No mês passado eu participei de um evento muito auspicioso (tava na moda, né? acho que ainda dá prá usar em setembro). Estou falando do 3o. Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, organizado pela CNI. Foi um evento histórico por dois motivos. Primeiro pela presença de metade do PIB nacional. Nunca vi tanto presidente de empresa grande e importante do nosso país junto num único lugar. E o segundo motivo, muito mais importante, foi a assinatura do “Manifesto pela Inovação nas Empresas“, onde os líderes empresariais advertem para a importância da inovação para o desenvolvimento do país.
Mas meu objetivo aqui não é falar do evento e sim da presença de Rowan Gibson. Rowan é um consultor conhecido no mundo empresarial e um aficcionado pelo estudo da inovação nas empresas. Tive a oportunidade única de assistir uma apresentação dele no evento, o que foi muito especial pois eu havia devorado, semanas antes, o livro dele chamado “INOVAÇÃO PRIORIDADE NÚMERO 1”. Um livro muito bom e que joga minhocas na cabeça o tempo todo.
A Época Negócios Online publicou uma boa matéria sobre ele que praticamente sumariza o teor da palestra que eu assisti. Acesse AQUI.
De tudo que ele disse, algumas coisas merecem ser citadas. A que mais gosto é quando ele diz que não basta a empresa investir em pesquisa e desenvolvimento quando se fala em inovação. A inovação está espalhada pela empresa. Existe um enorme conhecimento na cabeça dos funcionários que precisa ser explorado. E ele liga inovação com crescimento, quando diz que uma empresa nunca crescerá seus negócios de forma acelerada fazendo as coisas da maneira tradicional. Em resumo, usando as palavras dele: “onde não existe inovação, não existe crescimento a longo prazo”.
Ele citou um caso conhecido do Walmart que perguntou a todos seus funcionários como a empresa poderia economizar energia. Em dois meses, através das ideias vindas de seus funcionários, a empresa economizou 38 milhões de dólares.
Rowan também afirmou que a inovação não está centrada somente em produtos e citou o caso da Hunday nos EUA. Contou que, quando o mercado de automóveis americano desabou no final do ano passado, a Hunday não se conformou e decidiu aproveitar a situação para ganhar participação de mercado. Ela fez uma pesquisa e descobriu que os consumidores não estavam comprando carros pois estavam com medo de perder o emprego e não ter dinheiro para pagar as prestações devidas do carro comprado. Então a Hunday lançou uma oferta onde dizia que se o comprador perdesse o emprego, ela, Hunday, aceitaria o carro de volta. No primeiro mês o volume de vendas da Hunday cresceu incríveis 50%. No segundo mês cresceu 30%. Isso tudo em plena crise e sem mudança no produto, no caso, o carro. Ou seja, a Hunday cresceu por entender o cliente e pensar diferente. A Hunday inovou.
Rowan foi afirmativo ao dizer que as empresas não provocam os seus funcionários para pensar diferente e, pior, não criam mecanismos ou ambientes para capturar suas ideias. Ele até brincou dizendo que a caixa de sugestões ao lado do café é passiva, ela não anda pela empresa inspirando e perguntando para as pessoas se elas têm ideias. As empresas esperam que as pessoas levantem de suas estações de trabalho para depositarem ideias numa urna.
Ele disse que existem três condiçoes para a inovação colaborativa acontecer nas empresas: 1- Tempo e Espaço 2- Diversidade de pensamento 3- Conexão e conversa
Os três são importantes, mas o mais difícil é o primeiro. As pessoas precisam de tempo para pensar, estruturar e registrar suas ideias, mas as empresas não costumam pensar muito nisso ao montarem os seus programas internos de incentivo a inovação. É claro que existem exceções. Talvez a mais conhecida, sempre citada nos livros, é o Google que incentiva os seus funcionários a gastarem 10% de seu tempo para trabalhar no que quiser. Foi dessa liberdade mental que surgiram vários dos produtos que hoje são campeões de audiência e uso do Google.
Rowan afirma que é super comum ver ideias excelentes serem engavetadas dentro das empresas. E isso acontece por dois motivos. O primeiro é que a maioria das empresas não tem um processo estruturado e formal para registrar essas novas ideias. As ideias ficam somente na cabeça do funcionario que não tem para onde apresentar e falar sobre elas. O segundo motivo é ainda mais matador que o primeiro: é o chefe. Quando o funcionário leva a ideia para o chefe, ele trata logo de fazer algumas perguntas que aniquilam qualquer proposta inovadora: “Qual será o retorno sobre o investimento?”; “O quanto essa oportunidade será lucrativa?”; “Qual será o investimento necessário? “. Em resumo, quase a totalidade das novas ideias morrem enterradas na sala do chefe.
Enfim, vale a pena ler mais sobre esse sujeito que vive em peregrinação pelo mundo compartilhando suas crenças, ideias e conceitos. Não deixe de ler o artigo da Época Negócios.
Se tiver tempo, convido a assistir um vídeo disponibilizado pela Harvard Business Review Brasil. Rowan Gibson deu uma excelente palestra em São Paulo no dia 18 de agosto. O vídeo está dividido em 6 partes de aproximadamente 15 minutos cada. Acesse todo o pacote AQUI ou assista somente a primeira parte abaixo, quem sabe ela motive você para ver as outras cinco?