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Quando a imagem fala mais que a palavra

Imagine que você trabalha numa grande empresa e foi convidado para participar de um evento interno, uma reunião onde o presidente vai se reunir com 200 a 300 pessoas, entre gerentes e funcionários, para falar sobre a situação da empresa, os desafios e os próximos passos. Ou seja, uma típica reunião interna de informação e motivação da tropa de trabalho. Obviamente que os diretores foram convidados e alguns deles vão até falar também. O auditório é aberto e as pessoas vão chegando e sentando. Agora imagine duas situações diferentes:

Situação 1:
Os diretores chegam em cima da hora, separadamente, cada um na sua, com poucos sorrisos e raros cumprimentos para alguns da platéia. O ambiente no auditório é silencioso. O presidente vem sozinho, também chega em cima da hora e vai direto para o palco onde começa a reunião. O grupo executivo passa uma imagem de isolamento, preocupação e muito formalismo.

Situação 2:
Os diretores chegam em grupos, conversando mutuamente, sorrindo e mostrando amizade. Eles chegam 15 minutos antes do evento começar. O presidente também chega cedo, mostrando simpatia, ao entrar no auditório vai andando no meio das pessoas, parando no meio do caminho, falando com um ou com outro funcionário, demonstrando intimidade e informalidade. O ambiente no auditório é barulhento, todos falando com todos. Minutos depois estão os diretores e o presidente conversando animadamente perto do palco, evidenciando camaradagem e cumplicidade entre eles.

Agora eu tenho uma pergunta para você: Em qual empresa você gostaria de trabalhar?

A minha resposta para você é: Eu também!

As evidências de como o time executivo de uma empresa se comporta e se relaciona, incluindo o presidente, formam uma poderosa mensagem para a população interna, as vezes muito mais forte e eficaz do que as palavras ditas ao microfone. Essa comunicação não verbal traduz o estado de espírito da empresa e acaba permeando o comportamento de todos os níveis de hierarquia. O clima e o estilo de relacionamento dos executivos impactam diretamente a forma como os funcionários se relacionam. O caso dado acima é um pequeno exemplo para ilustrar meu ponto, já que o ritual de chegada das pessoas e executivos em eventos internos denuncia a personalidade e o clima interno da empresa.

Eu decidi escrever sobre isso pois muitas vezes montamos um evento ou speech maravilhoso, mas que é completamente desconectado da realidade. Fomentar e evidenciar os relacionamentos positivos existentes entre os executivos é muito saudável, especialmente porque as empresas cada vez mais se segmentam, criando unidades e departamentos que muitas vezes não se falam ou até tem objetivos não tão alinhados. Acho que os gestores de comunicação e recursos humanos deveriam se preocupar muito em evidenciar os bons relacionamentos entre os executivos das empresas.

A inspiração para tocar nesse tema veio de dois momentos recentes que ganharam as capas de todos os jornais.

O primeiro momento foi da Michelle Obama, primeira dama dos EUA, que quebrou o protocolo e deu um “aperto” na Rainha Elizabeth II. Segundo a tradição e protocolo, a rainha britânica nunca pode ser tocada, no máximo ela pode receber um singelo aperto de mão. A Dona Michelle Obama escancarou e colocou seu braço nos ombros da rainha… e a Dona Rainha Elizabeth II retribuiu pegando na cintura da Dona Obama. Veja abaixo.

O segundo momento foi de Barack Obama com o Lula. Ele disse que o Lula “é o cara” e que o presidente brasileiro é o “político mais popular do mundo”, demonstrando uma intimidade e cumplicidade com o Lula que nenhum chefe de estado havia demonstrado até então. Veja aqui.

Esses dois exemplos transmitem para nós, pobres mortais, momentos de intimidade das lideranças globais, que dizem muito mais do que “speeches” e apertos de mãos. Tais demonstrações de afeição e proximidade geram na gente a sensação de que o mundo pode ser melhor, que os líderes das nações estão se entendendo e conversando, que estão buscando o diálogo e cultivando a camaradagem, respeitando com tolerância e compreensão as individualidades e as culturas distintas… mesmo que “toda essa a crise tenha sido causada pelos brancos de olhos azuis“…

Essas imagens, muitas vezes, dizem mais que mil palavras.