Não é comum encontrarmos pesquisas no Brasil sobre o uso das mídias sociais pelas empresas. Portanto vamos saudar a pesquisa realizada pela Gentis Panel que traz um belo “snapshot” do que os brasileiros pensam a respeito do uso des tais mídias no ambiente de trabalho.
A Gentis Panel entrevistou 1.709 pessoas, de presidentes a estagiários em empresas. Eis os principais resultados:
77% dos entrevistados usam Facebook (dentro e/ou fora do trabalho)
50% dos respondentes têm o LinkedIn como a segunda rede mais acessada. Vale lembrar que as entrevistas foram feitas com um público corporativo
55% dos entrevistados são A FAVOR do uso de redes sociais em ambiente corporativo
80% dos que são A FAVOR, acessam as redes sociais mais de 3 vezes por dia. 46% dos que são CONTRA não utilizam nenhuma das redes sociais. Identificamos aqui uma tendência: quanto maior o uso de redes sociais, mais a favor ao uso dentro do ambiente de trabalho o indivíduo é. Da mesma forma, quanto menor a frequência de uso, mais contra ele é.
Motivos dos indivíduos serem A FAVOR do uso de redes sociais em ambientes corporativos: 80% – Colabora com networking entre profissionais e com a geração de novos negócios para a empresa 60% – Facilita a comunicação e a socialização entre funcionários 44% – Permite estar por dentro do que é falado sobre a empresa na web 43% – Ajuda a aliviar o stress do dia a dia por manter as pessoas conectadas com amigos e familiares
Motivos dos indivíduos serem CONTRA o uso de redes sociais em ambientes corporativos: 95% – As pessoas não conseguem separar o uso pessoal do uso corporativo. Perde-se muito tempo de trabalho com assuntos pessoais 31% – Facilita o vazamento de informações confidenciais para pessoas indevidas 31% – Aumenta o risco de exposição indevida da marca através de pronunciamentos indevidos de funcionários que não estão autorizados a falar em nome da empresa 31% – Fonte de informação desnecessária e irrelevante para o trabalho 26% – Fazem uma exposição pessoal das pessoas inadequada ao ambiente de trabalho 12% – Afasta as pessoas de um contato pessoal real mais produtivo e social (olho no olho)
63% das empresas têm algum tipo de regulamento quanto ao uso de redes sociais no ambiente de trabalho. Dentre os 63%, mais da metade alega que o regulamento oficial proíbe totalmente o uso. Pouco menos de 1/3 afirma também existir regulamento oficial, mas que proíbe o uso apenas para alguns funcionários da empresa.
A pesquisa constatou que as pessoas continuam usando as mídias sociais mesmo considerando a proibição das empresas em tal uso. O uso ocorre principalmente pelo celular. Usando apenas este perfil da empresa, o percentual de pessoas que usam cai de 66% para 47%, enquanto que o percentual que não usa sobre de 34% para 53%.
20% dos respondentes demonstraram ter certeza ou acreditar que já houve promoções, contratações ou demissões em função de avaliações de perfil nas redes sociais.
O objetivo mais citado pelos entrevistados na utilização das redes sociais nos ambientes corporativos foi: “descobrir informações sobre o mercado, concorrência e sobre os cenários que cercam minha empresa na web”.
A pesquisa não traz muitas novidades, mas seu grande valor é trazer números e confirmar alguns conceitos que eram mais intuição do que dados tangíveis. Tenho escrito aqui no blog que basta pesquisar na web ou conversar com líderes de empresas para descobrir facilmente as três principais barreiras que inibem uma maior adoção das mídias sociais pelas empresas. São elas: REPUTAÇÃO DA EMPRESA, SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO e PRODUTIVIDADE. Já escrevi muito sobre isso nesse blog. De todos os dilemas, o de mais difícil superação é PRODUTIVIDADE. Existe a clara percepção de que mídias sociais causam distração e a pesquisa confirmou isso.
Falar sobre a mistura do uso pessoal com o uso corporativo é muito questionável. Já fazemos isso com o telefone, internet, emails e outros recursos que as empresas oferecem. Cada vez mais as fronteiras são tênues. A adoção total das redes sociais pelas empresas é uma mera questão de tempo.