O texto abaixo é o original enviado para publicação na revista Itaú Unibanco edição 36, de julho de 2012. Por motivos de espaço o texto foi editado e reduzido na publicação impressa, mas aqui ele vai inteirinho.
Você já experimentou digitar o seu nome na barra do Google? O que aparece? As empresas fazem isso também. A discussão a respeito da implementação e do uso de mídias sociais nas estratégias de marketing e comunicação das empresas se tornou prioridade. Todas discutem como as mídias sociais podem ser suas aliadas para os negócios, melhorar o relacionamento com os clientes e o engajamento dos funcionários. Essa discussão é importante, oportuna e quase sempre carrega riscos inerentes a qualquer rede social, como reputação da marca, vazamento de informações e produtividade. Por outro lado, eu raramente vejo a discussão ocorrendo pelo lado do indivíduo. Estou falando de você, indivíduo multifacetado, que é ao mesmo tempo funcionário, cliente, consumidor e cidadão. Não é comum vermos provocações nas pessoas para que elas reflitam no que procuram e realmente desejam com suas presenças nas mídias sociais.
Como fazer das mídias sociais aliadas da sua vida profissional? Cada um de nós deveria estabelecer uma estratégia pessoal para a internet. Sempre brinco dizendo que um dia os currículos desaparecerão e serão substituídos pelos seus registros e rastros na web. Você será conhecido e reconhecido pelo que publica e expõe nas redes sociais, nada mais. Isso parece utópico? Talvez, mas não estamos distantes disso. Facebook, YouTube, Twitter, Google +, Orkut, blogs e muitas outras mídias sociais formam um arcabouço riquíssimo que registra tudo que você escreve, opina, publica, fotografa e filma. Que conhecer melhor uma pessoa? Combine os registros que ela deixa nas redes sociais e terá um belo retrato de como ela pensa, no que acredita, o que valoriza e de suas capacidades. No que você acreditaria mais? No currículo feito pela própria pessoa ou no conjunto de insights providos pelo que a pessoa expõe e publica espontaneamente? Portanto, pense muito bem no que faz nas redes sociais. Você é o que você publica.
A internet vem provocando radicais mudanças na forma como vivemos, nos relacionamos, trabalhamos, compramos, consumimos e tomamos decisões. E a chegada das mídias sociais acelerou tais transformações. Falamos num novo conceito de escala, aumentamos o numero de interações e de amigos em nossa cadeia de relacionamentos. A velocidade também mudou, é tudo ao mesmo tempo e agora, na velocidade da luz. Podemos conversar com amigos e interagir em qualquer lugar e a qualquer hora por meio de nossos dispositivos moveis, sejam eles smartphones, tablets, notebooks ou qualquer outra geringonça conectada à internet. Tudo isso é muito positivo, pois estamos falando de inclusão, engajamento e consciência. Não existem dúvidas de que a sociedade está muito mais antenada e consciente do que ocorre em suas vidas e de suas decisões.
A tecnologia abriu caminho e criou novas possibilidades, no centro de tudo está um novo ser humano, mais poderoso, autônomo e influente. Por outro lado, no mundo das redes sociais, cada um de nós está num telhado de vidro. Estamos mais expostos, disponíveis e acessíveis. Estar nas redes sociais, quase sempre, é abrir o seu livro da vida e colocá-lo em cima da mesa, numa biblioteca pública, onde qualquer um pode ler, folhear, copiar e distribuir por aí. Ao mesmo tempo em que as redes sociais trazem benefícios, elas também trazem riscos que são facilmente controláveis, mas eles existem e não devem ser negligenciados.
Interagir de forma instantânea faz com que tenhamos menos tempo para pensar, costumamos agir mais emocionalmente do que racionalmente, às vezes comentamos ou replicamos coisas que nos arrependemos mais tarde, e aí surge uma das mazelas da internet: tudo que você publica estará lá para sempre. Raramente algo pode ser apagado. Portanto comentários e publicações na web são como cicatrizes.
As mídias sociais mudaram o conceito de privacidade. E não é possível falar no assunto sem falar na geração Y. Tal geração é a mais formidável da história da sociedade. São jovens com a cabeça aberta, mais informados com o que acontece no mundo, mais flexíveis e curiosos, parecem se divertir sempre e estão muito mais preocupados com o meio ambiente e a sustentabilidade. É uma geração mais investigativa, que não aceita as coisas porque “são assim”. É uma geração que cultua a colaboração e o relacionamento, que valoriza a velocidade, pois o mundo está aí “para ser curtido”. São capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Adoram tecnologia porque ela aproxima pessoas e quebra barreiras. Enfim, os jovens estão balançando valores antigos da sociedade, como a questão da privacidade.
O conceito de privacidade dos jovens é completamente diferente das gerações anteriores. Eles revelam informações pessoais no intuito de se manterem conectados com o mundo nos mais variados aspectos, sejam eles sociais, econômicos ou profissionais. Mesmo quando adultos e com mais responsabilidades, a geração Y segue compartilhando informações privadas com frequência. Ter consciência dos riscos desse obstinado comportamento é muito importante.
Para todos os efeitos, num mundo onde todos escrevem sobre todos, todos os funcionários são porta-vozes da empresa. E isso realmente acontece, independentemente se o funcionário fala ao telefone, escreve um email, conversa no churrasco do final de semana ou comenta numa rede social. Em todos esses momentos, ao fazer qualquer comentário sobre a empresa, a pessoa está sendo um porta-voz. Portanto, representar bem a empresa em todos esses momentos deve fazer parte do comportamento do indivíduo. No mundo hiper conectado em que vivemos não existem mais limites entre o pessoal e o profissional, está tudo misturado. Portanto, ser transparente com consciência e seriedade é importante. Não esqueça: você é o que fala e publica.
Dicas de uso das Mídias Sociais:
– Seja autêntico. Alguns blogueiros participam anonimamente, usando pseudônimos. As empresas desencorajam tal comportamento em blogs, wikis e outras formas de participação online, quando relacionado a assuntos corporativos. Portanto, use o seu nome verdadeiro. Escreva na primeira pessoa. Informe que trabalha para determinada empresa, mas não esqueça de deixar claro que está escrevendo por você mesmo e não pela empresa.
– Nas redes sociais, a diferença entre o que é público e privado, pessoal e profissional, é muito tênue. O simples fato de você se identificar como funcionário de determinada empresa gera percepções sobre seus conhecimentos e sobre a empresa para seus acionistas, clientes e público em geral, e percepções sobre você por parte de seus colegas e gerentes. Portanto, se preocupe em gerar orgulho e valor para sua empresa. Certifique-se de que todo o conteúdo associado a você seja consistente com seu trabalho e com os valores e padrões profissionais da empresa onde trabalha.
– Escreva sobre o que você realmente conhece. Fale sobre temas de suas áreas de conhecimento. Se estiver escrevendo sobre um tópico no qual a sua empresa esteja envolvida, mas não for um especialista no assunto, é importante deixar isso claro para os leitores.
– O que você escreve é de sua total responsabilidade. Portanto use o bom senso. Seja criterioso. Não conte segredos e entenda a política de confidencialidade de sua empresa. Saiba balancear a transparência com critério.
– Se você cometer um erro admita-o. Seja rápido na correção. Não entre em discussões por conta disso. Ao postar num blog, você pode modificar um post anterior, desde que deixe claro que você fez isso.
– Se pensar em publicar algo que o deixe minimamente inseguro, pondere muito antes de pressionar “enviar”.
Mais do que ter consciência no uso das mídias sociais, o importante é você ter uma estratégia individual na sua presença na internet. Existem 4 dimensões de comportamento no uso de tais mídias:
– ESTAR PRESENTE: Para estar presente, basta ter uma conta em uma ou mais redes sociais e observar.
– EXPERIMENTAR: Ser curioso, estabelecer conexões e entender a dinâmica das redes, ou seja, ter participação ativa em uma grande rede social, por exemplo: Facebook, LinkedIn e Google+.
– SER RELEVANTE: Compartilhar suas ideias e propagar conhecimento. Plataformas sociais como Twitter e blogs são ótimos para isso.
– SER EMINENTE: Produzir conteúdo exclusivo, aprofundar e compartilhamento conhecimento através de conexões fortes e duradouras. Isso pode ser feito através de qualquer rede social.