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Desapego: Quanto mais leve a mochila, mais longe eu vou [VÍDEO]

No meu processo de mudança, um dos maiores desafios que vivi foi me desapegar de bens materiais que acumulei comigo ao longo de décadas de vida. Aceitar e praticar o real desapego me tomou meses de reflexão, preparação e ação. Atualmente, tudo me parece muito fácil e aceitável, mas confesso que para chegar a este clímax eu precisei de tempo, resignação, paciência e clareza de pensamento.

Um dos grandes exercícios foi me desfazer de mais de 600 CDs, 500 DVDs, 300 livros, 200 fitas VHS e milhares de tiras de negativos de filme fotográfico com imagens de toda vida. Para cada um deles, eu conseguia desenvolver na cabeça uma justificativa para carregá-lo para todo sempre. Esse mesmo exercício foi feito para quase tudo que eu tinha em casa, afinal eu me mudaria para uma nova residência com apenas 10% do espaço da minha antiga moradia.

O mais difícil foi me desfazer de bens materiais relativos às minhas histórias pessoal e profissional. Havia muitas coisas bacanas, de profundo valor sentimental e registros de conquistas importantes. No entanto, me conscientizei que eram volumes que exigiam espaço para armazenar e elaborei perguntas de difícil resposta, para me gerar reflexão e desconforto.

O que mais me incomodava era pensar em carregar tudo aquilo para o resto da minha vida, continuamente. Me fiz perguntas como: Por que manter tudo comigo? Qual o propósito de guardar tudo aquilo para eternidade? Qual a serventia de levar todo o meu passado junto comigo? Quem iria realmente usufruir destes materiais?

Me imaginei caminhando para o futuro de transformação que almejo, carregando esse passado nas costas, como uma mochila. Me pareceu pesado, inócuo, inútil e sem propósito. O que eu tinha por aquilo tudo era apenas apego. O importante do meu passado eu já tenho na minha cabeça, nas minhas memórias, no cérebro e no coração.

Refleti que o segredo para ir mais longe é caminhar com a mochila vazia. Quanto mais leve a mochila, mais fácil e mais rápida é a caminhada. Quanto mais vazia a mochila, mais espaço tenho para preencher com coisas novas que verdadeiramente vão me levar para o futuro, e não me prender ao passado. Essa reflexão me ajudou muito para diminuir o meu fardo do passado.

Como uma forma de registrar essa experiência, eu gravei um vídeo de aproximadamente 30 minutos, onde comento sobre parte desse material que me desafiou, bem como mostro fotos da mudança. Fiz esse vídeo como algo íntimo e pessoal, sem intenção de compartilhar. Porém, dias depois, me veio a cabeça torná-lo aberto e acessível para quem desejar ver. Publico abaixo o vídeo, que evidencia o estado de espírito com que tratei tudo isso. Me sinto feliz, leve e certo de que fiz a coisa certa.