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Há 30 anos eu começava na IBM

Publico esse post em 23/02/2017.

Exatamente há 30 anos, em 23/02/1987, eu começava na IBM, portanto hoje é um dia muito especial para mim. Não! Eu não tenho 30 anos de serviço na IBM. Eu conto essa história surpreendente no final desse texto, quase desmentindo o que contei anteriormente.

O que faz uma pessoa dedicar tantos anos a uma empresa? Qual é a magia? Essa é uma resposta muito individual, cada um tem a sua própria experiência, portanto não existe uma resposta certa ou única. Eu tenho os meus motivos e minha história, que compartilho abaixo. Porém inicialmente, já vale dizer que a minha motivação não vem do salário, nem do bom pacote de benefícios, isso tudo é bacana, mas não é “a razão”.

São 7 motivações.

1- Pessoas – Essa é a minha maior retenção: as pessoas. Uma força de trabalho que gosta de trabalhar, engajada, bem formada, de cabeça boa e de bem com a vida. Não tem canelada. Eu trabalho com profissionais amigos, cúmplices e parceiros. Não tem pegadinha! Essa é a minha maior razão por estar tanto tempo nessa empresa: trabalho com pessoas que se entregam, que fazem o melhor que podem e nunca tem “tempo ruim”… todos os dias.

2- Valores – Existe uma profunda identificação dos meus valores individuais com os valores da empresa. Eu acredito no que a IBM acredita, fala e pratica. Não é algo escrito no quadro pendurado na parede. Estou falando de algo que vivo todos dias, desde as situações mais simples até as mais complexas.

3- Propósito – Eu acredito no propósito da IBM… e não é vender produtos e serviços. Não é ser inovadora. Isso são consequências. O propósito é protagonizar o progresso da humanidade. É mudar o curso da história. É pensar em fazer as coisas de forma diferente. Eu compartilho desse nobre propósito.

4- Diversidade – A diversidade dentro da IBM é praticada de forma genuína. A empresa não faz propaganda disso, nem fala publicamente de algo que não pratica. O ambiente é aberto. Apreciamos a diversidade de todos os tipos, desde gênero, raça, religião, credo… até ideias – e pontos de vista. A empresa nos desafia nessa questão e nos incentiva a praticar diversidade no dia a dia.

5- Colaboração – Ambiente aberto, portas sempre abertas, mídias sociais liberadas, inclusão, tudo isso eu vejo e vivo pessoalmente todos os dias. O espírito de camaradagem está lá, para ser vivido. A hierarquia, natural nas grandes empresas e globais, não assusta e tentamos minimizá-la em todos os momentos. Os executivos gostam e sempre esperam muita interação com todos.

6- Inquietude – Essa é uma empresa inquieta, eternamente insatisfeita. Você supera uma meta, e logo aparece alguém para subir a barra, dando um novo desafio para você, quase sempre parecendo insuperável. Essa inquietude perene nos deixa pouco tempo para celebrar. Aliás, esse é um ponto que precisamos melhorar; precisamos celebrar mais.

7- Oportunidades – Eu sempre imagino a IBM como um salão cheio de portas. As oportunidades estão lá, sempre ao nosso alcance. Escolher uma porta, abri-la, depende só de você. O número de pessoas circulando pela empresa, vivendo novas experiências e assumindo responsabilidades diferentes é enorme, o tempo todo. Em décadas passadas, os funcionários brincavam dizendo que IBM significava “I’ve Been Moved”.

Esse último ponto da minha lista – oportunidades – é realmente incrível. E aqui vale a pena contar a minha história.

Entrei na IBM em fev/1987.
De 1987 a 2000, foram 13 anos incríveis de trabalho em velocidade frenética.
Minha primeira posição na IBM foi como Analista de Sistemas Associado, o cargo inicial na carreira de análise de sistemas. A partir daí eu mudei de posição e missão mais de 10 vezes dentro da empresa. Morei em cidades diferentes como Belém do Pará, Manaus e New York, além do Rio de Janeiro, minha cidade natal. Tive mais de 10 chefes diferentes. Experimentei áreas bem distintas, diversos níveis de exposição, que após vários anos me deram a chance de descobrir exatamente o que eu queria para a minha carreira. Atuei na área técnica, em vendas, em planejamento, em comunicação, em marketing, em serviços, no desenvolvimento de soluções, atendendo clientes em diferentes níveis e altos executivos. Tudo isso em 13 anos… na mesma empresa.

No final da década de 90, encantado com a bolha da internet e com a onda de privatização das telecomunicações que acontecia no Brasil, cresceu em mim um enorme desejo de trabalhar numa startup. Esse desejo virou obsessão. No início do ano 2000 eu pedi demissão da IBM por conta de uma proposta fenomenal de trabalho que recebi para liderar marketing e comunicação numa das maiores startups da época: a Intelig. Uma startup que já nasceu gigante. Eu queria trabalhar na construção de algo grandioso, e lá fui eu. Vivi 2 anos mágicos na Intelig coordenando o maior investimento publicitário do país no início dos anos 2000. De lá trabalhei 3 anos espetaculares na Embratel como executivo de vendas. Cada ano com uma missão diferente, com times distintos e desafios enormes. Por fim, em seguida, assumi o comando de marketing e comunicação da Unisys América Latina, em São Paulo.

No ano de 2006, eu recebi um convite para retornar para a IBM Brasil no comando de comunicação. Foi impossível não aceitar. Nesse período, a IBM crescia exponencialmente em serviços. No ano anterior a empresa havia inaugurado o Command Center no Centro de Serviços de Hortolândia, mostrando uma empresa vigorosa e global. Nessa época eu já tinha mais do que certeza do que eu queria para minha vida profissional. Estava certo e convencido que meu caminho era uma carreira sólida e consistente em comunicação e marketing. Em 2008 as áreas de comunicação e marketing dentro da IBM, que eram separadas, se fundiram e eu assumi a liderança, onde estou até agora.

Rever essa história é a evidência inconteste de que a IBM é uma empresa de oportunidades. Mas não se iluda, histórias iguais a essa são resultados de um alinhamento de estrelas, as vezes não perfeitamente alinhadas. Tudo começa pela vontade do indivíduo em sair da zona de conforto, mudar de direção ou experimentar coisas novas. A empresa oferece as portas, mas quem abre e atravessa a porta é o indivíduo. Abrir a porta é uma combinação de inquietude, tomada de risco, preparação, ambição e… estar no lugar certo, na hora certa.

Acho incrível celebrar essa data de 30 anos atrás e ter certeza de que ainda tenho muito o que fazer dentro da empresa. Incrivelmente eu continuo indo trabalhar todos os dias sentindo insegurança, um frio na barriga por conta das reuniões que vou ter, das coisas que terei que me envolver, uma sensação cotidiana de que não estou fazendo o suficiente e uma necessidade obsessiva de ter que estudar mais. Parecem ser as mesmas sensações que eu vivia há 30 anos, no meu primeiro dia de trabalho.

Por fim, compartilho uma história que poucos sabem… que vai desconstruir parte do que contei acima. Na verdade o meu primeiro dia na IBM não foi em 23/02/1987. Antes disso, eu fui estagiário da Divisão Técnica da IBM no período de 1979 a 1980. Eu havia me formado na Escola Técnica Federal do Rio e a entrada na Divisão Técnica da IBM foi meu primeiro emprego. Nesse período eu fui técnico de máquinas de perfurar e tabular cartões de papel (sim, ainda havia algumas na cidade!!), impressoras, monitores e unidades de controle. Trabalhei muito!!! Quando recebi o convite para ser efetivado, eu neguei. Eu sonhava trabalhar numa fábrica, numa linha de produção. E saí atrás do meu desejo. Trabalhei numa indústria de transformadores elétricos, de equipamentos para indústria naval, fui desenhista projetista, chefe de produção em fábrica, de lá passei ainda pela Burroughs, Citibank e Bolsa de Valores… nunca parei, até voltar para a IBM em 1987. Durante esses anos eu cursei e me formei em Engenharia. Essa é uma história que surpreende pois poucos sabem.

Apesar de todos esses pulos, a minha grande escola sempre foi a IBM, em todos os momentos. Hoje é um dia especial. Eu não podia passar por esse dia sem escrever um post de celebração, de prestação de contas e de agradecimento por uma organização que deu tanto para mim em todos esses anos. Aqui não é agradecimento, é reciprocidade, que fica ainda mais especial por 2017 ser o ano em que a IBM celebra 100 anos de atuação no Brasil.