Mario Cesar, presidente da TIM, eu sua palestra na Futurecom (última semana de out/08), disse que, em 2014, a telecomunicação móvel será a telecomunicação dominante no Brasil. Ou seja, em seis anos, vamos ter mais assinantes de aparelhos móveis do que fixos em nosso país. Faz sentido.
Pensando bem, por que nós ainda temos duas linhas pessoais de telefonia, uma fixa e uma móvel? Uma das possíveis respostas é que a banda larga que temos em casa está associada à linha fixa. Outra resposta poderia ser que o custo das ligações via linha fixa é menor que via linha celular. Poderíamos pensar também em outras boas alternativas de resposta.
Agora, imagine se as linhas móveis passassem a ter o mesmo custo que as linhas fixas, e que o serviço de acesso a internet via móvel tivesse a mesma qualidade de serviço e disponibilidade da linha fixa. O que aconteceria? Acho que as linhas fixas desapareceriam rapidamente. Faz sentido, né?
Nós temos que começar a imaginar esse mundo 100% móvel pois estamos caminhando a passos acelerados para esse cenário.
Por outro lado, na mesma Futurecom, Pedro Ripper, ainda presidente da Cisco naquele momento (ele acabou de deixar a empresa conforme notícia divulgada), disse que o perfil de tráfego da internet vai mudar drasticamente nos próximos anos. Ele falou que o vídeo para PCs e para TV será responsável por 30% do tráfego total em 2011, contra 9% em 2006. Ou seja, a transmissão de imagens cresce de forma acelerada.
Recentemente, a Computerworld publicou uma matéria dizendo que os subnotebooks vão custar cerca de 300 reais em pouco tempo. Como? Muito simples. Os equipamentos serão subsidiados pelas operadoras como ocorre com os telefones celulares atualmente. Veja essa interessante previsão aqui.
Juntando estas três tendências, o cenário final contempla uma realidade diferente do que vemos hoje: pessoas estarão 100% conectadas, onde quer que estejam, em constante mobilidade, 24 horas por dia disponíveis para falar e consumindo imagens e vídeos intensamente.
E o que acontece com o ambiente de trabalho? Ele vai mudar radicalmente.
Os funcionários estarão acessíveis o tempo todo: antes, durante e depois do horário de trabalho. Os funcionários carregarão seus dispositivos móveis consigo, sendo acessíveis a qualquer momento e em qualquer lugar, com aparelhos que funcionam como telefone, computador e TV. Estaremos diante de um novo ambiente de trabalho, que exigirá uma mudança no perfil dos empregados que conhecemos hoje. Estamos falando de um mundo onde muitos funcionários não irão mais para o escritório, pois o escritório estará com eles o tempo todo. É quase uma inversão de modelo. Ou seja, é o escritório que persegue o funcionário.
Esse cenário, aparentemente futurista, mas nem tanto, vai implicar numa mudança radical na relação empregador-empregado, que por sua vez vai exigir alterações significativas nas leis trabalhistas.
Esse mundo 100% conectado e móvel, com funcionários sempre “disponíveis” e ávidos por consumir vídeos e imagens, vai provocar transformações na forma como a empresa trabalha comunicação interna e externa. Ferramentas mais avançadas que as disponíveis na era 2.0 serão necessárias para viabilizar essa transformação.
O mais surpreendente é que nós estamos diante dessa revolução e muitas empresas ainda tem dificuldade para implementar uma intranet ou gerenciar seu correio eletrônico, que são ferramentas unidirecionais de comunicação. Ainda existem muitas empresas onde parte dos funcionários não tem acesso a email, especialmente aquelas que
trabalham com grandes contingentes em áreas fabris (exemplo: Phillips com suas fábricas no país) ou de exploração/extração (exemplos: Vale com suas minas e Petrobrás com suas plataformas de extração de petróleo). Se analisarmos somente as empresas onde todos os empregados têm acesso a rede e a e-mail, nós vamos descobrir que muitas delas nem entraram na era da colaboração, dos blogs e das redes sociais. Essas empresas serão atropeladas pela tecnologia e pelos próprios funcionários, que disporão de tecnologia muito mais avançada em suas vidas pessoais do que no ambiente de trabalho. Cabe aos líderes de comunicação das empresas a missão de pisar no acelerador e pressionar suas organizações para implementarem essas novas tecnologias. A parceria com a área de Tecnologia de Informação é mandatória.
Não estou falando para as empresas permitirem que seus funcionários passem a brincar no YouTube ou tagarelar no MSN. Acho até que elas deveriam fazer isso… mas o fato é que estamos passando por uma evolução tecnológica que afeta diretamente a capacidade estratégica, criativa e produtiva das empresas. As empresas providas de ferramentas adequadas estarão muito mais capacitadas para inovar, integrar suas equipes, reagir às mudanças do mercado e capturar oportunidades de negócio. O profissional de comunicação nas empresas nunca teve um papel tão transformador e estratégico como agora.