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A minha história de luto, transformação e renascimento



O câncer da minha amada Regina foi descoberto em um exame de rotina, aparentemente sem importância, no início de janeiro de 2017. No mesmo mês ela foi submetida a uma cirurgia de alta complexidade devido à gravidade da doença. Era a única chance de salvar a sua vida naquele momento. A partir daí foram dezenas de intervenções, entre internações, emergências, cirurgias, sessões de quimioterapia, radioterapia… uma lista sem fim.


Enquanto a doença nos provocava cicatrizes físicas e emocionais e impactos enormes em nossas vidas, nós também iniciávamos uma jornada no mundo da espiritualidade e no repensar da vida, que nos deu paz e resignação. A Regina partiu em fevereiro de 2020. Ou seja, foram aproximadamente 3 anos, mas com a clara sensação de que foram dezenas de anos de aprendizado e desenvolvimento humano. Acredite ou não, mas esses foram os melhores anos da minha vida. Depois disso veio o luto escuro e sombrio. Porém, de alguma forma, eu estava preparado e consciente para enfrentá-lo.


A lista a seguir contém 31 longos artigos publicados no meu blog até agora, em ordem cronológica, onde conto a minha história de transformação e renascimento. É uma viagem profunda, de vulnerabilidades assumidas, mas também do emergir de forças desconhecidas. É uma história de descobertas, de escolhas e da incessante busca de luz em um túnel aparentemente sem saída. Essencialmente é a história da busca de um novo propósito de vida.


A minha história de transformação continua, ela está longe de terminar, mas acredito que esse conjunto de textos é a essência de tudo que vivi e a criação do contexto para minha ressignificação.


As publicações estão em ordem cronológica.


29/11/2017

A descoberta do câncer, os primeiros meses, as nossas estratégias para lidar com o tsunami em nossas vidas e o surgimento da fase de remissão que vivemos agora. Estamos muito esperançosos da cura definitiva. Finalmente a tormenta deu trégua e paz. Esse é primeiro artigo da nossa jornada e um dos mais emocionantes. Ele foi escrito com o coração.

 

14/08/2018

Depois de um período de remissão, o câncer da Regina voltou e as perspectivas de recuperação se tornaram mais difíceis. De repente, estou me vendo diante de um futuro perdido. Aprendi que essa história de viver cada dia como se fosse o último é uma baboseira.

 

03/04/2020

Com a doença em estágio avançado, eu pedi demissão do trabalho para ficar plenamente dedicado á minha amada. Vivemos, nos últimos meses, uma fase de intenso aprendizado sobre a arte de viver. Mas Regina partiu rápido, em função da ineficácia dos procedimentos e remédios. De repente, estou me vendo diante de uma profunda e dolorosa reflexão sobre o meu propósito de vida. Por que estou vivo? Esse é o artigo mais impactante de toda a saga.

 

28/05/2020

Não estão sendo fáceis os primeiros meses sem ela. As mensagens das pessoas me confortam, mas tenho consciência de que o real caminho para paz e resignação está dentro de mim. Estou vivendo uma montanha-russa de emoções e sentimentos, com imensa saudade de um passado que não voltará nunca mais. Futuramente, quando eu olhar para trás, vou concluir que essa foi a fase mais difícil do meu processo de luto.

 

28/06/2020

Estou vivendo intensamente o luto, sem restrições ou limites. Me sinto dentro de uma caverna escura e lúgubre, mas não quero isso. Procuro um caverna iluminada. Escrevi uma carta para ela, onde eu conto a decisão que tomei: a nova fase de minha vida será a fase mais espetacular e formidável da minha existência. O meu futuro será repleto de coisas novas. Vou cumprir o que ela me fez prometer.

 

15/07/1960

O que é fazer 60 anos vivendo um luto doloroso? Tomo a decisão de viver o meu aniversário de forma diferente e solitária. A minha vida sempre foi para os outros, ponderando e dividindo as coisas e as decisões. Agora estou sozinho, tenho tudo à minha disposição: todos os minutos, de todos os dias são meus. O que fazer com a minha vida?

 

22/07/2020

Na minha viagem solitária de 60 anos, por diversas vezes, senti ela ao meu lado. Nessa viagem, eu desafiei o meu luto. Foi uma viagem de luz. Por diversas vezes senti falta da minha amada… para conversar, para sorrir e receber um sorriso de volta. Me dei conta de que converso com ela, em pensamento, quase o tempo todo, mas estou aprendendo a lidar com isso.

 

13/08/2020

Estou vivendo a melhor fase desde que ela partiu. Talvez o segredo de tudo esteja no click que deu dentro de mim. Esse click foi a descoberta de que eu não preciso de viver uma grande transformação nessa minha nova fase de vida, mas sim pequenas mudanças. E, mais importante, essas pequenas mudanças dependem apenas dos meus pensamentos, atitudes e escolhas.

 

26/08/2020

O ressurgimento do beija-flor me fez recordar um dos momentos mais marcantes de minha vida: os últimos minutos de consciência da Regina. Nesse artigo eu descrevo em detalhes esse momento divino e sublime. Foi algo mágico, inesquecível e quase impossível de descrever com palavras. O beija-flor evidenciou que a minha amada nunca partiu, porque ela está dentro de mim.

 

21/09/2020

Desde a partida da Regina que eu escrevo cartas para ela. Já são centenas de páginas, sempre escritas em cadernos que se acumulam. As cartas estão me ajudando a colocar as coisas emocionalmente nos lugares certos, arrumar as lembranças do que vivi e senti, descobrir gatilhos mentais e entender os sentimentos. Isso sossega a alma e ilumina o caminho para a minha nova vida.

 

30/09/2020

A busca do entendimento do luto e da morte está me trazendo paz e respostas… muitas respostas. Aprendi que vivo um processo impossível de ser evitado ou manipulado. Nesse artigo eu faço uma longa reflexão sobre o luto, seus aprendizados e, principalmente, possíveis saídas para essa caverna indesejável. Depende apenas de mim. Cada vez estou mais perto da saída.

 

06/10/2020

O atual momento da minha vida tem sido uma fase de intenso autoconhecimento. As mudanças que estão acontecendo não têm origem na minha racionalidade ou na minha capacidade analítica, mas sim na minha maleabilidade, abertura e porosidade. Me sinto como uma esponja, absorvendo as coisas que surgem na minha frente e me permitindo experimentar coisas novas. Estou descobrindo que o luto tem um lado doce e iluminado.

 

26/10/2020

Aos poucos, identifico atitudes e comportamentos que estão mais me prejudicando do que me ajudando. Estou tratando de corrigi-los, ou até eliminá-los. Não é fácil, pois alguns deles viraram hábitos. A maioria deles carrega uma enorme carga de bons sentimentos e recompensas emocionais, mas no fundo são detratores do meu bem-estar. Ter consciência sobre tudo isso é fundamental, especialmente para fazer escolhas.

 

07/11/2020

Continuo vivendo o luto alternando momentos tristes e felizes, entre sorrisos e lágrimas. Enfiei na cabeça que preciso estabelecer um novo contrato para a minha existência (que preciso assinar comigo mesmo) e aprender a conviver com algo que carregarei para sempre, dia após dia: a saudade. Preciso acelerar algumas decisões.

 

18/11/2020

Já não choro mais. Já não lamento mais a ausência da minha amada. Aprendi que isso é uma condição inerente da minha atual vida terrena. Me alimento de suas lembranças e recordações, com resignação e agradecimento. Ao mesmo tempo que isso me acalenta, isso também me amedronta, porque sinto medo do esquecimento.

 

24/11/2020

A cada dia que passa, intuitivamente, ouço uma voz murmurando no meu ouvido, dizendo: “Tem um mundão todo aí fora esperando por você”. O luto é estranho. Parece fácil determinar quando o luto começa, afinal ele tem início a partir de uma perda. No entanto, o que determina o seu final? Quando podemos considerar o fim do período de luto? Procuro por ele.

 

09/12/2020

Fiz uma trilha de 220 quilômetros no Vale Europeu, no interior de Santa Catarina, acompanhado de 12 mulheres incríveis. Essa foi uma das grandes experiências transformadoras da minha vida, no meio de esparadapos e bandaids… e batons e perfumes. Essa viagem sacudiu o meu luto e mostrou que eu já estou fora da caverna, apenas não sabia disso.

 

15/01/2021

Acabou o meu luto! Hoje eu escrevi a última carta para Regina. Foram quase 700 páginas de cartas escritas, de próprio punho, ao longo do luto. A cada dia que passa, surgem evidências que estou diante da fase mais encantadora da minha existência. Estou namorando! Tenho um novo Amor na minha vida.

 

28/02/2021

Fui levar a rosa encantada para o mar. Foi a forma que encontrei para dar a última rosa para Regina. Esse momento marca uma mudança de ciclos. Descobri que uma pessoa enlutada vai sorrir de novo, vai entender que a vida continua, que um passado lindo não inviabiliza um possível futuro maravilhoso e que coisas extraordinárias ainda podem acontecer, basta se abrir.

 

04/04/2021

Mudei de casa. A minha atitude de fazer escolhas pelo futuro se tornou um hábito, deixou de ser algo imposto, passou a ser algo natural. Estou olhando sempre para frente, com poucas olhadelas para o retrovisor. Optar por escolhas não tradicionais se tornou um estilo de vida, uma espécie de mantra. Estou vivendo uma fase de desapego radical.

 

11/04/2021

No meu processo de mudança, um dos maiores desafios foi me desapegar de bens materiais que acumulei comigo ao longo de décadas de vida. Aceitar e praticar o real desapego me tomou meses de reflexão, preparação e ação. Afinal, o segredo para ir mais longe é caminhar com a mochila vazia. Nesse vídeo de 30 minutos eu conto essa minha experiência.

 

20/05/2021

O ser humano é um ser dual. Em vez de nos violentarmos na tentativa de eliminar algo dentro da gente, o que precisamos é entender os diversos lobos que nos habitam, aceitá-los e controlá-los, para buscarmos o equilíbrio. Esse é um exercício contínuo e evolutivo, uma espécie de aprendizado para a vida toda. Demorei meses para alcançar esse nível de consciência.

 

14/06/2021

Após quase quinze meses de período sabático, eu aprendi algumas coisas sobre o que é um sabático de verdade. Uma delas é que a real viagem sabática é aquela que acontece dentro de nós, que nos transforma e que nos liberta.

 

04/07/2021

Penso todos os dias sobre o que fazer com a liberdade conquistada. Acho que, pela primeira vez, eu vivo uma fase de lucidez contínua a respeito da minha vida. Eu me qualifico como um “herói em desenvolvimento”. Nesse artigo eu faço uma longa retrospectiva de como cheguei até aqui.

 

11/08/2021

Esse artigo descreve um momento crucial que eu vivi para chegar ao estágio atual, como eu me estruturei para lidar com os lutos e partir para um novo momento de vida. Para dar uma visão prática e organizada, eu apresento uma lista de 35 ações que realizei ao longo da minha jornada. É o artigo mais longo de todos.

 

31/08/2021

Estou diante de uma nova perda: meu pai se encontra hospitalizado, em estado grave de saúde, por conta da covid. A minha cabeça tenta se acostumar com a possível partida dele, mas vivo um paradoxo. Não quero pensar na ausência dele, mas tenho consciência de que preciso estar preparado para isso.

 

13/09/2021

Ao longo dos dias seguintes da partida do meu pai, nós começamos a mexer nos armários, tentando pensar no que fazer com os objetos pessoais, roupas, as anotações infindáveis de contas pagas e extratos bancários. Diante de minha mãe, transtornada, eu falei: ” “Mãe, finalmente chegou a sua liberdade”. Ela ainda não se recuperou e nem aceita o seu novo contexto de vida.

 

31/10/2021

A superação do luto é a prática do exercício peculiar de um “esquecer consciente“, ou seja, depende da minha capacidade de guardar na mente aquilo que me faz bem, e colocar o que provoca dor em um lugar distante e remoto dentro da minha cabeça. Não é fácil, nem simples, mas existem meios para isso.

 

11/11/2021

O que define o fim de um período sabático? Talvez, o sabático não seja propriamente um espaço de tempo, mas sim uma filosofia de vida. Se seu conseguisse alinhar o meu trabalho com sentido de realização, propósito de vida, talvez isso pudesse caracterizar um sabático para sempre. Mas como alcançar isso? Acho que tenho indícios de resposta.


21/02/2022

Nos meus últimos anos de trabalho eu já não me reconhecia mais. Eu era apenas o protótipo do executivo modelo, tentando ser e agir como a empresa e o ambiente corporativo esperavam de mim. No entanto, nos dias de hoje, coisas estão acontecendo que estão derrubando a teatralização sistêmica existente dentro das organizações.


10/04/2022

Nos últimos anos eu venho retirando as fantasias e armaduras que vesti ao longo da minha vida. O que sobra depois de eu retirar as minhas camadas de pai, filho, cônjuge, cidadão, trabalhador, chefe etc? Quem realmente está lá dentro? Não é apenas um exercício de humildade e vulnerabilidade, mas um exercício de autoconhecimento. Quem sou eu verdadeiramente?

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