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O livro de papel vai desaparecer. Só não vê quem não quer.

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Quem me inspirou a escrever esse ponto de vista foi o post “O saudosismo e a tecnologia?” do O Cappuccino. Foi ele que me alertou para o vídeo da coluna Conecte do Jornal da Globo que fala sobre o livro eletrônico. O vídeo é realmente excelente.

A pergunta é:
Os livros de papel serão substituídos pelo livro eletrônico no futuro?

A minha resposta é:
Depende. Depende de posicionar o futuro na linha do tempo. Se estivermos falando de várias décadas prá frente, a minha resposta é fácil e simples: com certeza os livros de papel celulose desaparecerão e virarão peça de museu, bem como os jornais e revistas de papel.

Não fará mais sentido plantarmos árvores, construirmos grandes fábricas de papel e prejudicarmos o planeta para produção de livros que ficarão nas prateleiras e serão sub-utilizados. Sejamos sinceros, é isso mesmo que acontece. As pessoas tem dezenas e centenas de livros colocados nas estantes, empoeirados, com baixíssimo índice de leitura e compartilhamento de informação. As pessoas vão nas bancas e compram revistas que serão lidas por apenas duas ou três pessoas. Depois vai pro lixo. E o jornal? É um grande lixo que produzimos também todos os dias. Pegamos o jornal e só lemos uma pequena parte dele. O resto vai pro lixo ou é usado na limpeza residencial. Enfim, é um desperdício enooooorme.

É difícil imaginarmos um mundo futuro, mais inteligente e sustentável, derrubando árvores para serem transformadas em papel. Isso será coisa do passado nas próximas décadas. Esse consciência será despertada a galope. Pode crer. Como fala Jean Paul Jacob, o livro é “tinta sobre a árvore morta”.

Mas, então, quando se dará a substituição dos velhos livros de papel por algum outro meio de distribuição da informação e leitura? A resposta para essa pergunta também é simples. Esse processo depende, apenas, de dois fatores básicos:
1- Conveniência
2- Renovação das gerações

CONVENIÊNCIA
O livro em papel será esquecido no momento que tivermos um dispositivo bem barato, muito leve, facilmente manipulável, de preferência flexível (que possa ser mais ou menos dobrado como um livro e revista), que possa cair no chão e não arranhar ou se danificar, que possa ficar ao tempo e até molhar, que possa anotar coisas (como fazemos com os livros impressos), que tenha uma bateria de altíssima duração que faça até a gente esquecer que ela existe, que possa ser transportado nas mãos com facilidade e que não precise de uma bolsa com almofada para protegê-lo dos impactos, que seja extremamente fácil para carregar qualquer conteúdo nele (rápido e fácil, sem fio, sem complicação, ou seja, o serviço de um provedor é condição básica) e que não seja alvo de ladrões. Enfim, parece difícil? Saiba que não. Já existe tecnologia para quase tudo isso. Até a tela flexível já existe. O desafio ainda é o custo e a montagem de um modelo de negócio que todos ganhem na cadeia (o fabricante do equipamento, o provedor do conteúdo e o consumidor). O Kindle da Amazon e o Reader da Sony são bons avanços, mas ainda estão longe da conveniência que citei acima. São dispositivos facilmente vencidos pelo papel.

RENOVAÇÃO DAS GERAÇÕES
Essa é a mais fácil e inevitável pois serão as gerações mais novas que farão a transformação. Os nossos filhos e netos não lêem mais livros, revistas e jornais como nós fazemos ainda hoje. Eles estão acostumados com o computador, com a tela, com a interatividade e com a instantaneidade. Não identificam valor em ter uma estante cheia de livros, CDs ou outras quinquilharias. Está havendo uma mudança: da posse para o acesso. Os jovens se importam mais em poder acessar a informação ou a música em qualquer lugar ou a qualquer momento. Não precisam tê-las. Ou seja, o negócio é ter um dispositivo eletrônico, portátil e fácil de usar, para acessar o que bem entender quanto quiser. Já a geração mais velha é aquela que gosta de possuir as coisas.

Enfim, no frigir dos ovos, tudo dependerá da conveniência. Só isso. Assim que esse dia chegar, os livros só continuarão existindo nas estantes dos colecionadores e entusiastas do papel ou em alguns nichos de mercado, que pagarão uma fortuna para comprar livros e edições limitadas. Serão vistos como exceção e conhecidos como aqueles que matam árvores para um mero benefício individual. Só ainda não imaginei como será a Flip de Paraty nessa época.

A ironia disso tudo é que o mundo vive e continuará vivendo um “boom” de produção de conteúdo interessante e relevante. Mais e mais livros surgirão, de modo explosivo. O ser humano continuará cada vez mais insaciável por conhecimento e aprendizado. E os livros serão parceiros importantes nisso. Mas não no papel…

Esse tal futuro que estamos conversando ainda vai demorar muito. O jornal O GLOBO fez uma enquete na semana passada com a seguinte pergunta: “Você gosta da ideia de passar a ler livros (e jornais) usando o Kindle?”. Veja AQUI.
17% dos leitores não gostam da ideia de ler livros e jornais pelo Kindle, mas outros 25% gostam. A maioria, 58%, escolheu a terceira opção de resposta: não sabem o que é Kindle.
Em resumo, esse futuro ainda está distante. Até porque a experiência de leitura no Kindle ainda está longe do prazer e da conveniência de ter um livro nas mãos.

Quero pedir desculpas a todos que adoram livro impressos em papel como eu, tenho toneladas deles e adoro riscá-los e tê-los para consulta, mas esse cenário futuro é inevitável. Só não vê quem não quer.

Ah, pode existir uma esperança que mudará todo o cenário acima. Basta alguém inventar algo que substitua o papel produzido a partir da celulose, que não precise mais de árvores e que seja facilmente produzido e sustentável. Aí tudo pode mudar.