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Você é feliz no trabalho?

Você é feliz no trabalho? Quantas vezes você já ouviu esta pergunta? É duro respondê-la, né? Quase sempre a resposta é longa e pouca assertiva. As pessoas dão a maior volta para responder.

Mas eu tenho outra pergunta: Quem disse que a gente ter que ser feliz no trabalho?


O jornal O Globo, na edição de 15 de Novembro, no caderno Boa Chance, publicou uma excelente entrevista com Alain de Botton, autor de um livro recentemente publicado chamado “Os prazeres e desprazeres do trabalho“. Gostei muito do conteúdo da entrevista pois trouxe “insights” bacanas sobre um tema que sempre é polêmico: a tal felicidade no trabalho.

Eu não tenho opinião sobre essa discussão, mas selecionei algumas partes interessantes da entrevista que deixa a gente encucado. Enfim, se tiver interesse, leia, pois vale a pena. Só não sei se você vai chegar a alguma conclusão. Cito apenas uma frase que vivo repetindo baixinho pra mim, pois as vezes eu esqueço: “Eu não vivo para trabalhar. Eu trabalho para viver”.

Eis alguns fragmentos da entrevista de Alain de Botton para O Globo:

“Temos grandes expectativas de que precisamos ser felizes trabalhando e que o trabalho deve estar no centro de nossas vidas e aspirações. A primeira pergunta que fazemos para novos conhecidos não é de onde eles vêm, mas sim o que eles fazem – como se isso fosse revelar a essência de sua identidade”.

“… por milhares de anos o trabalho foi visto como uma espécie de mal necessário e nada mais. Aristóteles, por exemplo, já dizia que ninguém poderia ser livre, diante da obrigação de garantir seu próprio sustento. Ter um emprego era como ser escravo”.

“Na era pré-moderna, argumentava-se que ninguém poderia estar apaixonado e casado: casar, era algo feito por razões comerciais, para garantir os negócios da família ou a continuidade de uma dinastia. Amizade entre o casal já era bom. Amor era para se ter com o amante, em paralelo – prazer separado das responsabilidades de criar filhos”.


“Mas os novos filósofos do amor disseram que deveríamos casar com quem amássemos em vez de só ter um caso. À ideia incomum surgiu a noção peculiar de que alguém poderia trabalhar tanto por dinheiro quanto para realizar sonhos, algo que substituiu o pensamento de que o trabalho servia apenas para pagar as contas e que as ambições só deveriam ser alimentadas no tempo livre. Somos herdeiros da crença de que podemos ter um emprego e nos divertir nele”.

“A grande promessa do mundo moderno era que trabalharíamos menos no futuro. O oposto parece ter acontecido. A vida parece tão competitiva agora que nos tempos de grande pobreza. Eis o paradoxo da modernidade: para onde foi a liberdade, o dinheiro e o tempo de olhar para o céu? Por que é tão difícil ter o tempo livre que nos foi prometido?”

“É vital notar que muito da satisfação depende de expectativas pessoais. Estamos falando de duas filosofias: a primeira é a da classe trabalhadora, que vê o emprego como algo primariamente financeiro. Você trabalha para se alimentar e sustentar seus entes queridos. Você não vive para o trabalho, sobrevive à espera do tempo livre e seus colegas não são necessariamente seus amigos. A outra visão é a da classe média, que vê o trabalho como algo essencial para uma vida realizada. Na recessão, a visão da classe trabalhadora ganha nova força. Mais gente vai dizer: não é perfeito, mas é um emprego”.

“Mas o que mais jogamos fora é o talento humano. Não sabemos tirá-lo da mina. Muitos de nós caem de paraquedas em empregos que não necessariamente requerem nossa preciosa habilidade. É importante debater, por exemplo, como mudanças no sistema educacional podem ajudar a combater isso”.


“Umas das grandes satisfações do trabalho é a sensação de que estamos fazendo a diferença. A industrialização tornou essa sensação menos acessível para alguns. Fabricar biscoitos, por exemplo, passei um bom tempo na maior fábrica britânica, que emprega 15 mil pessoas em 12 unidades. Antigamente, o confeiteiro fazia tudo na cozinha e possivelmente conhecia todos os clientes. Muito diferente de agora. Alguém que trabalha na contabilidade, por exemplo, está bem longe de experimentar o sentido de sua atividade”.

Enfim, você é feliz no trabalho? A gente tem que ser feliz no trabalho? Você trabalha com pessoas felizes? Você vive para o trabalho ou trabalha para viver?

Infelizmente o jornal O Globo não disponibilizou essa entrevista na rede.

Por fim, se está interessado no tema, sugiro acessar AQUI uma matéria interessante publicada na Época Negócios de 10/07/2009, chamada “Dá para ser feliz no trabalho?”

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