Dias atrás, eu publiquei um post a respeito de um debate que acompanhei na CBN sobre jornalismo versus liberdade para fiscalizar o governo. A respeito desse tema, eu recomendo a leitura da entrevista do jornalista e escritor Gay Talese para a revista Veja, edição 2117 de 17/06/09, páginas 86 a 89. Você pode ir no online, mas a matéria completa se encontra somente na edição impressa. Acesse AQUI o Acervo Digital da Veja para ler a matéria completa (tem que procurar a edição 2117).
Diferente do clima que rolou no painel da CBN, Talese não poupa a imprensa nessa relação imprensa e governo. Ele disse: “O governo usa a imprensa mais do que a imprensa usa o governo. Hoje, devemos ter uns 10.000 repórteres em Washington. Há uma civilização inteira de jornalistas em Washington. Se eu dirigisse um jornal, eliminaria de 50% a 60% da sucursal de Washington e mandaria os repórteres para outros lugares do país, para Califórnia, Nebraska, Flórida. Sabe o que aconteceria? Estaríamos tirando a ênfase sobre o governo e neutralizando sua capacidade de controlar o discurso político. Em vez de ficarmos segurando o microfone para o governo falar, estaríamos trazendo notícia sobre como as decisões do governo são percebidas e como são sentidas longe de Washington. Isso é vida real. É cobrir os efeitos das medidas do governo sobre a economia“.
Gay Talese também fala uma frase que resumo bem essa história de crise na mídia: “A crise é dos jornais – e não do jornalismo“. Ou seja, o jornalismo vai continuar existindo com ou sem jornais impressos. Veja as palavras de Talese: “As pessoas esquecem que os jornais vão e vêm. O jornalismo, não. As pessoas vão sempre precisar de notícia e informação. Sem informação não se administra um negócio, não se vende ingresso para o teatro, não se divulga uma política externa. Todos os dias, nos jornais das cidades grandes ou pequenas, repórteres vão à rua para fazer o que não é feito por mais ninguém“.
E ele fala também sobre a internet: “Com as novas tecnologias, e sobretudo com a criação da internet, o público hoje é informado de modo mais estreito, mais direcionado”. “A internet é o fast-food da informação. É feita para quem quer atalho, poupar tempo, conclusões rápidas, prontas e empacotadas. Quem se informa pela internet, de modo assim estreito e limitado, pode ser muito bem sucedido, ganhar muito dinheiro, mas não terá uma visão ampla do mundo“.
Enfim, eu não concordo com tudo que ele diz. Mas gosto de ler esses caras pois eles me fazem pensar. Estou indo hoje para Paraty, no Rio de Janeiro, para FLIP. Esse cara, Gay Talese, vai estar lá. Vamos ver se ele fala mais alguma coisa.