Em 2007, nós vivemos um fato muito interessante na empresa. Um rapaz, chamado Washington, mudou o seu número de celular e resolveu enviar um e-mail informando o novo número para os amigos. Nada mais natural, pois todos nós fazemos isso.
O grande problema, e até hoje não entendi muito bem o motivo, é que em vez dele usar uma lista dos seus amigos, ele pegou uma lista de distribuição com todos os nomes da empresa e deu um “send all”. Prá que se dar o trabalho de montar uma lista de amigos? É mais prático mandar para todos os funcionários da empresa. E mandou brasa.
Ele usou uma lista de distribuição com mais de 10 mil nomes e ids. Até hoje nós não sabemos como ele conseguiu essa lista, que deveria ser protegida e ter acesso proibido, mas isso é outra história.
O fato é que Washington enviou o tal “e-mail informativo” para os tais 10 mil nomes.
Em questões de segundos, vários deles começaram a responder dando “reply all” dizendo algo do tipo: “Não te conheço Washington”, “Parabéns Washington”, “Não faça mais isso Washington”, “Quem é você Washington”, “Você é maluco, Washington?”, “Foi bom conhecê-lo, Washington”, etc.
Foram centenas de e-mails sendo enviados. Eu recebi vários deles. Eram todos respondendo para todos. Aquele primeiro e-mail singelo deu origem à uma corrente sem controle, algo viral e intenso, num curto espaço de tempo. A rede da empresa rapidamente apresentou problemas de performance, chegou a travar várias vezes. Tudo aquilo porque o Washington resolver comunicar a mudança de celular de uma maneira mais “abrangente”.
E para tornar a história mais pitoresca. Em pouco mais de 1 hora surgiu uma comunidade no Orkut chamada: “EU TENHO O CEL DO WASHINGTON!!”, com vários participantes.
O email do Washington foi enviado às 14:37hs do dia 16/03/07. A comunidade no Orkut foi criada às 15:57hs do mesmo dia e ainda está lá, disponível para ser visitada. Eis o link: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=29237591
Essa história, apesar de divertida, causou transtorno e muita discussão na companhia. O caso tem várias facetas e dá para tirarmos muitos aprendizados. Uma das evidências é que o “povo” quer mesmo é se relacionar. Bastou surgir uma oportunidade instantânea, informal, engraçada, para que os funcionários começassem a reagir e criar uma corrente. Ou melhor, uma rede de mensagens relacionadas ao fato do rapaz ter mudado o celular.
Enfim, o caminho da comunicação interna nas grandes empresas necessariamente passa pelas redes de relacionamento e fóruns de troca de experiências e mensagens. As empresas têm que criar e viabilizar essas redes sociais internas. É uma oportunidade de ouro para conhecer mais as ansiedades, os desafios e as aspirações dos funcionários. Essa é a empresa do futuro, que fala, se relaciona e libera os potenciais e sonhos dos funcionários. Ainda temos muito que caminhar em comunicação interna, desenvolvimento e clima dentro do mundo corporativo.