Acredite se quiser, mas acadêmicos da ABL – Academia Brasileira de Letras – receberão Kindles para experimentação. Essa foi a notícia que li no jornal recentemente. Isso é uma surpresa e tanto pois não estamos falando de qualquer instituição. Entre no site da ABL e veja que ela é uma entidade fundada em 1897, composta por apenas 40 membros efetivos e perpértuos, e que amam livros… de papel.
A ABL já vem dandos passos interessantes na internet. O seu presidente, Marcos Vilaça, 71 anos de idade, tem uma evidente preocupação de inserir a ABL no mundo digital. Ele foi eleito presidente da casa em 15/dez/2005, mas despertou para o assunto mais recentemente. Uma das novidades, lançada dias atrás, foi a versão online do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp). Hoje em dia, algumas das sessões da ABL já podem ser assistidas em vídeo pela internet. Em janeiro, a ABL lançou um site comemorativo do centenário de morte de Joaquim Nabuco. Ou seja, a Academia vem dando os seus primeiros passos na web, ainda que timidamente.
Em dezembro de 2009, o presidente inaugurou o twitter da ABL com a seguinte mensagem: “Se eu tuíto, tu tuítas e eles tuítam, a academia também tuíta”, diz Vilaça. Siga a ABL no Twitter [@abletras].
Mas a grande novidade foi a declaração de Vilaça dizendo que vai distribuir Kindles para os acadêmicos. “Vamos começar com uns cinco acadêmicos. Vou falar para eles: Use e depois me diga o que achou” – disse ele. A ideia é fazer um teste. Ele afirma que deseja levar a obra dos acadêmicos para o Kindle. Também disse que vai comprar mais aparelhos para distribuir para as áreas mais pobres.
Essa atitude da ABL é emblemática. Na área da literatura, em nosso país, é difícil imaginar uma entidade mais conservadora do que a ABL. E mesmo assim a entidade se movimenta e fala em experimentação do Kindle. Será que algum dia vamos ver a cena de uma reunião dos acadêmicos da ABL, todos com seus notebooks e kindles nas mãos, conectados à internet, googlando? Será que eles estarão usando fardão neste dia?
Por fim, só não ficou claro se o próprio presidente da ABL vai usar um Kindle. Deveria, né? Pra dar o exemplo.