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Os desafios da Comunicação Interna

Nessa semana eu participei de um evento de Comunicação Interna do IQPC. Aprendi muita coisa. Uma delas é que “cada um com seus probrema”, ou seja, não existem fórmulas mágicas em CI (comunicação interna) e nem práticas que servem para todos os casos. Aliás, a realidade vivida por cada empresa é muito peculiar.

Durante o evento, eu fui tomando nota dos diferentes cenários das empresas que se apresentaram e que formam um mosaico interessante de desafios para qualquer profissional de comunicação. Olhando tal espectro, a gente constata que cada setor e empresa tem situações bem específicas e que merecem planos e ações customizadas.

Enfim, quais seriam as ações de comunicação que você implementaria para cada um dos casos abaixo?

– A Phillips tem 7 fábricas espalhadas pelo território nacional e 2 centros de pesquisa de desenvolvimento e cuidados com a saúde. Só 1/3 da população da Phillips Brasil têm acesso a email. Existe uma grande massa de empregados que trabalham no chão de fábrica. Foram anunciados 80 lançamentos de novos produtos no período de Ago a Out/08, que deveriam ser comunicados primeiramente para todos os empregados, via comunicação interna, antes de sair na imprensa. É quase um novo lançamento por dia. Como trabalhar CI nesse cenário?

– A OI passou por uma transformação cultural enorme quando se juntou com a Telemar anos atrás. O estilo despojado e jovem da OI tomou conta da identidade da nova companhia, desbancando o jeito sisudo e burocrático da Telemar. Quando a coisa parecia que ia se estabilizar, aparece um novo desafio que é muito maior que o primeiro: a compra da Brasil Telecom pela OI. Dois ambientes e culturas bem distintas que vão se fundir. Ou melhor, duas fortes inimigas que terão que aprender a trabalhar juntas para se transformarem numa só. O novo gigante terá mais de 80 mil funcionários e receita líquida acima de 28 bilhões (dados de 2007). Como trabalhar CI nesse cenário?

– Na Embraer existem 5 mil engenheiros, cujo perfil exige uma comunicação pragmática (pouco lero-lero), detalhada (todo engenheiro é detalhista… eu sou um deles… rsrsrs) e formal. Vale lembrar que a empresa é de alta tecnologia e muito complexa. Por outro lado, o total de empregados no mundo alcança 24 mil pessoas, que tem perfil diferente dos engenheiros. Como trabalhar CI nesse cenário?

– A Accenture tem mais de 8 mil funcionários no Brasil, sendo que 95% deles têm menos de 30 anos de idade. É a Geração Y em peso e dominando a empresa. Existe um choque de gerações. Como trabalhar CI nesse cenário?

– O Albert Eistein tem 52 anos de existência, 7 unidades na Grande São Paulo, com quase 6 mil funcionários, sendo 2/3 mulheres. A comunicação interna merece um cuidado muito especial. Tipicamente, um ambiente de hospital é compartilhado por funcionários, pacientes e visitantes (na maioria familiares dos pacientes). Portanto, muitas vezes, ações de comunicação interna acabam sendo compartilhadas por esses públicos diversos. Eis um exemplo simples: um funcionário, ao dar um bom dia sorrindo para um visitante que está entrando no hospital, corre o risco de receber a seguinte resposta: “Bom dia só se for para você. O meu parente está internado aqui no hospital, está muito mal. Este é o pior dia da minha vida”. Como trabalhar CI nesse cenário?

– A IBM Brasil vem contratando 10 novos funcionários por dia, em média, regularmente, nos últimos anos. A cada 20 novos funcionários, um gerente novo é nomeado. Em quase 3 anos a empresa dobrou de tamanho. A IBM Brasil, hoje, tem mais de 15 mil funcionários, sendo que milhares deles trabalham em exportação de serviços de tecnologia da informação, com fluência em outras línguas além do português (espanhol, inglês e/ou francês), provendo serviços para clientes em diversas partes do mundo e com gerentes imediatos fora do Brasil. Esse pessoal tem calendário de feriados e horário de trabalho compatíveis com o cliente que atende em algum lugar do mundo. Ou seja, um ambiente global, multicultural e que funciona 24 horas por dia. Como trabalhar CI nesse cenário?

– A Votorantim tem 8 unidades de negócio bem diversos (cimentos, metais, celulose e papel, energia, agroindústria, química, banco e capital de risco e diversificação), com presença em 15 países e mais de 60 mil funcionários. A empresa tem o objetivo de duplicar de tamanho nos próximos 5 anos. Uma meta arrojada diante da nova conjuntura econômica global. Como trabalhar CI nesse cenário?
(curiosidade: até 2001 eles não tinham um site unificado de internet e tinham 87 veículos de comunicação interna, todos independentes. Hoje a realidade já é bem diferente)

– O Wal-Mart no Brasil tem mais de 70 mil associados (é assim que eles chamam os funcionários), distribuídos em 330 lojas, em 110 cidades brasileiras e em 4 regiões: Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Mais de 60% dos funcionários têm menos de 30 anos e com uma grande diversidade cultural em função da dispersão geográfica por todo país. Eles trabalham com 9 bandeiras: Wal-Mart, Sams Club, Bompreço, Big, Hiper, Mercadorama, Nacional, Maxxi e Todo Dia. Como trabalhar CI nesse cenário?
(curiosidade: o Wal-Mart tem 2 milhões de funcionários no mundo – é o maior empregador privado do planeta)

– A SKY se fundiu no ano passado com a DirectTV. O processo de fusão foi complexo pois as duas empresas tinham culturas bem diferentes. O serviço de atendimento aos clientes, por telefone, é o coração da operação da SKY e esse serviço é provido pela Teleperformance. São 2.200 atendentes no total, sendo: 1.300 atendentes no atendimento de frente, 180 atendentes especializados em negociação e outros 330 em retenção. E mais 400 em outras funções, incluindo supervisão e gerência. O perfil é de jovens em início de carreira. A maioria deles é o primeiro emprego. Como trabalhar CI nesse cenário?

Então? Se pudesse escolher, qual desafio que você gostaria de encarar? Não tem nenhum fácil, né? Enfim… cada um com seus “probrema”.