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Essas maravilhosas empresas sonhadoras e seus fantásticos canos furados

Eu lembro muito bem de um filme chamado “Esses Homens Maravilhosos e Suas Máquinas Voadoras“. Você não conhece? Vale a pena assistir. O filme é antigo mas é muito bom. Sempre adorei o título de filme e usei-o como inspiração para o título deste post.

Num evento recente, onde eu participava de uma discussão sobre como incrementar o ambiente colaborativo nas empresas (liberdade para as redes sociais!!!), mais uma vez surgiu a velha e tradicional pergunta sobre como controlar a informação, aquela costumeira preocupação do vazamento de dados e informações estratégicas via redes sociais nas empresas.

A minha resposta foi uma pergunta. Indaguei: “Mas, hoje, a sua empresa controla alguma coisa?” A resposta veio através de um sinal afirmativo com a cabeça.


Eu retruquei dizendo que o controle de informação nas empresas é apenas uma percepção, ou melhor, uma boa intenção. As empresas controlam somente o que elas enxergam, somente o que passa nos canais oficiais de comunicação. As empresas não controlam a conversa nos corredores, nos cafezinhos e nos almoços. As empresas não controlam o que os seus funcionários conversam no telefone todos os dias, com familiares, fornecedores e clientes. As empresas não controlam todos os emails que chegam e saem das caixas postais de seus funcionários. Enfim, se pudéssemos criar uma metáfora para isso, eu diria que a comunicação nas empresas é um enorme cano furado, vazando água por todos os lados. É um Titanic em constante rota de colisão. As informações vazam por todos os lados, diariamente, hora a hora, minuto a minuto. Da mesma maneira que elas saem, chegam um monte de outras de diversas fontes diferentes.

Quanto maior o número de funcionários, pior. Serão mais bocas e mais ouvidos. Quanto mais global é a empresa, mais complexa será a coordenação das diversas geografias e das diferenças culturais. Quanto maior o número de clientes, mais difícil será imaginar o controle de informação. Como controlar milhares de interações diárias com os clientes? E com os fornecedores, parceiros, intermediários, canais de vendas, distribuidores, etc?

Enfim, neste contexto, as redes sociais parecem ser a ilha da fantasia. Afinal, é um lugar onde todas as interações são registradas, os nomes de quem fala, responde e opina estão escritos e disponíveis, está tudo lá registradinho. É um ambiente muito mais seguro e visível do que o cafezinho de qualquer empresa.

E qual é a saída?

O caminho correto é a conscientização dos funcionários de que informação estratégica é diferencial competitivo, seja ela tratada numa conversa informal, numa reunião de planejamento ou “postada” numa rede social. Se o funcionário tiver consciência disso, e sabedor de como cuidar da informação que possui, então não importará o ambiente ou a mídia, ele sempre saberá tratar a informação com critério. Este é um passo importante para uma empresa entrar de verdade num ambiente colaborativo. E, sendo repetitivo como sempre, a empresa não pode esquecer de desenvolver um guia corporativo que dará a orientação básica de como os funcionários devem usar as ferramentas sociais.

Enfim, se alguém aparecer dizendo que tem medo de redes sociais nas empresas por conta de vazamento de informação, pense no cano furado.

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