Uma matéria publicada dias atrás na CIO online gerou um certo “disse-me-disse” no mundo de TI (Tecnologia da Informação). A matéria fazia referência a uma pesquisa que aponta que só 10% das empresas envolvem a área de TI nos projetos de redes sociais. O estudo indica que só uma em cada sete empresas (14%) ouvidas tem alguma política para desenvolvimento das ferramentas ligadas às redes sociais. E apenas 10% criaram algum guia ou diretriz a respeito do uso dessas soluções dentro das empresas. Acesse a matéria AQUI.
O levantamento é mais amplo e apresenta informações interessantes, mas a matéria da CIO online preferiu se concentrar neste ponto polêmico a respeito da participação de TI nos projetos de redes sociais. Se desejar ter um resumo do estudo, acesse AQUI para ir no press-release da Cisco, que patrocinou a pesquisa.
É verdade que a maioria das áreas de TI das empresas sentem receio de abraçar as novas tecnologias e as inovações. Existe uma tendência de esperar que elas amadureçam antes de entrar de cabeça. Foi isso que aconteceu quando surgiu a microinformática, o movimento cliente-servidor e a internet. Atualmente o mesmo fenômeno vem ocorrendo com o cloud computing e as rede sociais. No caso das redes sociais existem dois paradigmas a serem quebrados. O primeiro é que as redes sociais não passam de entretenimento e que seu uso afeta a produtividade dos funcionários. O segundo é a velha questão da segurança da informação. Além disso, a TI acha que as redes sociais não têm relacionamento com o seu “core business” que é fornecer infraestrutura para os sistemas corporativos, manter as aplicações de negócio, suportar o business da empresa, etc.
Portanto, não me surpreende saber que apenas uma empresa em cada dez envolve a área de TI em projetos para utilização de redes sociais. Se consultarmos as áreas de marketing e vendas das empresas, será fácil constatar que as suas respectivas áreas de TI são avaliadas como lentas, poucos flexíveis e não aderentes às novas tecnologias. É por isso que a maioria das iniciativas de marketing e comunicação é conduzida sem envolver a TI, com budget próprio. Por outro lado, nunca a área de TI foi tão demandada pelas empresas. A introdução de novas tecnologias, a informatização intensa de tudo que imaginamos, a necessidade de conectar os sistemas legados com os mais novos e as constantes mudanças na esfera da economia e dos negócios (que exigem atualizações e ajustes frequentes nos “velhos” sistemas) colocam a TI numa posição de pressão contínua.
Acredito que a pesquisa daria o mesmo resultado se fosse feita exclusivamente no Brasil.
Para ter idéia da situação, ainda existem empresas onde o acesso à internet é totalmente bloqueado, onde os funcionários somente têm acesso a determinados sites. Pesquisas nos EUA mostram que aproximadamente 50% das empresas bloqueiam o acesso de seus funcionários a redes sociais, e a maioria das que permitem o fazem de maneira limitada.
Eu não tenho dúvidas de que TI nas empresas têm que começar a explorar o mundo das redes sociais. A integração das redes sociais com os sistemas corporativos das empresas é uma mera questão de tempo. Já existem exemplos que mostram essa tendência. Essa integração vai forçar a quebra das barreiras que existem entre estes dois mundos. Além disso, a entrada da geração Y como força de trabalho vem colocando intensa pressão nesse ambiente ainda muito restritivo e controlado.
No entanto, eu acredito que a maior barreira na adoção das redes sociais pelas empresas não são os CIOS, mas sim os executivos em geral. Eu escrevi um post sobre isso citando uma pesquisa que mostra “o que os executivos pensam a respeito das mídias sociais nas Empresas“. Neste post, eu faço referência a um white paper chamado “Social Media: Embracing the Opportunities, Averting the Risks” publicado nos EUA em meados de 2009. O reporte foi produzido pela Russel Herder e pelo Ethos Business Law, a partir de 438 entrevistas online realizadas em julho de 2009 com executivos de empresas dos EUA. Os dados mais surpreendentes aparecem logo no sumário executivo do documento. É dito que 8 em 10 executivos estão preocupados com os riscos de segurança e de danos à reputação da empresa que a mídia social pode causar. Existe também uma preocupação enorme com a questão da perda da produtividade. Apenas 1/3 dos entrevistados dizem ter implementado políticas de mídia social. O documento também diz que 40% das companhias pesquisadas bloqueiam o acesso de seus funcionários às redes sociais.
Para ter uma visão complementar muito interessante, eu recomendo a leitura da entrevista da Viviane Mansi no Nós da Comunicação. Ela fala sobre a integração entre TI, RH e Comunicação e como as redes sociais aparecem no meio de tudo isso. Muita boa esta entrevista.
Enfim, não me parece razoável assumir que a demora na introdução das redes sociais nas empresas é culpa da área de TI. O desafio é de todos.