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A Quinta Onda

Alguns colegas me perguntam a respeito do nome do blog. O nome “A Quinta Onda” vem de uma matéria publicada na VOCÊ S/A de Julho de 1999, em plena bolha da internet. A revista completava o primeiro aninho de vida e, para comemorar, preparou uma série de artigos especiais. O artigo “A QUINTA ONDA É SEU FUTURO” , de Clemente Nóbrega, foi emblemático. Há menos de 10 anos ele falava de um novo mundo: uma era digital, virtual e sem fronteiras. Também vislumbrava uma revolução na comunicação, no relacionamento entre pessoas e empresas. Tinha uma parte do texto que ele dizia algo do tipo: “O fato central é a internet. Sabemos que estamos decolando rumo a algo, mas não sabemos ainda. Só sabemos que é algo grande e transformador”. Esse conceito ficou gravado na minha memória.

Não deixe de ler o artigo AQUI.

A leitura do artigo fica mais especial se embarcarmos na máquina do tempo e voltarmos para 1999. Veja algumas coisas que rolavam naquele época:

– A IBM rodava uma intensa campanha publicitária reforçando o conceito do termo e-business, que havia sido lançado no ano anterior, e dizendo que a internet ia mudar tudo.

– O mercado de busca era dominado pelo Yahoo, que abria seu escritório no Brasil exatamente em junho de 1999.

– Uma companhia chamada Google havia sido criada no ano anterior, ou seja, não tinha ainda

nem um ano completo de vida e era desconhecida.

– A American On-Line dominava o mundo. No final de 1999, a AOL iria adquirir a Time-Warner por mais de 180 bilhões de dólares, num negócio sem precedentes. Na mesma época, a AOL começava a operar no Brasil e anunciava a distribuição gratuita de 20 milhões de CDs de instalação do software. Lembro-me que a grande tacada de marketing da AOL foi no ano seguinte, quando investiu mais de 20 milhões de dólares no patrocínio do Rock in Rio.

-O mercado de browsers era dominado pela NETSCAPE. O período de 95 a 99 foi conhecido como a guerra dos browsers. A decisão da Microsoft de distribuir gratuitamente o Internet

Explorer fez a Netscape sumir do mapa nos anos seguintes.

– A Microsoft se fingia de morta a respeito da Internet.

-O comércio eletrônico engatinhava, ainda era mais promessa do que realidade.

– A Amazon tinha apenas quatro anos de vida, mas já faturava 1,6 bilhões de dólares. No entanto, a empresa ainda funcionava no vermelho e era difícil achar um jeito do

negócio dar lucro. A mídia questionava o sucesso do modelo de negócio e a longevidade da Amazon, apesar do faturamento aumentar ano a ano.

– Ninguém falava em blogs, Google, wikis e Orkut. Aliás, esses nomes nem existiam. Redes Sociais Virtuais soavam como algo de futuro e desconhecido, mas já era alvo de artigos na mídia.

– A Apple vivia um período de águas paradas e meio sem novidades. Steve Jobs havia retornado para empresa em 1997 para recolocar a Apple nos trilhos. Em 1999 a empresa lança o iMac, que fez sucesso como design e projeto, mas trouxe pouco dinheiro para empresa. No entanto, o iMac de

Steve Jobs reposicionou a Apple como uma empresa inovadora. O primeiro iPod só iria aparecer em 2001.

– Em 1999 havia “apenas” cerca de 15 milhões de celulares no país. Os modelos que bombavam na época eram: Nokia 2160, Gradiente Sky e Motorola Startac.

– Entrava em operação o sistema global de telefonia Iridium, da Motorola, com investimento anunciado de cinco bilhões de dólares. A rede continha 66 satélites e pretendia oferecer um serviço de telefonia para qualquer lugar no mundo, com qualidade de som idêntica à de uma ligação local. Essa revolução tinha um preço alto: o aparelho custava mais de quatro mil dólares, mais 300 reais de habilitação e 30 reais de assinatura. O projeto não decolou e virou um micaço para Motorola, mas a rede ainda existe, com serviço e alcance bem mais modesto que o planejado.

– No Brasil, o segmento de Telecomunicações era privatizado. Em 1999, o brasileiro comum ainda esperava meses para ter uma linha fixa de telefone instalada em sua residência, pagando

alguns milhares de reais, num mercado dominado pelas estatais. Em SP era a Telesp. No Rio era a Telerj. DDD e DDI, só via Embratel. A insatisfação era geral.

– Uma página de usuários insatisfeitos da Telerj deu origem à série brasileira “Eu odeio”. Criada em 1996, a página se tornou um sucesso nos anos seguintes, mais especialmente em 1999, no período da privatização das telecomunicações. A página conseguiu aglutinar um batalhão de consumidores insatisfeitos com os serviços da operadora carioca. O sucesso foi tanto que outros endereços tiveram de ser abertos. Agora é possível, pelo site Eu Odeio a Telerj, o envio automático de mensagens de reclamação para a Telerj e a Anatel.

– Não existia banda larga, nem banda pequena. A conexão que usávamos para acessar a internet era via linha telefônica discada comum. Quem passou por essa fase lembra muito bem do barulhinho de conexão do modem. Ou falávamos pelo telefone ou

conectávamos nossos “potentes” computadores, não dava para fazer as duas coisas ao mesmo tempo via linha discada.

– Em 1999 todos só falavam no tal “Bug do Milênio”. Parecia que o mundo estava prestes a acabar.

Mas uma coisa não mudou. Naquela época, segundo a Interbrand, as três marcas mais valiosas do mundo eram Coca-Cola, Microsoft e IBM. Em 2008, elas continuam sendo as mais valiosas. A única mudança é que a IBM agora ocupa o segundo lugar.

Enfim, depois dessa viagem, o que podemos esperar nos próximos dez anos? Como estaremos em 2018?

Considere que tudo isso que falei tem apenas nove anos passados, mas parece tão distante…

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