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Direto do Festival de “Publicidade” 2011 em Cannes – Parte 1


Estou em Cannes, participando do Festival Internacional da Publicidade de Cannes, ou, se preferir o nome oficial do evento: Cannes Lions 58th International Festival of Creativity.

Sempre tive vontade de viver essa experiência, especialmente por saber que por aqui passam os principais gênios da comunicação e publicidade. Mas, após poucos dias por aqui, alguns mitos e percepções caíram por terra e fiz algumas descobertas.

O primeiro mito derrubado foi a respeito da cidade. Imaginava Cannes como uma cidade sofisticada e metida a besta. Ledo engano, a cidade é chique sim, muito bonita, mas longe de ter o nariz empinado. A cidade parece que abraça você, as pessoas recebem bem os turistas e dá vontade de andar pelas ruas. As praias são paradisíacas, as pessoas são bonitas, mas simples no jeito de se comportar e agir. Às 11 da noite parece que todos saem das casas para passear no calçadão da praia. São crianças, famílias inteiras passeando. Enfim, uma delícia de cidade.

A segunda surpresa foi a respeito do nome do evento. O nome mudou e por isso as aspas existentes no título desse post. Até o ano passado esse era o Festival de Publicidade Cannes Lions, agora é o Festival de Criatividade Cannes Lions. O motivo é claro, o termo “publicidade” é limitante, especialmente na era da multimídia e das redes sociais. Sinal dos tempos.

O evento acontece no Palais des Festivals, uma construção que fica incrustada na praia da cidade. É uma construção feia, de arquitetura “quase” inexistente, porém no coração de onde tudo acontece: de frente para o mar. Como todo evento importante e de sucesso, esse está lotado, com gente “saindo pelo ladrão”. Parece que os auditórios do Palais não cabem de tanta gente circulando. Muitas filas, as vezes o ar condicionado pega um pouco, os banheiros são disputados nos intervalos das sessões, mas as apresentações e os conteúdos discutidos justificam a lotação. A turma aqui sabe das coisas.

Mas o mais legal de tudo é o público participante. Tem de tudo. É interessante ver japoneses, isralenses, africanos, pessoas de todos os cantos do mundo. Muitos brasileiros. Europeus, obviamente, formam a maior parte. Vi poucos americanos, ou então eles ficaram mais escondidos. Pessoas de paletó, outros de camiseta e bermuda, todos a vontade, alguns voltando da praia, outros indo para a praia que fica ao lado do Palais. Não esqueça que estamos em pleno verão europeu. Tempo e temperatura formidáveis.

A agenda do evento mostra um evidente foco no chamado marketing digital. Uma das novas categorias estreando em Cannes é chamada “Efetividade” de uma campanha – ou seja, aquilo que ela consegue provar ter trazido em retorno para uma marca. Esse novo troféu recebeu o nome de “Creative Effectiveness” e o vencedor será anunciado no último dia do evento, quando os prêmios mais importantes serão entregues. Aliás, a agenda do festival evidencia uma mudança radical no mercado publicitário. Num ambiente tradicionalmente dominado pela criação e pela mídia, começam a surgir com intensidade debates sobre marketing digital, mídias sociais, co-criação, novo comportamento do consumidor, a nova geração, storytelling, internet e comunicação integrada. Um dos apresentadores falou mais ou menos o seguinte (foi o que consegui anotar): “Nós, profissionais publicitários, sempre nos preocupamos em gerar a atenção do consumidor, daí medimos essa atenção e tentamos descobrir quem é ele. Agora é diferente. Isso não é mais suficiente. Temos que medir a qualidade dessa atenção e a intensidade. Temos que prender a atenção e gerar valor”. Mas esse assunto e uma reflexão sobre as apresentações vai ficar para o próximo post.

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