Vejam a final do Campeonato Brasileiro de Futebol. Três times disputam o título do Brasileiro: São Paulo, Flamengo e Palmeiras.
O terceiro colocado, Palmeiras, parece um barco entrando água por todos lados. Na metade do campeonato o Palmeiras estava na primeira posição, chegou a ter 7 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. De repente, entrou numa espiral decrescente, perdeu sucessivas partidas importantes e hoje ocupa a terceira posição com poucas possibilidades de retornar para a liderança do campeonato. Seu técnico e líder da equipe, Muricy Ramalho, é um vencedor conquistador de títulos. No entanto, ele também é conhecido como um cara durão, rabugento, eternamente insatisfeito, vive de cara fechada , altamente competitivo e que coloca os jogadores em permanente estado de pressão e stress. Será que a situação do time do Palmeiras é reflexo deste estilo? Será que ao colocar pressão demais o time do Palmeiras começou a bater pino? Uma possível evidência foi na partida Palmeiras versus Grêmio quando dois de seus jogadores Maurício e Obina brigaram em campo, trocaram tapas e foram expulsos. Quantas vezes você já viu jogadores do mesmo time trocando sopapos dentro de campo?
O segundo colocado, Flamengo, tem uma história interessante. O time ficou na parte baixa da tabela de classificação até a metade do campeonato, quando então trocou de técnico. Entrou Andrade, carinhosamente apelidado de tromba dentro do clube. Andrade foi criado no Flamengo, foi jogador e símbolo do clube, considerado craque, e desde que pendurou as chuteiras vem atuando como auxiliar de todos os técnicos que dirigem o time. Em resumo, Andrade e Flamengo são uma coisa só. Ele assumiu o posto e optou por falar pouco, como sempre fez, trabalhando nos bastidores e construindo um espírito de time. Quando falava para a imprensa, falava sempre com humildade, enaltecendo o grupo. Andrade é conhecido por falar com todos os jogadores de forma calma, por gostar de ouvir opiniões, além de ter um estilo onde integração e colaboração são palavras de ordem. Em pouco tempo o time recuperou a auto-estima. Os jogadores se tornaram clones de Andrade, quando falam sempre se expressam com humildade, falam sempre do time e do espírito de luta. O resultado foi imediato. O time começou a vencer quase todos os seus jogos, com confiança, porém mantendo o clima de humildade. Ou seja, o estilo integrador do técnico fez surgir no Flamengo a equipe com maior auto-estima nesta reta final do campeonato.
Já o São Paulo parecia ser a equipe mais equilibrada até duas semanas atrás. Tendo a tradição de vencer os últimos campeonatos brasileiros, o São Paulo sempre aparenta estar seguro de estar no caminho certo. O grande risco parece ser o excesso de confiança, ou até um pouco de arrogância, o que pode ser desastroso nessa reta final. A pressão nas duas últimas semanas pode ter trazido algum desequilíbrio emocional para a equipe. A evidência foi o comportamento do VP do clube e do discreto técnico Ricardo Gomes, que criticaram publicamente a polêmica decisão do STJD de punir os jogadores Jean, Borges e Dagoberto através de suspensão de algumas partidas por faltas desleais. Esse tipo de comportamento é negativo, pois cria um clima de que existe uma conspiração contra o São Paulo, gera desequilíbrio na equipe e perda de foco no que interessa, que é jogar bom futebol e ganhar os jogos que faltam. Aliás, já existem tais sinais, como ficou claro na partida São Paulo versus Vitória, quando dois de seus jogadores, Hugo e André Dias, discutiram em campo e foram punidos com cartão amarelo (fiz esta correção no post original pois erroneamente escrevi que eles haviam sido expulsos de campo).
Enfim, o comportamento e performance dos times, e seus respectivos resultados, parecem refletir os estilos e as atitudes de suas lideranças. Nesse contexto, quem parece viver o melhor momento é o Flamengo. O pior, sem dúvida, é o Palmeiras. Já o São Paulo, bem o São Paulo vive o momento do São Paulo…