O post da Eline “Mark Zuckerberg e a capacidade criativa dos jovens nas empresas“, publicado no Foco em Gerações, fundiu a minha cuca. Foram tantos “insights” legais que ainda não consegui desenroscar o nó criado na minha cabeça. Não deixe de ler, acesse AQUI.
Mark Zuckerberg é o criador do Facebook. Ele teve a inspiração de criar algo, aos 19 anos de idade, que está mudando a forma como as pessoas se relacionam. Eline assistiu a apresentação dele na FGV e destacou algo dito por ele: “Mark acredita que são as pessoas autônomas, e não aquelas que estão dentro de grandes organizações, as que têm mais condições de desenvolver os aplicativos mais requisitados, exatamente porque não estão com sua criatividade cerceada“.
Caramba!! O que Mark disse, em seus 25 anos de idade, é que as empresas limitam a capacidade de cada um de nós de pensar diferente, ou seja, inovar. Isso me deixou encucado, apesar de parecer muito coerente.
Eu vivo no mundo empresarial. Visito empresas, participo de fóruns e leio um monte de “papers” regularmente. Quase sempre a palavra inovação aparece. “Inovação” parece ser a palavra da moda. Todas as empresas falam que procuram pessoas criativas, que fomentam a iniciativa pessoal e que criam um ambiente receptivo a colaboração entre os funcionários. A maioria das empresas diz ter programas de ideias. Então porque o Mark disse aquilo?
Acho que o Mark disse aquilo porque a iniciativa à inovação dentro das empresas não é algo genuíno. É algo controlado, parametrizado e limitado, especialmente nas grandes empresas. A inovação genuína é aquela vem das massas, livre, que vem de improváveis grupos que normalmente as empresas não dão pelota.
Quando pensamos em inovação, quase sempre caímos na armadilha de pensar em “inovação de produtos”. Fica mais fácil falarmos de inovação quando pensamos em máquinas, produtos eletrônicos e coisas similares. Logo pensamos em laboratórios de pesquisa e centros de desenvolvimento. Mas a inovação nas empresas pode estar em toda a cadeia. Pode estar na forma como atendemos o cliente, na fatura de cobrança, na forma como nos relacionamos com o fornecedor, em algum processo logístico, enfim, em todos os lugares. Quando pensamos dessa forma, fica fácil ver que a grande capacidade inovadora não está nos laboratórios ou nos centros científicos. Ela está dispersa em todos os cantinhos da empresa, dentro e fora. A inovação está com o Seu Manuel que trabalha no estoque, no Seu João que dirige os caminhões da fábrica, na Dona Lúcia Maria que trabalha no call center ou novata Renata que acabou de entrar para a linha de produção. São estas pessoas que conhecem as falhas nos processos, as oportunidades de melhoria, as demandas e necessidades dos clientes e o potencial de oportunidades que a companhia não vê. São elas que conhecem os sonhos dos clientes. É exatamente aí que o Mark pode estar mirando com sua afirmação.
E tem mais pimenta neste angú. Existe um grande dilema nisso tudo. Chama-se globalização das empresas. Uma empresa para se tornar global, tem que pensar seus processos e métodos de maneira inovadora. Ou seja, para globalizar tem que inovar. Por outro lado, depois que as empresas começam a se tornar verdadeiramente globais, a busca pela padronização ganha dimensões enormes. Estamos falando de padronização de processos, sistemas, ferramentas de trabalho, metodologias, produção, etc, etc, etc. Todo esse pseudo-engessamento tende a criar fortes armadilhas para a liberdade de trabalho, que considero premissa básica para a criação de um ambiente colaborativo e inovador dentro do escritório, fábrica ou campo. Contratar e manter os talentos dentro desse ambiente torna-se complexo. Enfim, é um enrosco só.
Esse, na minha opinião, é “o desafio” das grandes empresas. Como crescer sem inibir a criatividade, o livre pensamento e a colaboração? Analise você mesmo. Pense em empresas que eram ícones de inovação e que, depois de crescidas, enfrentaram muitas dificuldades para continuar sua jornada de inovação contínua.
Peço perdão se estou generalizando, pois sei que existem empresas que criam ambientes altamente colaborativos, que alavancam e que polinizam a inovação. Eu acho que sou um exemplo disso pois trabalho numa empresa onde a inovação contínua está no DNA da empresa.
Eline termina seu post fazendo algumas perguntas interessantes: Suas empresas tem jovens de 25 anos criando e sendo reconhecidos por novos produtos ou serviços? De que forma eles são valorizados pelos gestores mais velhos? A burocracia organizacional permite a visibilidade destes jovens que fazem a diferença? Eles percebem esse reconhecimento e entendem a visibilidade que têm?
E aí? Vai arriscar uma resposta?