O meu blog A Quinta Onda tem mais de seis anos de vida. Já publiquei mais de 500 posts, mas o mais lido continua sendo um post que publiquei em 2010, que é uma entrevista que fiz com um adolescente sobre o ambiente da sala de aula.
A conversa foi dura, o rapaz estava insatisfeito com o curso, carregava as aulas como um fardo e encarava a sala de aula com muito sacrifício. Foi uma declaração polêmica, e talvez isso justifique o impressionante número de acessos que este post ainda tem até hoje.
Dias atrás me chegou um post onde um jovem de 19 anos compartilha o seu ponto de vista sobre diversas redes sociais. Ele vive nos Estados Unidos e estuda na Universidade do Texas, em Austin.
Da mesma forma que as pessoas adoraram a entrevista que eu publiquei, eu também adorei ler o depoimento deste jovem. Existe uma magia quando as pessoas abrem seus segredos e suas percepções, falam de forma genuína e são honestas com elas mesmas.
O adolescente não cita nenhum estudo ou pesquisa, o que ele escreve é a sua percepção pessoal e ponto de vista, mas também fala pelo seu grupo de amigos. Eis as coisas que me chamaram atenção.
Facebook Ele diz que o Facebook “está morto”, porém, ironicamente, me pareceu ser a rede social mais usada por ele e pelos seus amigos. Ele diz que precisa estar no Facebook pois é onde todos estão. Existe uma espécie de pressão social atrás da questão: “Todos estão no Facebook, por que não você?”. Ele afirma que a funcionalidade de grupo funciona bem nesta rede social e isto caracteriza um dos principais usos da rede. O uso do “messaging” do Facebook é frequente entre os jovens de sua idade. O resumo é que ele usa intensamente o Facebook, mas não curte, apesar de ser onde as coisas acontecem e onde ele sabe das coisas. Por fim, me passou a percepção de achar o Facebook poluído demais, inclusive por publicidade.
Instagram Segundo ele, o Instagram é, de longe, a rede mais usada pelos jovens da sua idade. No Instagram, ele não se sente pressionado por ter que seguir alguém de volta. Ele diz que o conteúdo desta rede tem mais qualidade do que nas outras, além dela não ter sido ainda inundada pela geração mais velha. Outro ponto citado é que as pessoas não postam 10 mil vezes por dia, permitindo mais qualidade no conteúdo publicado. Não existem links no Instagram, o que significa que ele não é constantemente bombardeado por publicidade. Enfim, ele afirma que o Instagram é mais seletivo e que as pessoas investem mais tempo para serem relevantes e divertidas no que publicam.
Twitter Ele acha confuso e não entende muito bem o propósito do Twitter. Não é um lugar que permite achar amigos facilmente. Diz que o Twitter é um lugar para seguir ou ser seguido por um grupo randômico de estranhos, e que há três principais grupos de usuários: aqueles que o utilizam para reclamar/expressar-se, aqueles que postam com a suposição de que o seu potencial empregador acabará por ver o que eles estão dizendo, e os que simplesmente olham para outros tweets e fazem um RT ocasional.
Snapchat O Snapchat está rapidamente se tornando a mídia social mais usada, segundo ele. Parece que é onde ele se sente mais a vontade, quando afirma que “é onde realmente podemos ser nós mesmos e conectados com a nossa identidade social”. Não existe a pressão social de uma contagem de seguidores e amigos, como no Facebook. Ele diz que é uma rede onde “eu não estou constantemente tendo pessoas aleatórias na minha frente pedindo atenção”, um ambiente mais íntimo de amigos onde você não se importa se os seus amigos estão vendo você se divertindo numa festa. Em resumo, o Snapchat, na visão dele, é onde você pode ser mais você mesmo.
Tumblr Ele foi lacônico. Para ele, o Tumblr é um lugar para seguir ou ser seguido por um grupo randômico de estranhos, sem que você se identifique. Ou seja, parece ser algo além do Twitter, na visão dele. Ele diz que o Tumblr é como uma sociedade secreta em que todos estão, mas ninguém fala a respeito. Esta é uma rede onde você se cerca (através de quem você segue) de pessoas que têm interesses semelhantes. É muitas vezes visto como uma “zona livre de julgamento” em que, devido à falta de identidade no site, você pode realmente ser quem você quer ser.
LinkedIn O LinkedIn soa como uma obrigação para ele. Ele tem que estar lá. Ele diz que muitos esperam até a faculdade para entrar nesta rede. Esta não é uma rede interessante para ele no momento, mas entende que não pode fugir dela.
WhatsApp Ele diz que o WhatsApp é baixado quando você vai para o exterior. Você usa o aplicativo lá fora, mas depois volta para o iMessage ou o Messenger do Facebook. Ele diz conhecer muitas pessoas que se comunicam com pessoas fora do país através desse aplicativo, especialmente estudantes.
YouTube Ele considera que o YouTube é uma rede que mudou o mundo. Todo mundo usa. Ele tem amigos que visitam diariamente esta rede e que é quase impossível ignorar o YouTube. O conteúdo não é apenas entretenimento, mas tem muita coisa útil, diz ele, citando já ter usado o YouTube para complementar algumas aulas onde precisava de ajuda para entender algo. Achei interessante, e não me surpreendeu, quando ele afirma que o YouTube vem substituindo o tempo que ele gasta assistindo TV, especialmente pela alta qualidade no conteúdo.
Google+ Ele diz que, pessoalmente, não conhece ninguém que usa ativamente o Google+. Fala que já ouviu de alguns amigos que o Google+ é muito bom para fotos e hangouts. Diz que os únicos amigos dele no Google+ são aqueles que estão mais interessados em tecnologia. Ele, pessoalmente, abandonou o serviço porque achou difícil e cansativo categorizar cada pessoa em diferentes “círculos” e, em seguida, manter o controle de todos esses grupos. Segundo ele, tal como está hoje, o Google+ é uma plataforma que está fora do radar. Ele diz ter esperança no futuro desta rede e está interessado em ver para qual direção ela vai.
Ele analisa outras mídias sociais em seu depoimento. Vale a pena ler todo o artigo “A Teenarge’s View on Social media“, entender como a cabeça dele funciona, ver os adjetivos que usa e o que está por trás das palavras. Acho que ele representa muito bem os adolescentes. Não é apenas uma visão norte-americana, apesar de que o cenário de mídias sociais nos Estados Unidos é diferente de outras partes do planeta.
Enfim, ele é o nosso futuro consumidor, trabalhador, vizinho da rua e… cidadão.