Analisar a JMJ (Jornada Mundial da Juventude) e o Papa sob a ótica de marketing é interessante. Sei que é um tema sensível, muitas pessoas não gostam de comentar porque estamos falando de religião, mas a JMJ é também um evento de marketing e algumas coisas me chamaram a atenção.
A Dream Factory Entretenimento, empresa brasileira de planejamento de marketing e eventos, foi convidada pelo Instituto Jornada Mundial da Juventude para atuar em três atividades: planejamento de marketing, planejamento e produção do evento, inclusive captação de patrocínio. Em relação a este último ponto, a JMJ acumulou um total de R$ 10 milhões em patrocínio. Bradesco, Itaú, Santander, Ferrero, Estácio, Nestlé, McDonald`s, TAM Viagens e a operadora de turismo Havas são os patrocinadores do evento que trouxe o Papa pela primeira vez ao país (fonte M&M). Pouco se fala nisso, mas foram estas empresas que viabilizaram o evento, sem elas a JMJ no Brasil seria impossível. Em comunicado, a organização da Jornada informou: “Os patrocinadores aparecem de diferentes maneiras com investimentos em dinheiro, prestação de serviços e uso de seus produtos no evento“, acrescentando que as fontes de financiamento vão desde patrocínios privados a doações de pessoas físicas.
Não tenho dúvidas de que a JMJ ajuda a alavancar a imagem da Igreja, mas não há nada igual ao Papa Francisco. O carisma e a simpatia do novo Pontífice conquistaram o povo. Em seu primeiro discurso no Brasil ele falou que “Cristo bota fé nos jovens”. O Papa circulou pelas ruas num carro simples de janela aberta, mesmo com chuva, sem pompa, sempre sorrindo, acenando, tomando chimarrão oferecido pelos fiéis, beijando crianças e até descendo do carro de surpresa. Falou em “colocar mais água no feijão” e que gostaria de entrar em cada casa para tomar um cafezinho. O Papa fala claramente na modernização da Igreja, porém sem perder dogmas nem valores. Numa análise fria, poderíamos dizer que o papa é bom de marketing e que várias dessas ações são planejadas, mas eu não acredito nisso. O fato é que estamos diante de um grande líder carismático, genuíno, conciliador, com fortes habilidades para liderar e que gosta de pessoas. O seu passado e história confirmam isso. O Papa Francisco é como a gente, e ele faz questão de demonstrar isso a todo momento. Sem saber, ou sabendo, estamos diante de um Papa popstar, que no atual contexto parece ser o melhor caminho para Igreja se rejuvenescer e fazer os jovens se aproximarem mais da religião. Uma prova disso é que o Papa já surge como campeão de vendas de santinhos. Segundo resultados de estudo conduzido pelo professor Mário René, da ESPM (e publicado na M&M), a religião movimentou cerca de R$ 12 bilhões em 2012 no Brasil (inclui negócios ligados à música, turismo, casamentos, funerais e livros). Em 2013 certamente este número deverá ser bem maior.
A internet parece ser uma excepcional aliada para ajudar nessa revitalização da Igreja. A bem da verdade, antes de abdicar a posição, o Papa Emérito Bento XVI já havia entrado nas redes sociais, tendo até uma página oficial no Twitter. Foi ele que colocou a figura do papa na web, mas parece que o Papa Francisco fez a presença do papa na internet ganhar outras dimensões. Segundo o estudo Twiplomacy, o Papa Francisco já é o líder global mais influente (@Pontifex). Ele tem mais de sete milhões de seguidores (somadas suas contas em diferentes idiomas) e, em média, seus tweets são replicados 11 mil vezes. Suas mensagens são legais e conseguem alcançar o povo, como a mensagem que ele postou na véspera da JMJ para aqueles que não estavam podendo ir para o evento. Veja aqui.
Enfim, definitivamente, o Papa é Pop!