Um amigo me chamou a atenção para a notícia recentemente publicada no New York Times: “Yahoo Orders Home Workers Back to the Office“. Traduzindo para o bom português: O Yahoo aboliu o home-office e mandou todos os funcionários de volta aos escritórios da empresa. A razão? Um memorando da empresa afirma que a interação face-to-face entre os funcionários ajuda a criar uma cultura mais colaborativa. No dia seguinte a notícia repercutiu nos noticiários aqui no Brasil.
A executiva da empresa disse que os funcionários tem que ir ao escritório para “sentir a energia e a emoção” do trabalho em equipe. Ela também disse: “A velocidade e a qualidade tende com frequência a ser sacrificada quando se trabalha de casa. Necessitamos ser um Yahoo! unido, e isso começa por estar fisicamente juntos”. Já um outro executivo porta-voz afirmou que “Não discutimos assuntos internos. Esta não é uma visão geral do trabalho remoto, se trata apenas do que é melhor para o Yahoo agora”.
24% dos empregados norte-americanos afirmam trabalhar remotamente pelo menos algumas horas por semana, segundo pesquisa do Bureau of Labor Statistics. Uma pesquisa da Consumer Electronics Association (CEA) mostra um dado mais contundente: 37% dos norte-americanos já trabalham em casa, ao menos um dia por mês. E o número tende a crescer sistematicamente. Por outro lado, 63% dos empregadores disseram (no ano passado) que permitem seus empregados trabalharem remotamente. Isso é um salto e tanto comparado aos 34% da mesma pesquisa datada de 2005, realizada pelo Families and Work Institute norte-americano.
Não existe dúvida de que o Yahoo vai completamente ao contrário do resto do planeta 🙂 A grande maioria das empresas está estudando e implementando políticas de trabalho flexível para seus funcionários. Essa é uma demanda mais do que evidente da sociedade. E tenho a impressão que a geração Y valoriza ainda mais essa alternativa.
Segundo o Bureau of Labor Statistics norte-americano, o trabalho remoto não é um desafio para os trabalhadores, e afirma que as pessoas costumam trabalhar mais em casa do que no escritório, realizando horas extras não remuneradas.
Eu converso muito com colegas que trabalham remotamente e eles afirmam exatamente isso: o nível de produtividade e concentração é muito maior no trabalho em casa, e frequentemente passam muito mais horas trabalhando em casa do que no escritório. Por outro lado é evidente os desafios de desenvolvimento de cultura corporativa e do sentimento de pertencimento.
Num post, já publicado nesse blog, apresento um excelente estudo publicado pelo MIT que aponta, elabora e propõe soluções para os 4 desafios do home office: 1- Como encontrar o balanço do trabalho com vida pessoal; 2- Como compensar o isolamento do ambiente do trabalho; 3- Como compensar a falta da comunicação face-to-face; 4- Como compensar a falta de visibilidade do funcionário.
O estudo cita que a IBM, por exemplo, economiza U$ 100 milhões ao ano por permitir que 42% de seus funcionários trabalhem remotamente
O feedback dos meus colegas home-office tem pontos positivos e outros negativos. O feedback positivo fica por conta do melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal, do aumento da concentração e maior produtividade, já que no escritório as interrrupções são constantes. Já a visão negativa diz respeito a sensação de isolamento, de falta de integração, de problemas de carreira e desconexão com o clima organizacional. Veja mais reflexões e dados sobre isso no meu post “Home Office – Breve em cartaz na sua casa“
Encucado com esse assunto, eu fui atrás de uma experiência real e publiquei no meu blog uma entrevista com Moacir, home-office de carteirinha. É legal o caso dele pois exemplifica muito bem o cenário do que é home-office na vida prática.
Enfim, por trás de tudo isso tem a tecnologia, que nos aproxima e nos afasta, que leva o escritório para dentro da nossa casa, sem piedade e sem pedir licença.