top of page

A minha guerra interior



Eu entrei na máquina de ressonância magnética para fazer os exames nos dois ombros. Tentei ser simpático com a enfermeira, mas ela foi seca e me informou que o exame em cada ombro levaria 20 minutos. Ou seja, seriam 40 minutos dentro da tumba eletrônica.


Enchi meu peito e respondi: “vamos lá!


Ela me deu uma espécie de botão de alarme, colocou-o na minha mão direita e disse: “você vai entrar na máquina, mas se sentir desconforto é só apertar para parar o exame”.


A enfermeira então disparou os comandos e a cama deslizou para dentro do compartimento claustrofóbico. Eu não me lembro de ter feito ressonância em um equipamento tão apertado. A impressão é que meu nariz quase encostava na parede superior da máquina. Em questão de segundos, já com o corpo completamente envolvido pela máquina, eu lembrei do meu amigo Romeo Busarello.


Naqueles 5 segundos do meu corpo deslizando dentro da máquina eu pensei: o que estou fazendo aqui? Que sensação horrível! Que sensação de desespero… de falta de ar, de pânico mesmo! Também lembrei dos meus últimos anos levando a Regina para fazer exames de imagem e ressonância e eu sendo muito duro com ela, exigindo que ela aguentasse tudo aquilo porque era fundamental em seu tratamento médico. Tudo isso me passou pela cabeça em poucos segundos dentro do tubo. Em silêncio e mentalmente, pedi desculpas para Regina.


E, então, surgiu o Romeo na minha cabeça. E antes que a enfermeira iniciasse a sinfonia barulhenta da ressonância, eu apertei o botão de alarme 3 vezes seguidas para garantir que ela iria me atender. E apertei com força.


Naquele momento, eu pensei (e perdão pela grosseria pelo que escrevi a seguir, mas traduzo aqui fielmente o que se passou na minha cabeça): “Foda-se o exame! Foda-se as dores nos ombros! Foda-se essa máquina! Foda-se a minha falta de macheza por me mostrar fraco e vulnerável. Foda-se de ter que pedir desculpas às enfermeiras e à clínica. Foda-se por ter roubado o tempo de todos e por te ocupado o lugar de alguém mais corajoso. Foda-se tudo! Eu não tenho que me justificar com ninguém, nem comigo mesmo! O que eu quero mesmo é pular fora daqui!

Então a enfermeira me retirou da máquina. Eu levantei da cama metálica com o peito estufado, cabeça altiva e pedi desculpas, sem qualquer constrangimento. Saí da sala gelada e fui para o pequeno vestiário. Ainda vestindo a roupa cedida pelo centro médico, eu fiz a foto abaixo para eternizar o momento. Aqui está o registro do momento marcante: o momento que mostra que eu farei o que eu desejar a partir de agora, sem me violentar e forçar a barra.



E, finalmente, por que lembrei do meu amigo Romeu Busarello? Segundo ele, quando passamos dos 50 anos de idade a gente já viveu o suficiente para não precisar se provar para os outros, por isso ganhamos o direito de decidir pelas coisas que nos fazem bem, nos colocando como prioridade. Ou seja, já temos quilometragem de vida e por isso ganhamos o precioso direito de falar “foda-se” para algumas coisas. Confesso que tento exercitar esse direito algumas vezes, falando quietinho dentro de mim, mas preciso exercitar mais. A experiência na clínica foi um exercício prático. Romeo se orgulharia de mim.


A teoria dos 4S do Romeo é muito interessante, vale a pena ler o artigo que escrevi sobre isso. Ele diz que na fase dos 50 aos 75 anos de idade nós vivemos o terceiro S de nossas vidas. E esse é o período que estou vivendo agora. Essa é a fase do Significado, da Significância e do Propósito. É uma fase que começa Sutilmente em nossas vidas, aparece como uma pequena inquietude, que vai crescendo lentamente e nos dominando ao longo do tempo. Ela começa a ficar mais evidente ao largo das pequenas coisas, nas atitudes e nos pensamentos.


Curiosamente, o S de Significado é o mesmo S de Sabático. Parece que todas as pessoas que chegam nessa fase da vida, ao redor dos 50 a 60 anos de idade, começam a viver um período de questionamento e de reflexão a respeito da vida que vivem. E se perguntam: “Será que realmente os dias da minha vida estão valendo a pena?". Por isso, eu acredito que a maioria das pessoas nessa idade vive uma espécie de sabático interior, uma espécie de desconforto constante, de um desejo imenso de mudança de curso de vida e um repensar de prioridades. É uma guerra interior.


A minha sensação de inquietude é algo que convivo há algum tempo. Em 2017, em uma das minhas crises existenciais, eu escrevi um artigo no meu blog chamado “Quando vamos fazer algo diferente, Mauro?”. Nesse artigo eu falava sobre o meu desalento por ter que manter os pratos da minha vida sempre girando, ao mesmo tempo que convivia com um desejo latente de deixar pratos caírem, para que novos pratos ocupassem espaço. Dentro de mim crescia a ânsia por fazer coisas diferentes. Na minha ingenuidade, a questão principal era aprender e fazer coisas novas, mas agora entendo que o ponto principal de dor não era realmente esse, mas sim algo muito mais profundo e nobre: entender o propósito da minha existência. Algo filosófico e imaterial. Esse quadro resultou em um processo evolutivo, onde um dos passos vividos foi experimentar um quase burnout , cuja detalhes eu também já contei no blog.


Na estrada de São Paulo para Goiânia

O “Foda-se” do Romeo não é novidade. Existem vários livros com a palavra “Foda-se” na capa. Confesso que não gosto e acho grosseiro, mas deve vender mais livros por conta disso. Surpreendentemente, o livro best-seller “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se”, de Mark Manson, é bom e eu recomendo a leitura. Ele faz a gente pensar.


O fato é que muitas pessoas, e digo isso por conta de amigos e colegas próximos, gostariam de estar falando “foda-se” mais vezes. Mas não é o “foda-se” para a sociedade, para os vizinhos, para a ética e as boas maneiras… é o “foda-se” para a vida que estão levando, sem bem-estar, sem autoconhecimento, sem satisfação pessoal e, principalmente, sem clareza de propósito. São pessoas que não se sentem capazes de responder perguntas básicas como: A minha vida está valendo a pena? É essa vida que eu realmente quero viver? Qual é o sentido da minha existência? Do que eu realmente gosto e almejo para transformar a minha vida em algo mais prazeroso, saudável, relevante e digno?


Há alguns anos, a minha querida amiga Vera Dias (canceriana que nem eu!) publicou um blog contando suas histórias pessoais, refletindo sobre sua maturidade, a entrada nos 60 anos de idade, estrelinhas e os dilemas da vida. Eu me identifiquei muito com tudo aquilo que ela escreveu naquela época. Sinto saudade dos posts dela. Acho que nunca tive a chance de falar para ela o quanto que aquelas histórias me fizeram voar e pensar. O blog tem o divertido nome: “2xTrinta”.


Existem muitos posts da Vera que se conectam com a minha fase atual. O artigo chamado “Enfim 60” colocou uma sementinha dentro de mim, que germinou e virou árvore. O artigo começa assim: “Amanhã, faço 60 anos. Cruzo, oficialmente, a ponte que leva a esse território definido como terceira idade e que tantos insistem em proclamar como melhor idade. Melhor pra quem, cara pálida? Pergunto, com ironia, toda vez que deparo com esse eufemismo. Melhor por quê? Se, na maior parte das vezes, envelhecer significa perder voz e presença no espaço social. Melhor para que? Se viver mais tempo não necessariamente torna-se sinônimo de ganhar novas oportunidades para aprender e se desenvolver — essa renovação que dá sentido à vida.”


Esse post foi publicado no dia 15 de julho de 2017… que foi o dia do meu aniversário de 57 anos. Isso significa que eu e Vera fazemos aniversário quase no mesmo dia. Eu faço em 15 de julho e ela em 16 de julho. Ao ler esse post, em 2017, pensei: “Daqui há 3 anos eu farei 60 anos de idade. Como estarei?” No artigo, a Vera cita o eufemismo da “melhor idade”. Ela, sem querer, colocou uma pedrinha dentro do meu sapato, me fazendo pensar recorrentemente que, ao fazer 60 anos de idade, eu precisaria estar preparado para entrar na melhor fase da minha vida. E passei os anos seguintes pensando nisso.


Na estrada de São Paulo para Goiânia

No ano passado, finalmente, eu fiz 60 anos de idade… e, também, foi o ano que ocorreram vários lutos em minha vida. Foi o ano mais escuro e o mais luminoso que já vivi. Saí de uma caverna profunda para um céu azul vívido, com horizonte infinito. Como diz Edith Eva Eger: as crises podem se transformar em oportunidades, é apenas uma questão de escolha.

No auge da crise, lembro de me imaginar sozinho em alto mar, com vagalhões por todos os lados. Conforme as grandes ondas vinham, eu subia e descia. Às vezes eu estava na crista, outras vezes no vale. A minha preocupação era não afundar. E, quando estava no topo da muralha de água, eu conseguia ver longe na minha frente, identificando que novas ondas gigantes viriam. Ali pensei que não havia tempo para olhar para trás, que eu deveria me manter sempre olhando para frente, atento e esperto para não me afogar. Absorvi esse pensamento e nunca esqueci. Virou um hábito para mim: olhar para frente o máximo possível, com a cabeça sempre levantada.

Para transformar aquele meu instante de vida em um momento de mudança de curso, eu tomei consciência de que não deveria valorizar demais o passado, e sim valorizar intensamente a vida que eu tinha em mãos e o que estava por vir. Um lobo solitário, dentro da minha cabeça, sussurrava: “Olhe para frente, levante a cabeça, não perca tempo olhando para trás”.


Quando comecei a fazer caminhadas de longo curso, aprendi mais uma lição importante: quanto mais leve a mochila, mais rápido e longe eu vou. Hoje carrego essa metáfora dentro de mim, aplicando-a nas minhas decisões, mesmo com dor e sentimento de culpa, por conta de algumas vezes sentir que estou negligenciando o meu passado.


A verdade é que todos os devaneios descritos acima, alguns perturbadores, já vinham rondando a minha cabeça nos últimos anos, porém ganharam intensidade e novas nuances a partir do ano passado, em meu novo contexto de vida.


Em Paraty, Rio de Janeiro

Assisti um vídeo no YouTube que me ajudou na organização de meus pensamentos. Trata-se da palestra “Comentários Filosóficos sobre Bhagavad Gita”, com a Professora Filósofa Lúcia Helena Galvão, da Nova Acrópole.


A Prof. Lúcia Helena disse: “para que algo novo cresça dentro da gente, é preciso deixar algo para trás. O processo de substituição é universal e existe em toda natureza. A borboleta abandona a crisálida para se libertar.”


De alguma forma, a afirmação da professora descreve a mesma sensação que tive com a imagem das ondas: é preciso olhar menos para trás e olhar mais para frente. Ou, dito de outro modo: é preciso abrir mão de coisas para que novas coisas ocupem o seu lugar. Isso é mais fácil de imaginar quando falamos de bens materiais, mas o que acontece quando falamos de renunciar sentimentos, pensamentos e lembranças imateriais?


Abandonar um pedaço de nós não é um processo fácil. De fato, é um processo doloroso. Porém, quando conseguimos atravessar esse mar turbulento, surgirão no horizonte novas possibilidades e novos caminhos. Entretanto, parece que existem várias versões de nós mesmos dentro da nossa cabeça, que nos empurram para direções diferentes, o que nos deixa inseguros e indecisos. Já escrevi sobre os lobos que habitam nossas mentes. Conhecê-los é importante, porém mais importante ainda é o espaço que conscientemente damos a eles em nossos pensamentos e reflexões. É a partir deles que tomamos decisões e fazemos emergir a coragem que nos faz mudar de direção.


Eu vivo um momento de outra guerra… uma espécie de guerra interior. E não estou falando da guerra selvagem como conhecemos. É algo mais sutil e profundo. A minha “guerra interior” é a guerra inteligente, do desenvolvimento pessoal, da superação, do crescimento, da sabedoria e do encontro com a alma. É a guerra por assumir verdadeiramente o comando de minha vida.

Cidade de Goiás

Segundo a Prof. Lúcia Helena, todas as escolhas que temos em nossas vidas, sejam pequenas ou desafiadoras, podem se resumir em apenas duas escolhas: espírito ou matéria. E ela diz: “A consciência é uma espécie de elevador, que te eleva para o espírito ou te deixa na matéria. O elevador quer subir, mas nós não deixamos.”


No vídeo, ela diz: “Se você sofrer uma dor física, a sua consciência vai para o seu corpo físico. Se você se sentir cansado, a sua consciência vai para o seu enérgico. Se você ficar triste, ela vai para emoções. Se você começar a se preocupar muito com alguma coisa, a consciência vai para a mente, e assim por diante. A consciência é o olho que você vê o mundo, o seu foco. Tenho aprendido que a minha consciência me leva para todos os lugares ao longo do dia, mas não consigo me concentrar em refletir sobre minha essência, o sentido de viver e o propósito do que quero fazer com a vida que tenho em mãos. Na maior parte do tempo, eu estou apenas vivendo, sem direção e à disposição de onde a consciência me levar. Portanto, o segredo está em domar a consciência. Posso optar pelo mundo superior ou inferior.”


A realidade é que vivemos conforme as circunstâncias. Muito do que fazemos diariamente é mecanizado, um pouco no automático. Muitas vezes fazemos as coisas sem saber porque realmente fazemos. Na maior parte do tempo, nós estamos presos às contingências e às demandas: o trabalho, a família, cuidar dos filhos, buscar o diploma, etc. Ou seja, obrigações gerais do viver em função do que sociedade espera da gente. As vezes falamos que temos uma boa vida, mas o “ter” é apenas aparente.

Essência e aparência: existe um contraste entre esses dois mundos! A Teoria do Contraste é um conceito oriental, é simples e é uma ideia poderosa. Eis o conceito: sem contraste não há consciência. Aqui vão dois exemplos: Só quando vemos duas cores é que é possível perceber ambas. Se o universo fosse de apenas uma cor, nós não teríamos noção de cores. Só percebemos dois sons quando provocamos o contraste entre eles, porque se o universo tivesse um único som, nós não perceberíamos o som.


É o contraste que nos torna mais conscientes. Portanto, temos que provocar o contraste em nossas vidas para evoluirmos e percebermos as coisas. Isso nos potencializa para as dificuldades e ilumina nossas escolhas, tornando-se condição básica para nosso desenvolvimento.

Se eu não desenvolver algo novo dentro de mim e comparar com o restante, eu não vou conseguir perceber as coisas… e isso não vai estimular a minha consciência. Resumindo: a minha consciência não vai avançar se eu não estimula-la.


Intuitivamente, desde o ano passado, que eu tenho me jogado a fazer coisas diferentes, que me geram desconforto e insegurança. Isso é contraste! O contraste não apenas gera grau de consciência, mas ele desperta harmonia. Acho que aqui pode estar um dos segredos de nossa felicidade e paz: harmonia. Afinal, harmonizar é saber conciliar, aceitar, compor e combinar as diferenças. Portanto, nos expor as diferenças, provocar contraste em nossas vidas, é algo super positivo em todos os sentidos. Como diz a professora: “Nós somos o degrau mais elevado que a nossa consciência desejar subir”.


Com o entendimento que eu tinha a oportunidade de mudar o curso da minha vida, eu comecei a questionar qual era a minha essência, como eu poderia controlar a minha consciência e o que fazer para alcançar uma vida mais espiritual e menos material. Por isso, no começo de 2021, eu iniciei um curso de Filosofia. Parece que o curso incendiou um pavio e intensificou o tal “contraste” dentro de mim, me aproximando mais de minha consciência, me permitindo repensar com mais clareza para onde desejo levar a minha vida, me dando mais conforto para olhar mais para frente do que para trás, me ajudando no desapego do passado e na renúncia de coisas diversas, para que outras ocupem seu lugar. Hoje tenho interesse no futuro, mas o que vale mesmo é viver intensamente o presente.


Goiatuba, em Goiás

Penso todos os dias sobre o que fazer com a liberdade conquistada. E confesso que liberdade as vezes dói, porque as vezes não sabemos o que fazer com ela. Parece ser mais fácil viver aprisionado porque podemos alegar que a nossa vida não está sob nosso comando. Eu acho que vivi isso inconscientemente durante muito tempo, especialmente nos últimos anos, onde vivi um período de muita pressão e desafios. Lembro que, às vezes, no escuro da noite, no meio do turbilhão, eu me via como uma espécie de herói. Cada dia vivido era para mim um dia de herói, equilibrando pratos como malabarista. Pobre pensamento o meu. Aquilo não era heroísmo, mas dentro de mim eu me alimentava de delírios de coragem, bravura e vitória.


No prefácio do excepcional livro “A Bailarina de Auschwitz” de Edith Eva Eger, escrito pelo Dr. Philip Zimbardo, ele diz que “o heroísmo não é privilégio apenas daqueles que realizam façanhas extraordinárias, ou que assumem riscos para proteger a si mesmos e aos outros. Mais que isso, o heroísmo é uma mentalidade, ou o acúmulo de nossos hábitos pessoais e sociais. É um jeito de ser. Um jeito especial de ver a si mesmo. Ser herói pressupõe agir decisivamente nos momentos críticos da vida, tentar resolver as injustiças ou criar uma mudança positiva no mundo. Ser herói também exige grande coragem moral. Cada um de nós tem um herói interior esperando ser revelado. Somos todos ‘heróis em desenvolvimento’. Nosso treinamento para o heroísmo é a vida, as circunstâncias cotidianas que nos convidam aos seguintes hábitos: realizar ações de bondade diariamente, demonstrar compaixão, começando com a autocompaixão, revelar o melhor dos outros e de nós mesmos, conservar o amor inclusive nos relacionamentos mais desafiadores e celebrar e exercitar o poder de nossa liberdade mental“.


Quando leio tudo isso, me vejo como um principiante na vida. Acho que, pela primeira vez, eu vivo uma fase de lucidez contínua a respeito da minha vida. Já tive momentos de lucidez no passado, mas foram ocasionais e momentâneos. Atualmente, cada novo dia que vivo é um dia de reflexão, eu me sinto mais liberto e mais consciente do que desejo e busco. O sabático tem sido fundamental para o meu resgate pessoal.


Hoje, eu me qualifico como um “herói em desenvolvimento”, sabendo usufruir melhor de minha liberdade, despreocupado com aparências, aceitando meus limites, curtindo a maturidade, exercitando minha consciência e sendo comandante de minha transformação. Não busco mais conquistas materiais relevantes. Optei por crescer mentalmente e espiritualmente. Essa é a minha guerra pessoal… a minha guerra do bem… a minha guerra interior.


No topo da Serra das Araras assistindo o show do amanhecer


Assine o blog

Obrigado(a)!

bottom of page