Sou cliente do Banco Real há quase vinte anos. Neste tempo eu morei em cinco cidades diferentes, muitas coisas aconteceram na minha vida, mas a marca verde-amarela do banco sustentável sempre esteve comigo. Ainda custo a acreditar que a marca vai desaparecer para sempre.
Uma matéria publicada no jornal O Globo neste último domingo, chamada “Marcas famosas vão ficar só na lembrança”, me deixou encucado. Ainda abalado pela “morte” do Banco Real, a matéria citou um monte de outras marcas que estão com os dias contados. E não são quaisquer marcas não, são marcas que fizeram parte do cotidiano dos brasileiros nas últimas décadas e ainda estão aí, firmes e fortes.
Um dos maiores ícones deste naufrágio coletivo de marcas é a Varig, que até bem pouco tempo atrás era símbolo de um Brasil moderno e global. Todos nós que viajávamos para o exterior tínhamos orgulho de ver a marca Varig espalhada nas principais cidades do mundo. Pois bem, a marca Varig desapareceu dos nossos olhos engolida pela Gol. Outras marcas em nossa memória já se foram, como a Gradiente (eu ainda tenho uma TV Gradiente em casa, que resiste bravamente), Vasp, Transbrasil, Paes Mendonça, Direct TV e por aí vai. Se pensarmos em marcas regionais, não dá para esquecer a Sé Supermercados em São Paulo e a Casas da Banha no Rio.
Na fila do abismo do desaparecimento encontra-se a Brasil Telecom (comprada pela Oi, ex-Telemar), o Unibanco (que se uniu ao Itaú) e o Banco Real (comprado pelo Santander). No Rio, os cariocas lembrarão da marca Sendas com saudade, pois todos virarão Extra Supermercados em breve. Aliás, em Sampa, o Compre Bem também vai morrer para virar Extra.
Os ventos apontam para mudanças na área de telecomunicações. A fusão da Embratel com a Claro sugere que uma das marcas vai desaparecer, provavelmente será a ex-nossa Embratel. Com a compra da parte da Portugal Telecom na Vivo, a Telefonica, que passa a controlar sozinha a empresa, vai mudar o nome da Vivo para Movistar, segundo boatos que circula no mercado. Parece incrível pensar que a marca Vivo vai desaparecer, mas é isso mesmo que está pintando.
Especula-se muito sobre as marcas Pão de Açúcar, Casas Bahia e Ponto Frio. Uma das três deve desaparecer. Alguém duvida qual? Essa tá na cara. A Cosan tem o direito de uso da marca Esso, mas assinou acordo de união com a Shell. Será que uma das marcas desaparece do mapa brasileiro? E o Grupo Ultra que é dono das marcas Texaco e Ipiranga? A matéria do O Globo cita que 17 nomes viraram pó entre as 250 maiores empresas no ano 2000 no Brasil.
Em geral, as empresas abandonam suas marcas de forma gradual. Isso não acontece por acaso, o grande lance é permitir que a empresa tenha tempo suficiente para transferir valores, desenvolver conexões e manter a vínculo emocional com seus clientes. Talvez, o melhor exemplo disso seja o próprio processo do Banco Real, que vem derretendo lentamente, tal qual uma vela que se apaga. Mas juro que ainda não digeri o vermelho sangue do Santander manchando o verde-amarelo dos talentos da maturidade.
Quer saber mais de marcas brasileiras que desapareceram? Vai no blog do Franciney, tem um post divertido. Acesse AQUI.
Para conhecer mais sobre as marcas mais importantes em nosso país, eu sugiro consultar o estudo publicado pela Brand Finance que aponta as 100 marcas mais valiosas do Brasil. Acesse AQUI.
E, se tem interesse de ver um estudo global de marcas, veja AQUI o estudo BrandZ das 100 marcas mais valiosas no mundo.