hoje, quem escuta rádio é quem usa o carro, e a galera se divide. Tem quem goste de tudo, rádios que tocam antigas, pagode, axé e hip hop. Mas a grande maioria gosta de rádios mais barulhentas, com músicas recentes de pop, rock, mpb e hip hop, como a jovem pan e rádio mix. Elas tem notícias de faculdade, tem sessões de humor, muito barulho e muitas piadas. Quem não tem carro geralmente prefere escutar música pelo iPod ou pelo computador. Hoje em dia, com a internet, a gente pode escutar a música que gostamos no momento em que quisermos, então prá quer ouvir uma programação que não é a sua se você pode fazer a sua ‘própria rádio’? Notícias pelo rádio não conheço ninguém que ouça. Na internet tem tudo, e você pode ir atrás da informação que você quer na hora que quiser também”.

TV “Muita gente ainda vê TV, apesar de eu já não achar tão bacana. Mas quem vê, é por distração, sem muito compromisso com horários. Todo mundo sempre diz a mesma coisa, ‘eu prefiro baixar na internet do que esperar passar na TV, assim eu vejo exatamente o que eu quero, quando eu quero’. Eu acho que o que a galera mais assiste na TV é filmes e seriados, ou seja, exatamente aquilo que se baixa na internet. Quem vê TV aberta eu acredito que seja por falta de opção. Os canais da TV aberta são ruins e o que a maioria curte assistir está na TV a cabo. Não conheço ninguém que não tenha TV a cabo”.

TV A CABO “Tem que ter. Mesmo quem não assiste TV não suporta viver hoje em dia sem TV a cabo. Conheço uma galera que tem TV no quarto e sempre que está online na internet, está com a TV ligada. Mas isso é mais da pessoa, tem gente que curte ficar com tudo ligado, prá se distrair ou prá acompanhar algum programa que esteja passando enquanto navega pela internet”.


JORNAL “Eu conheço ainda uma galera que lê o jornal impresso todo dia, mas é bem pouco. Quase a totalidade prefere a mídia digital, e nisso entra não só o globo.com ou as notícias gerais, mas blogs de música, de cinema, de design, de moda e de cultura geral. Tem de tudo e sempre aparece alguém com um site maneiro de notícias, seja de qual tema for. Tem uma turma que curte jornais expressos e gratuitos. Não digo daqueles meia hora, ou dos tablóides sensacionalistas, ninguém curte isso, mas jornais como o Destak, ou circulares universitários todo mundo lê e comenta. Quem anda de metrô, ônibus, passa por um sinal ou por alguém que esteja distribuíndo, sempre pega o Destak. É de graça, e não é toscão que nem esses jornais de Meia Hora. Se você comentar sobre o Destak com uma galera, provavelmente a maioria vai saber como o jornal é dividido, quais as colunas mais bacanas, e vai comentar sobre alguma coisa que leu lá”.

VIDEOGAME “Cada vez mais conheço pessoas que nunca mais jogaram desde os 12, 13 anos… mas ainda há quem curte. Só que agora o videogame tem que oferecer não só jogos bacanas e gráficos sensacionais, mas tem de ser um DVD, um blue-ray, tem que servir de HD, tem que ter uma interface legal. Ou seja, tem que ter tudo de tecnologia possível, sem falar no design que faz toda a diferença. Eu não sei dizer se a maioria dos meus amigos tem videogame. Acho que bastante gente tem sim, mas é por aquele lance de tecnologia, e não por uma paixão pelos games”.


INTERNET “Nenhum jovem hoje vive sem internet. O tempo de ficar plugado na rede depende da rotina diária da pessoa. Se ela tem alguns minutos livres em casa, ela vai dar uma conferida nos emails, no orkut, no blog, no twitter, etc. E se estiver de bobeira, com a certeza a internet é um dos primeiros lugares pra visitar. Mas acho que hoje, diferente de antigamente, o pessoal que usa a internet não fica mais tanto tempo ‘de bobeira’, navegando sem rumo. Quem entra é pra fazer alguma coisa já definida, como conversar com alguém, mandar um scrap no orkut ou escrever no blog. A minha geração já não curte mais ficar ‘pendurada’ na internet”.

MSN Foi-se o tempo que o MSN era o melhor meio de comunicação pra galera. Por algum motivo, talvez por ter cansado mesmo, as pessoas entram no MSN hoje em dia só quando podem, e não conversam tanto como antigamente. As pessoas brincam, porque estão sempre ‘ausentes’, ou ‘ocupadas’. A idéia de estar sempre conectada não agrada mais tanto. Outros programas de comunicação online como o Gtalk do Gmail, ou o skype, são cada vez mais comentados e eu vejo que muita gente prefere usar esses programas, ou mesmo nenhum outro, pra conversar online sem ser pelo MSN. O uso excessivo do MSN hoje é mais associado a pessoas bem mais novas, sendo introduzidas na internet”.


ORKUT “Também já tá perdendo aquela ‘vibe’ legal que tinha. Hoje quem tem usa geralmente pra postar fotos suas, manter contato e trocar scraps depoimentos. Ninguém quer preencher perfil, botar fotos nítidas do rosto ou sair procurando amigos novos. É uma forma de estar ali, onde teoricamente todos também estão, e ficar por dentro do que acontece (fotos dos amigos, depoimentos, notícias de festa). É engraçado ver que muita gente usa o orkut apenas pra saber quando é o aniversário dos outros e não fazer feio no dia (evitando aquele ‘putz, era hoje? nem sabia =/’ ou prá não perder convites de festa, que hoje em dia é feito SOMENTE pela internet, convite em papel já era (e prá desenhar os convites entra critatividade nos textos e imagens), ou prá mostrar status de relacionamento (namorando, solteiro,…). E a conversa por meio de depoimentos é cada vez maior, sobre assuntos sigilosos, brincadeira ou troca de elogios”.

PROPAGANDA “É assunto prá muita conversa. Todo mundo gosta de uma propaganda bacana e bem feita, mas todos odeiam pop-ups, coisas sem criatividade, anúncios que ignoram as coisas que hoje são consideradas bacanas (na música, na escolha dos artistas, na ideia, no jeito de falar,…). A gente curte propaganda em todos os meios que a gente participa. Acho que hoje, mais do nunca, a gente está antenado com a propaganda. Porque ela está, realmente, em todos os lugares: na internet, na TV, na rua, etc. Cada um vai, naturalmente, prestar mais atenção nas propagandas do meio onde ele frequenta mais. Mas acho que na TV, como os comerciais são mais elaborados, tem duração e som, as pessoas se envolvem mais”.

PÁGINAS AMARELAS “Nunca vi ninguém usando. Sabemos prá que serve, só que não é nada prático”.


MÚSICA “Hoje todo mundo sabe MUITO de música, o tempo TODO. Sempre quando me encontro com meus amigos, um dos assuntos que dura a noite toda é música, cada um apresenta uma banda diferente que conheceu na internet, uma música nova que lançou ontem, uma banda que vai começar em breve, etc. O costume de comprar CD ainda existe, mas de uma forma mais simbólica e cult, é bacana ter um CD bonito de uma banda que você realmente curte. Mas 99% é baixado via internet e escutado via iPod. É legal estar por dentro das novidades musicais, e há trilhões de sites que você pode fazer isso. O groove shark é um site que deixa você ouvir qualquer música do mundo a qualquer hora de graça. E o last.fm é outro que mostra todas as bandas que existem, apresentando novidades, por gênero ou por artista. Meus amigos compram CDs. Bem pouco, mas compram. Mas é como eu te expliquei antes. Acho que a maioria acaba passando as músicas pro iPod ou mp3 player e pronto. Ninguém mais usa Diskman. Quem ouve mais CDs talvez sejam pessoas que gostam de ouvir música no rádio do carro. Já que nem todo mundo anda com aquele iPod ligado ao rádio”.

SHOWS “Quase todo mundo se amarra em shows e tenta ir sempre que possível. Especialmente de bandas de rock internacionais que fazem tour por aqui. Sempre que essas bandas vêm, todo mundo vai lá conferir”.


CINEMA O pessoal ainda assiste, mas não como antes. Quem vai no cinema geralmente está namorando ou é pra ver um filme muito específico que já estava com vontade de ver antes. Acho que nunca mais fui no cinema com a galera como se fosse um programa. O que está fazendo os jovens irem menos aos cinemas? Talvez as pessoas estejam namorando menos… hahaha. Tô brincando, os jovens vão menos aos cinemas porque ver filme é muito fácil. Você baixa da internet, acabou. Ir no cinema não morreu, mas não é mais como antigamente”.

DVD A maioria prefere DVDs copiados ou baixados da internet. Mas muita gente ainda compra filmes e seriados, prá dar de presente ou pra colecionar os preferidos. O pessoal adora sentar na frente da TV para ver um DVD”.


CELULAR “Esse realmente todo mundo quer ter um bacana. Mas eu já não sinto mais aquela vontade de todo mundo ter o mais high-tech possível, com câmera, touch screen e o escambau. Isso é realmente sensacional, todo mundo curte, mas o risco de assalto, de quebrar ou perder, faz o pessoal preferir celulares mais modestos, deixando prá investir mais em outros gadjets como iPod, iTouch e iPhone. Eu imagino que a maioria dos meus amigos pensa assim. Mas sem dúvida é coisa minha”.


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