Texto publicado no Estadão em 16-10-2011
Temos ouvido conversas sobre como as empresas estão adotando a colaboração. Mas quando essa iniciativa surge de seus funcionários, as organizações têm baixa expectativa em relação aos resultados.
Pesquisas mostram que a maioria das empresas usa tecnologia de colaboração apenas como ferramenta de marketing ou recrutamento. Muitas usam o Twitter e Facebook para anunciar produtos, postar notícias e divulgar vagas de emprego.
Mas por que não implantar os mesmos tipos de redes sociais, blogs e ferramentas de compartilhamento de informações dentro de uma rede corporativa para promover o trabalho colaborativo em projetos, identificar habilidades específicas entre os funcionários ou iniciar uma troca de ideias interna sobre as iniciativas da empresa?
A IBM realizou uma pesquisa com mais de 700 diretores de Recursos Humanos de 61 países. O estudo mostrou que apenas 25% usam redes sociais ou tecnologias colaborativas para disseminar a inovação em suas organizações.
Pode ser que muitos gestores ainda não confiem nas redes sociais e ainda as vejam como uma forma de chamar a atenção, ou como um canal onde os funcionários não são capazes de evitar a disseminação de segredos da empresa. E pode ser também que muitos ainda tenham a míope impressão de que as redes sociais não funcionam de fato, devido a sua conhecida utilização para entretenimento e diversão. Por fim, a percepção que seu uso gera perda de produtividade é o maior paradigma a ser vencido pelos executivos.
Independente do modo com que cada um use as mídias sociais, é fato que o seu grande poder está em promover a conexão entre pessoas, o compartilhamento de informações e a colaboração para um objetivo comum – seja diversão, interesses pessoais, estudos ou negócios. E por ignorarem ou não acreditarem na força que essa imensa colaboração pode ter em seus negócios, os gestores acabam desperdiçando uma grande oportunidade.
Pense em como a sociedade e o mundo dos negócios vêm mudando: o tempo para o lançamento de produtos e serviços no mercado é cada vez menor; a competição global está se expandindo e se tornando imprevisível; e a Geração Y em breve já será mais da metade da força de trabalho nas empresas.
A criação de novos modelos de negócio, a busca incansável por maior eficiência, o surgimento de um novo perfil de consumidor, tudo isso colabora para um mundo mais dinâmico, onde influência, velocidade e flexibilidade fazem a diferença. Esse ambiente exige novo líderes, comprometidos com a colaboração e obcecados pelo trabalho em equipe. O conhecimento existente dentro das empresas é um tesouro enterrado. As empresas ainda exploram pouco a capacidade interativa, de mobilização e criatividade coletiva de seus funcionários.
Faltam processos, canais adequados e programas de engajamento voltados para inovação. O paradoxo é que pesquisas realizadas com CEOs de todo mundo mostram que eles apontam os funcionários como a principal fonte de ideias para as suas empresas. O que falta é uma forma eficaz de promover a troca desse conhecimento e aplica-lo ao dia-a-dia. Falta colaboração.
A situação para as grandes empresas globais pode ainda ser pior. Suas pesadas estruturas hierárquicas e complexidade operacional são constantes desafios. Eu me atrevo a dizer que algumas empresas mal conhecem suas organizações. Será que elas realmente conhecem os funcionários que trabalham em diferentes países?
De acordo com nosso levantamento, menos do que deveriam. Apenas 19% das empresas usam regularmente tecnologias colaborativas para identificar profissionais com conhecimentos e habilidades relevantes. Ao invés de criar conexões entre equipes ao redor o mundo, as empresas admitem que mantêm feudos e acabam não tirando todo proveito de seus talentos tanto quanto poderiam.
Vivemos um novo mundo, onde as pesadas hierarquias já não funcionam mais e uma nova geração está assumindo o comando das empresas. Por trás desse tsunami silencioso ocorrendo no ambiente de trabalho, está a necessidade urgente de uma colaboração intensa, massiva e transparente.
É necessário que os funcionários sejam capazes de ir além das fronteiras, influenciar a visão de seus colegas, compartilhar ideias, expandir a inteligência e o sonho coletivo da instituição, sem obstáculos.
Os funcionários já sabem disso, alguém pode contar para os executivos?