O garoto entra na sala para sua primeira entrevista de emprego. Minutos depois entra o entrevistador, um gerente senior, com mais de 20 anos de história naquela empresa.
A entrevista começa.
O gerente pensa: “Eu devia estar usando uma roupa menos formal. Só estou entrevistando jovens hoje. O que esse garoto vai pensar de mim? Que sou um velho dinossauro, completamente desatualizado e arcaico”.
Nesse mesmo momento, o jovem também está pensando: “Puxa, eu deveria ter sido mais atento com a minha roupa. Estou muito despojado. Esse sujeito vai pensar que eu sou desleixado. Eu devia estar usando uma roupa parecida com a dele”.
O gerente passa a mão na cabeça, tenta achar algum cabelo. Olha para o adolescente, refletindo: “Estou ficando careca, com cabelo branco, e o garoto aqui na frente com esse cabelão”.
O garoto se preocupa com seu cabelo, sente que o entrevistador olhou para cabeça dele: “Eu tinha que ter cortado melhor esse cabelo. Estou despenteado. Eu sabia que ele ia estranhar. Por que ele olha tanto para o meu cabelo? Certamente eu não estou agradando”.
O gerente fala sobre a história e a cultura da empresa. Ao mesmo tempo que fala, ele também pensa: “Por que estou falando isso tudo? Acho que esse garoto nem está interessado. Essa juventude quer olhar para o futuro, não para o passado. Eles querem saber da carreira deles, como crescer. Acho que estou perdendo tempo em falar sobre a história da empresa”.
O garoto se endireita na cadeira e fica com seus pensamentos: “Puxa, porque ele pergunta tanto sobre os meus interesses? Eu quero saber mais da empresa. Quero entender se a empresa vale a pena. Queria saber mais da história, porque entendendo a história eu vou saber mais sobre a empresa”.
O telefone toca. O gerente olha e não atende. Em segundos o celular dele está tocando. O gerente ri sem graça e desliga o telefone. E pensa: “Eu não vou atender o celular pois vai atrapalhar a entrevista. Eu devia ter desligado o celular”. O garoto olha o gerente preocupado e pensa: “Ele podia ter atendido. E se tocar o meu? Droga, esqueci de tirar o som do celular. Mas não vou fazer isso na frente dele para não parecer que sou distraído”.
O gerente olha o horário em seu relógio de pulso. O garoto em seu celular.
Enquanto o jovem fala, o gerente continua com devaneios em sua mente: “Ele tem um pequeno furo na orelha. Deve usar brinco”. E pensa no filho que determinado dia apareceu com a novidade da tatuagem no braço: “Será que meu filho vai usar brinco também?”.
O garoto encara o gerente, no meio de seus pensamentos: “Por que será que ele me olha tanto? Será que ele viu que tenho um furinho na orelha? Agora já era”.
Do lado de fora, a secretária atravessa o corredor olhando para a sala onde ocorre a entrevista, dá um sorriso contido e pensa: “Eles são muito diferentes. Isso não vai dar certo”.
Ao longo da entrevista os dois vão descobrindo que têm mais interesses comuns do que imaginavam. O gerente queria ser mais informal e jovem. Já o garoto queria saber ser mais “corporativo” e velho. Ao longo do tempo eles se admiram. No final da entrevista, apertam as mãos, sorridentes, ambos pensando a mesma coisa: “Este cara é muito legal. Seria bacana trabalhar com ele”.