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A jornada de ressignificação da minha vida

  • Foto do escritor: Mauro Segura
    Mauro Segura
  • 22 de abr. de 2024
  • 36 min de leitura

Atualizado: 21 de abr.


Mauro Segura na sala - A jornada de ressignificação de minha vida
Mauro Segura

A viagem de ressignificação da minha vida teve início em 2020, que é o ano que completei 60 anos de idade.


No entanto, as primeiras inquietaƧƵes internas comeƧaram lƔ pelos meus 50 anos, porƩm eu tratava de domƔ-las e afastƔ-las, interpretando-as como simples desvios de pensamento, devaneios e obstƔculos para a minha rota de vida. As perguntas e questionamentos que surgiam no meu interior eram abafadas pelas minhas obrigaƧƵes e demandas do dia a dia.

Nos primeiros dias de 2017, quando o câncer da minha amada Regina foi descoberto, tudo se embaralhou na minha vida. As perguntas e questionamentos existenciais, represadas no fundo da minha mente, saíram da caverna e conviveram comigo ao longo dos anos seguintes.

O tratamento da Regina e o meu trabalho, misturado Ơ busca insaciƔvel de viver o futuro perdido no presente indesejado, trataram de roubar o meu tempo e ocupar a minha cabeƧa, colocando mais uma vez as perguntas em banho-maria.


Porém, algo jÔ havia despertado dentro de mim, na verdade dentro de nós, porque eu e Regina iniciamos uma jornada espiritual e de autoconhecimento, que transformaram os nossos anos seguintes em algo sublime e profundo.



A Jornada Espiritual e o Autoconhecimento


Este artigo conta a minha jornada de transformação e ressignificação de vida tendo por base as perguntas surgidas na minha mente ao longo do tempo, como procurei respostas, quais direções tomei e os novos olhares e percepções que apareceram, o que me levou a ressignificar o meu passado, mudar o meu entendimento de vida e tomar decisões que mudaram completamente o meu estado mental em relação à felicidade, bem-estar, visão de vida e realização pessoal.

Regina partiu deste mundo no dia 28 de fevereiro de 2020, na véspera da pandemia. Eu havia pedido demissão do emprego alguns meses antes, para viver integralmente com e para ela. Ao longo dos 3 anos de seu tratamento (que foram intensos), caíram por terra muitos dos meus conceitos de felicidade, sucesso e objetivos de vida. Determinados valores e prioridades, até então dentro de mim, derreteram perante a nova realidade que vivíamos. No entanto, aqueles anos de tratamento foram os anos mais felizes da minha união com a Regina porque nos doamos por completo.


Sentado na cadeira observando o jardim refletindo sobre a vida
Na casa de Paraty, Rio de Janeiro, MarƧo de 2020

O artigo ā€œO que aprendi com o cĆ¢ncerā€, escrito em 2017, quando vivĆ­amos uma fase de remissĆ£o temporĆ”ria da doenƧa, Ć© a evidĆŖncia de que a minha transformação, de alguma forma, jĆ” havia comeƧado mesmo sendo uma mudanƧa muito tĆ­mida perante o tsunami que estava por vir.


AtĆ© entĆ£o, a minha vida era voltada para o sustento da minha famĆ­lia, do meu trabalho e carreira e da minha preparação para construir um ā€œfuturo tranquilo e seguroā€. De repente, eu nĆ£o tinha mais a parceira de minha vida, os meus filhos estavam crescidos e independentes, eu nĆ£o tinha mais emprego, nĆ£o tinha mais demandas, nĆ£o tinha hora para acordar e o futuro imaginado havia desaparecido. Havia somente um grande vazio a ser preenchido por mim.


Por que, para que e para quem viver?



Superando o Luto: Um Processo de Transformação


Em abril de 2020 eu publiquei o artigo ā€œEm busca de propósitoā€, onde contava o meu estado de espĆ­rito e a necessidade de repensar completamente a minha existĆŖncia.


Eu estava perdido, desorientado, sem entender o motivo e a razão por estar vivo. Por outro lado, algo interno me dizia que aquela poderia ser uma grande e singular oportunidade de transformação de minha vida. Havia um portal diante de mim.


A partir daquele instante eu comecei a prestar mais atenção às perguntas que pulavam em minha mente, desde coisas simples até questões existenciais. Passei a me ouvir.


A busca por respostas foi inevitƔvel. PorƩm, cada vez que encontrava indƭcios de respostas, surgiam novas perguntas que despertavam uma nova onda de busca, com mais perguntas, em um loop interminƔvel.


Quando encontro as respostas, as perguntas mudam. Portanto, perguntas e respostas nunca são definitivas.

Compreendi que eu precisava desbloquear as minhas emoƧƵes. Precisava deixar sair tudo de dentro de mim… tudo que estava enjaulado hĆ” muito tempo. Era preciso me observar mais para me conhecer melhor, porĆ©m abrindo as jaulas, me tornando mais acessĆ­vel para os outros e para mim mesmo, buscando ser mais poroso e permeĆ”vel.


No meio de tudo isso, eu tambĆ©m precisava descobrir novas habilidades pessoais, potenciais e interesses dentro de mim, deslumbrar novos caminhos e possibilidades, sair daquele meu mundo limitado e… ousar! Eu precisava despertar ā€œnovos Maurosā€.


Adotei a palavra ā€œaventuraā€ e entendi que a minha jornada precisava ser recheada de novas experiĆŖncias e novas vivĆŖncias, com novas pessoas e novos pensamentos, exigindo um repensar de valores e crenƧas. Era preciso me desafiar, abraƧar o desconforto, me lanƧar ao fluxo da vida para alcanƧar novos mares. E foi isso que persegui.


Passei a deixar fluir naturalmente as perguntas. Consegui abandonar o velho cacoete de abafƔ-las e tratƔ-las como um mero incƓmodo.


As perguntas começaram a jorrar e eu tratei de colocÔ-las na minha frente, em um pedestal, tratando-as como a essência da minha busca e meu propósito.


SerƔ assim que seguirei com este artigo, enumerando as perguntas que surgiram na minha cabeƧa, mais ou menos na ordem em que elas surgiram, como cuidei de procurar respostas, como novas perguntas surgiram, dentro do loop que citei anteriormente.


Ao longo do texto, colocarei links para os meus artigos (do blog) que melhor contam os momentos desta minha jornada. Citarei, especificamente, os conteĆŗdos (livros, TEDs, vĆ­deos, podcasts etc) e experiĆŖncias que me foram mais importantes, jĆ” que seria impossĆ­vel listar todos.


Observando a praia e refletindo sobre a minha jornada de transformação de vida
Em Paraty, Rio de Janeiro, Setembro de 2020

1- O que Ć© morrer? O que acontece depois da morte?

2- O que Ć© o luto? Como superar o luto?


Enquanto Regina estava viva, eu nunca me permiti pensar muito sobre como seria o dia seguinte Ơ sua morte. Quando me pegava iniciando um pensamento nessa linha, eu tratava de afastar porque me fazia pensar que eu estava antecipando alguma coisa. E agi assim atƩ o dia de sua partida.


No entanto, quando ela partiu, a minha mente foi ocupada brutalmente pelas perguntas inevitƔveis sobre MORTE.


SerĆ” que Ć© assim mesmo? A gente morre e pronto?


Pensei na minha própria morte. Junto veio a questão do LUTO.


Conversei com pessoas que viveram ou estavam vivendo a perda de entes queridos, mas da maioria recebi muito lamento e vitimismo. Eu não queria esta espécie de conforto e feedback. Era preciso sair do meu círculo pessoal. Eu precisava entender o que acontecia dentro da minha cabeça e quais seriam as alternativas para minha autossuperação.


O reconhecido livro ā€œA morte Ć© um dia que vale a pena viverā€, de Ana Claudia Quintana Arantes, Ć© espetacular e foi muito importante. Eu li este livro meses antes da partida da Regina (li mais de uma vez) e fez muita diferenƧa para mim, especialmente na condução dos momentos derradeiros, nos Ćŗltimos dias de vida dela. Esta obra deveria ser lida por todo mundo.


A autora participou de um TED hÔ 10 anos, quando ela contou um pouco do conteúdo do livro em um vídeo de 18 min. Muito bom, mas ele não substitui o livro.


O famoso TED de Nora McInerny, chamado ā€œNós nĆ£o deixamos a dor para trĆ”s. Seguimos em frente com elaā€, foi uma ā€œporradaā€ para mim. Neste vĆ­deo, Nora conta a sua experiĆŖncia com o luto, da perda de seu primeiro companheiro de vida, da sua ressureição com um novo companheiro e como ela vem vivendo sentimentos conflitantes ao longo dessas duas fases de vida.


Pela primeira vez eu vi alguém falando de forma pragmÔtica sobre morte e luto, sem rodeios e filtros, porém com algumas gracinhas que achei desnecessÔrias. Este vídeo de apenas 15 min somou peças ao meu quebra-cabeças da vida. Vale a pena (tem legendas em português).


O excepcional livro ā€œA morte na visĆ£o do espiritismoā€, de Alexandre Caldini, me trouxe muitas respostas e conforto. Assisti algumas lives de Caldini que abriram a minha mente e funcionaram como boias de esperanƧa, onde me agarrei com forƧa, flutuando no meu mar sem horizonte.


Depois li um outro livro dele, tambĆ©m excelente, chamado ā€œA vida na visĆ£o do espiritismoā€. Procure Alexandre Caldini no Youtube e encontrarĆ” excelente material.


A ESPIRITUALIDADE me ajudou muito no entendimento da morte, e continua me ajudando de forma ampla, me trazendo paz, esperanƧa, bem-estar, seguranƧa, vitalidade e significado para os eventos da vida.


Aprendi que existem palavras mais corretas para expressar a morte, como desencarne, passagem, partida e outras. Obviamente que tudo isso estĆ” muito vinculado Ć s crenƧas, religiĆ£o e formação espiritual de cada indivĆ­duo. Eu descobri que A MORTE NƃO Ɖ O FIM DE TUDO.


Acho que o meu luto se divide entre antes e depois de ouvir o episódio ā€œ66 – Sobre lidar com perdasā€, do podcast Autoconsciente, de Regina Giannetti. Ɖ um episódio curto, de apenas 30 minutos, porĆ©m profundo e esclarecedor.


Acho que ele me tocou muito forte porque ouvi este episódio, pela primeira vez, em um instante de intensa VULNERABILIDADE. Ele entrou fundo na minha alma. Neste episódio eu aprendi o processo do luto e como lidar com os sentimentos. Recomendo não somente este episódio, mas todo o podcast Autoconsciente.


Ao entender que o luto Ć© um processo e que ele só pode ser superado se for vivido integralmente, eu me joguei nos estudos sobre o luto. E, de tudo eu consumi, o livro ā€œSobre a morte e o morrerā€ de Elisabeth Kubler-Ross Ć© especial, porque a autora apresenta os estĆ”gios do luto, em detalhes e com profundidade.


Naquela Ć©poca, eu ainda estava vivendo a primeira fase do luto que Ć© ā€œnegação e isolamentoā€, e jĆ” ensaiando a entrada na segunda fase: a ā€œraivaā€. Era preciso estar consciente e preparado para tudo que eu ainda eu iria viver, porque possivelmente isso poderia tornar o luto menos doloroso.


Existe um documentĆ”rio excelente, emocionante, chamado ā€˜Viver amorosamente atĆ© o fim – Vida e Legado de Elisabeth Kubler-Rossā€. Recomendo!


O processo do luto pode ser aplicado a outros tipos de perda alƩm da perda de um ente querido, como, por exemplo, a perda de um emprego, o fim de um relacionamento ou outras transiƧƵes importantes na vida.


Aprendi que o luto tem significados e desdobramentos diferentes para cada pessoa.


Também aprendi que o luto é individual, diferente em intensidade e sentimentos, portanto não existe fórmula ou receita.


Enfim, cabia a mim entender o ā€œmeu lutoā€. Considerando que o processo era inevitĆ”vel, a minha procura era entender como eu poderia acelerar o meu processo. O exercĆ­cio de autoconhecimento passou a ser fundamental.


Com foco na auto-observação, no autoconhecimento e no meu DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL, eu comecei a buscar mais tempo para ficar sozinho, contemplativo, olhando para o meu interior, buscando me conhecer melhor. Não era um isolamento fugidio para lamentação, mas um isolamento meditativo, com foco mental e espiritual.


Eu comecei a fazer longas caminhadas sozinho e descobri que aquilo me fazia muito bem, tanto fisicamente, quanto mentalmente.


Caminhando eu conseguia fazer incursƵes dentro de minha cabeƧa, arrumava pensamentos, me levando vƔrias vezes a tomar decisƵes de vida. Este impulso intenso de caminhar sozinho por longo tempo nunca mais parou.


Em cima da pedra na praia de frente para a Pedra do Ponta, na praia do Recreio, no Rio de Janeiro
Na praia do Recreio, Rio de Janeiro, Fevereiro de 2021

3- Como lidar com a saudade avassaladora?

4- Como deixar fluir os sentimentos?

5- Qual a diferenƧa entre emoƧƵes e sentimentos?


No meu processo de luto, eu precisava deixar FLUIR OS SENTIMENTOS. Isso era parte do processo de superação do luto.


Ficar sozinho, curtindo intensamente a fossa, não evitar a dor, deixar fluir, acreditando que algum dia o processo termina.


Comecei a escrever cartas para Regina em cadernos, de forma livre, escrevendo tudo que vinha a minha mente. Escrevi devaneios, desabafos, cartas de amor, promessas, uma mirƭade de coisas que pulavam na minha cabeƧa inquieta. Escrevi, impulsivamente, ao longo de meses.


Foi uma catarse, uma espƩcie de remƩdio e uma forma de conversar com Deus.


Os cadernos de cartas somaram perto de 700 pĆ”ginas. Depois de algum tempo, os textos foram mudando. Passei a escrever mais sobre mim, o que eu sentia e o que eu queria, ou seja, eu comecei a construir o ā€œmeu cadernoā€, a minha nova história de vida.


Deixei de escrever conversas com Deus, e passei a escrever as conversas que eu tinha comigo mesmo.


Escrever artigos no meu blog e no LinkedIn, me vulnerabilizando, externando toda montanha-russa que eu vivia, foi também uma forma de libertação. Recebi muitas e muitas mensagens no blog de apoio e solidariedade, mas também mensagens me sinalizando alternativas e caminhos que até então eu não vislumbrava. Foi muito bom (e ainda é!!!) receber suporte e carinho desta rede.


Nos primeiros meses, após a partida da Regina, eu senti muita CULPA por buscar alegria em momentos triviais da vida, por sorrir, por me permitir ficar leve e por fazer coisas divertidas e prazerosas.


No meio das minhas leituras, conheci a ā€œsĆ­ndrome do sobreviventeā€, que Ć© basicamente sentir culpa por continuar existindo. Eu estava vivendo isso.


Inicialmente, escrever foi a forma que encontrei para destravar a mente, abrandar a culpa, desabafar, deixar fluir emoƧƵes e sentimentos.


Mais tarde o ā€œato de escreverā€ tornou-se uma forma eficaz de ORGANIZAR PENSAMENTOS, arrumar minha cabeƧa e construir pontes de esperanƧa para a minha vida.


Os cadernos foram o primeiro sinal concreto de que um novo Mauro estava surgindo.


Conheci, depois, o mĆ©todo da Comunicação NĆ£o Violenta – CNV. O conceito do CNV foi elaborado para melhorar a comunicação entre pessoas e para intermediação de conflitos. O surpreendente Ć© que o mĆ©todo se mostra extremamente poderoso no desenvolvimento de uma conversa interior.


Ao aprender e aplicar o mƩtodo em mim mesmo, ele se mostrou muito eficaz no entendimento de minhas emoƧƵes e sentimentos. Acabei incorporando alguns dos conceitos no meu dia a dia.


Eu recomendo o livro ā€œComunicação NĆ£o Violentaā€, do psicólogo Marshall B. Rosenberg. O livro Ć© de fĆ”cil leitura, com linguagem didĆ”tica, farto de exemplos e muito bem-organizado.


Os meus cadernos registrando a minha transformação de vida
Os cadernos

6- Como me tornar uma pessoa mais resiliente?


Como falei antes, no aprendizado do luto eu descobri que era importante não sublimar a dor. Era preciso viver tudo, deixÔ-la fluir, impiedosamente.


Por outro, eu precisava SER RESILIENTE para enfrentar tudo aquilo. Muitas vezes eu tinha a impressão de que eu me autossabotava.


A palestra ā€œ3 segredos de pessoas resilientesā€, de Lucy Hone, realizada no TEDxChristchurch (tem legendas em portuguĆŖs), apresenta estratĆ©gias e comportamentos de pessoas resilientes. A terceira estratĆ©gia, chamada ā€œIsso estĆ” me ajudando ou me machucando?ā€, me ajudou bastante.


Ela diz para nos questionarmos o tempo todo: ā€œA maneira como estou pensando ou agindo nesse momento estĆ” ajudando ou prejudicando o meu esforƧo para lidar com a minha situação?ā€


A palestrante fala sobre PENSAMENTOS SABOTADORES e auto detratores. Enfim, o TED me alertou que era preciso eu me auto-observar mais e agir, pois sair da caverna onde eu havia me enfiado dependia apenas de mim, de mais ninguƩm.


Em Teresópolis, saindo da caverna emocional para minha transformação
Em Teresópolis, no Rio de Janeiro, Setembro de 2021

7- Quando termina o luto?

8- Como criar um marco para o meu novo ciclo de vida?


Tomei a decisão de que era hora de fazer uma grande mudança na minha existência, de entrar em um novo e virtuoso CICLO DE VIDA, mesmo não tendo ideia de como seguir com isso.


Na minha cabeƧa, eu precisava estabelecer um marco para sinalizar que o passado jƔ havia ficado para trƔs. Queria fazer algo que eu pudesse me testar, passar um tempo sozinho e tomar decisƵes de vida.


Eu estava próximo de fazer 60 anos de idade e aquele me parecia um momento muito especial.


Decidi fazer uma viagem de carro sozinho, longe de tudo e de todos. Como vivíamos os primeiros meses da pandemia, confesso que foi uma decisão de risco, mas segui adiante.


Minha viagem solitÔria de aniversÔrio 60 anos foi um ponto de inflexão e uma forma de deixar claro que agora era eu comigo mesmo. A partir daquela experiência eu passei a considerar que o meu processo de mudança estava em curso, sem possibilidade de retorno ou interrupção.


Esta foi uma viagem transformadora, porque descobri que eu me basto, que gosto muito de mim e que fico numa boa sozinho. Ela tambĆ©m marca o inĆ­cio de uma fase ā€œpĆ© na estradaā€. Nos 12 meses seguintes, eu fiz mais de 25 mil quilĆ“metros de carro e a pĆ©, visitando mais de 40 cidades diferentes no Brasil. Teve meses que a minha mĆ©dia de caminhada diĆ”ria foi de 15km.


Um outro marco importante foi criar um momento de despedida final da Regina. Eu precisava libertƔ-la de mim e aceitar a sua partida. Para isso, era preciso estabelecer uma cerimƓnia, algo mƔgico, ƭntimo, pessoal e inesquecƭvel.


Desta forma, em 28 de fevereiro de 2021, exatamente 1 ano após sua partida, eu conduzi um pequeno ritual, na Praia do Recreio dos Bandeirantes, no Rio de Janeiro. Este ritual estĆ” detalhadamente contado em meu artigo ā€œUm ano depois, a nossa Ćŗltima rosaā€.


A sensação foi que ali, naquele momento, eu estava realmente fazendo a despedida final da Regina, como se ela tivesse partido para uma longa viagem sem volta.


Aprendi, no meu processo de luto, que Ć© saudĆ”vel criar marcos de MUDANƇA DE CICLOS. Esses marcos funcionam como virada de pĆ”gina, ou melhor, mudanƧa de capĆ­tulos. Para mim, esse momento da rosa chegando Ć  Regina marca uma mudanƧa de capĆ­tulo no meu livro da vida. Acredito que a rosa encantada no mar simboliza apropriadamente o fim do meu luto.


Na estrada viajando pelo Brasil
A minha viagem solitƔria dos 60 anos, no interior do Rio de Janeiro - Julho de 2020

9- O que eu quero para a minha vida?

10- Qual é o meu propósito? Qual é o sentido da vida?

11- Por que eu existo? Por que estou vivo?


QuestƵes existenciais jƔ estavam pulando na minha mente ao longo do tempo, mas quando liberei geral elas realmente explodiram e se tornaram tormentos.


A busca por evidências de respostas às perguntas acima aumentou os meus momentos de profunda introspecção.


Minhas caminhadas diƔrias passaram ser muito mais longas, mais de 10km, no meio da natureza e da pandemia, com sol na cara e muito contemplativas.


Eu não parava de pensar e conversar muito comigo mesmo, em diÔlogos com partes de mim que eu nunca havia alcançado. Passei a me auto-observar ainda mais.


Consumia livros, podcasts e vĆ­deos de forma intensa.


O livro ā€œEm busca de sentidoā€ de Viktor Frankl e os livros ā€œA Bailarina de Auschwitzā€ e ā€œA liberdade Ć© uma escolhaā€ de Edith Eva Eger sĆ£o extraordinĆ”rios. Ambos os autores contam, em seus livros, suas experiĆŖncias em busca de PROPƓSITO E SENTIDO DE VIDA nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Tudo parece pequeno diante do que eles viveram e de como transformaram suas vidas.


O livro ā€œFindind Meaning: The Sixth Stage of Griefā€, de David Kessler, fala sobre a sexta fase do luto: encontrar um sentido.


Quando começamos a pensar de forma lúcida e equilibrada sobre propósito e significado, é porque o luto estÔ em seus momentos derradeiros. Era o meu caso!


No Caminho do Vale Europeu, em plena transformação de vida, fazendo um carinho em um cachorrinho perdido no caminho
No Caminho do Vale Europeu, em Santa Catarina, em Novembro de 2020

12- O que Ć© uma vida que vale a pena?


As questões existenciais, os dilemas profundos e a espiritualidade me levaram a estudar filosofia e a consciência humana.


Colocar a FILOSOFIA na minha vida foi transformador. A conexão entre filosofia e espiritualidade foi natural e amplificou o meu entendimento da vida.


Eu entrei no curso ā€œFilosofia Ć  Maneira ClĆ”ssicaā€ na Escola Nova Acrópole e foi sensacional.


Conheci o Estoicismo, a Sabedoria HermĆ©tica, Bhagavad Gita, a Voz do SilĆŖncio de Helena Blavastky e o ā€œMito da Cavernaā€ de PlatĆ£o. Me identifiquei muito com a caverna.


Fui apresentado à Professora e Filósofa Lúcia Helena Galvão e me encantei. Assisti dezenas de apresentações da Profa. Lúcia Helena em podcasts e vídeos. Todos espetaculares e transformadores.


Recomendo fortemente o canal na Escola Nova Acrópole no Youtube, com dezenas de aulas filosóficas de muita qualidade.


Alguns livros filosóficos precisam ser citados, como ā€œA Arte de Viverā€ de Epicteto, ā€œMeditaƧƵesā€ de Marco AurĆ©lio e ā€œCaibalionā€. Todos os trĆŖs merecem ser lidos.


O livro Caibalion Ć© complexo, por isso recomendo a playlist chamada ā€œO CAIBALION – Leitura comentadaā€ da Profa. LĆŗcia Helena no YouTube formada por 15 aulas, onde ela comenta o Caibalion detalhadamente com enorme clareza. Eu jĆ” assisti estas aulas vĆ”rias vezes.

O fato Ć© que a filosofia me instrumentalizou de conceitos e diferentes VISƕES da realidade.


Estou mais consciente do sentido das coisas. Passei a olhar com coragem para as sombras de minha alma. Ɖ um exercĆ­cio doloroso, de misericórdia, frustração e perdĆ£o, porque me descobri vulnerĆ”vel e limitado.


Me despertei para uma vida mais simples, apesar que, internamente, eu jĆ” estava Ć  procura disso.


A minha ansiedade foi se reduzindo Ć  medida que respostas preenchiam a minha mente. Perguntas mais profundas e existenciais surgiam.


Fiquei mais sedento por me conhecer melhor, entender o meu interior… o meu eu. E isso redirecionou a minha inquietude. Passei a olhar menos para fora e olhar muito mais para dentro de mim.


Viajando pelo Brasil com meu carro e vivendo novas experiĆŖncias
Na estrada, em algum lugar entre MG e GO, em Novembro de 2021

13- Quem sou eu de verdade?

14- Qual Ć© a minha verdadeira identidade?


O exercĆ­cio de AUTOCONHECIMENTO Ć© individual e muitas vezes Ć© um caminho longo, quase sempre uma estrada sem fim e sem retorno.


Alguns buscam ajuda externa, como terapeutas, psicólogos e outros orientadores, o que me parece muito bom e eficaz. Outros buscam pessoas que passaram por processo semelhante, para aprender com suas experiências e conselhos. O que também funciona muito bem para alguns. Outros buscam caminhos próprios, como meditação, leitura, autoestudo, qualquer meio que coloque a pessoa em profundo contato com ela mesmo. Este foi o meu caso!


Um dos conteĆŗdos que mais me ajudou nesse caminho de autodescoberta foi a poderosa palestra ā€œA arte de ser vocĆŖ mesmoā€, de Caroline McHugh, no TEDx.


Nesta palestra, eu fui apresentado ao ā€œComplexo do Euā€ (Percepção, Persona, Ego e Self) e aos Intervalos de Possibilidade.


O conceito dos Intervalos de Possibilidade é simples e poderoso: existem momentos em nossas vidas que se prestam a mudanças, que se apresentam como bifurcações em nossa linha da vida. São situações únicas em que você sente que o potencial para mudança é intensificado. Tais possibilidades podem abrir um novo caminho no curso de nossa existência, que poderão nos levar para uma nova direção e novas perspectivas de vida.


Eu estava vivendo exatamente este momento em minha existĆŖncia. No meu artigo ā€œO desafio de se descobrir e ser vocĆŖ mesmoā€ eu apresento e discuto todos estes conceitos que aprendi com Caroline McHugh.


Aprendo, me observo, estudo, evoluo, mas continuo sendo um mistƩrio para mim mesmo

Esta busca pelo meu SELF, pela minha VERDADEIRA IDENTIDADE, ainda continua. Eu não sei se conseguirei um dia falar que cheguei lÔ.


A filosofia mais uma vez tem sido importante nesta minha busca pessoal de me despir do ā€œMauro que conheƧoā€, de fugir dos personagens que carreguei ao longo da vida, das minhas mĆ”scaras, preconceitos e vieses.


Para descobrir o meu sol interior, eu me joguei em muitas experiências diferentes. Por exemplo: participei do ritual do Cacau, Sound Healing, sessões de Cone Hindu, Roda de Homens, Constelação Familiar, sessões de biomagnetismo e outras mais. Mas nada foi tão forte e impactante como a minha consagração no Santo Daime, que provocou mudanças fundamentais em minha mente e conceitos pessoais sobre a vida.


Contei tudo, detalhadamente, no artigo ā€œA minha experiĆŖncia com o Santo Daimeā€. Apesar da tendĆŖncia de analisar essa experiĆŖncia de forma racional, o fato Ć© que vivi uma incrĆ­vel EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL.


Eu sou testemunha de que o espírito existe e que eu consegui acessÔ-lo. A experiência do Santo Daime me deu a certeza de que a morte não é o fim de tudo, é apenas uma passagem, porque nós não somos o corpo físico que ocupamos.

Na verdade, eu jĆ” tinha vivido uma experiĆŖncia que havia me provado que a morte nĆ£o Ć© a finitude da vida. Foi uma experiĆŖncia com a Regina, antes e depois de sua partida. Eu descrevi esta incrĆ­vel experiĆŖncia, em detalhes, no meu artigo ā€œO beija-flor e a tatuagemā€.


O beija-flor pousado e me mandando sinais do universo
O beija-flor, pousado, para minha foto - MarƧo de 2020

15- Como cuidar dos meus sentimentos?

16- Como me hamonizar por inteiro?


Nas dezenas de leituras tentando desvendar o que acontecia comigo a partir dos meus lutos, eu me aprofundei no estudo das 4 dimensões humanas existentes dentro de nós, interconectadas e inseparÔveis: o corpo físico, o corpo energético, o corpo emocional e o corpo mental.


No exercĆ­cio de aplicar as dimensƵes na minha realidade pessoal, eu determinei aƧƵes em vĆ”rias Ć”reas diferentes, como saĆŗde, alimentação, conhecimento, relacionamentos, equilĆ­brio material, equilĆ­brio mental e bem-estar, atividade profissional e fechamento e abertura de ciclos. Tais decisƵes foram descritas no artigo ā€œEm busca de sentido: as fases da vidaā€.


Corpo e mente em harmonia. Lidar com minhas vulnerabilidades. Viver integralmente o luto. Não lutar contra os meus sentimentos, mas deixÔ-los fluir. Gerar mais energia interna e mantê-la em alto nível. Fazer à vontade se impor à mente. Ter determinação para fazer. Aceitar a vida como ela é. Olhar mais para frente do que para trÔs. Gostar do que me parece estranho e diferente. Testar e ultrapassar os limites do meu corpo e da minha mente. Aceitar o desconforto contínuo. Tudo isso dominava a minha cabeça, eu não deixava passar nada e sentia uma transformação acontecendo dentro de mim.

Aprendi que o que faço com os meus sentimentos é uma decisão exclusivamente minha. Eu tenho a liberdade de escolher como quero viver e reagir perante cada situação que surge na minha frente no dia a dia.

Ao mesmo tempo, passei a observar melhor os sinais vindos do mundo a minha volta e como eu reagia internamente a eles. Os acontecimentos, as dificuldades, os dilemas, as ilusƵes, as soluƧƵes, a paz de espĆ­rito… tudo que eu vejo ou interpreto da vida estĆ” dentro da minha cabeƧa. A forma como eu penso, determina a maneira como sinto e vivo a vida.

Procurei fiquei mais aberto aos sinais do universo.


Segundo o livro ā€œO Alquimistaā€, de Paulo Coelho, o universo manda sinais. Este Ć© um livro que conta uma fĆ”bula maravilhosa. Eis um trecho do livro: ā€œQuando vocĆŖ quer alguma coisa, todo o universo conspira para que vocĆŖ realize o seu desejoā€.


O segredo da frase não estÔ em sua superficialidade aparente, mas sim no que estÔ por trÔs. Os nossos reais desejos são aqueles que nunca confessamos, nem a nós mesmos, porque eles estão no fundo do nosso subconsciente e da nossa alma: são os nossos pensamentos escondidos, as nossas intenções, a vitimização reconfortante e a alegria macabra da tragédia pessoal. Para a maioria de nós, essa é uma tampa que temos medo de abrir. Portanto, preferimos deixÔ-la intocÔvel. Nós mesmos nos iludimos.


O subconsciente Ć© um mundo de luzes e sombras.


Reconhecer as trevas dentro de nossa alma Ć© uma viagem cruel de autoconhecimento e consciĆŖncia pessoal, que denuncia a nossa verdadeira essĆŖncia. Ɖ preciso coragem para olhar fundo dentro de nós, identificar as sombras, por mais difĆ­cil e doloroso que isso possa aparecer.


Eu preciso ter cuidado não somente com o que eu falo e ou como ajo, mas principalmente com o que eu penso, dos meus desejos escondidos no canto mais profundo de minha alma, porque o universo vai conspirar para que eles se realizem.


Se eu escolher por pensamentos rancorosos e melancólicos, o universo transformarÔ isso na minha realidade de vida.

A liberdade é o dia de hoje, não é o futuro, nem muito menos passado. Eu escolho o que me alimenta e me valoriza. Pensar desta maneira me trouxe uma responsabilidade enorme e me tirou da posição de vitimismo.

Eu sou resultado do que consumo, com quem me relaciono e como reajo aos fatos da vida

Passei a olhar os sinais do universo, mas também passei a observar melhor os sinais vindos da minha mente e do meu coração, de dentro de mim. Esta é uma capacidade que venho desenvolvendo até hoje.

Recomendo o excepcional livro ā€œA Escola dos Deusesā€ de Elio DĀ“Anna, que narra a história de desenvolvimento e renascimento de um ser humano comum. Uma frase do livro me foi muito marcante: ā€œum ser humano nĆ£o pode mudar os fatos de sua vida, somente a maneira como os interpretaā€.

O livro ā€œO cavalheiro preso na armaduraā€, de Robert Fisher, conta uma fĆ”bula encantadora, que toca todas as pessoas que se sentem presas aos compromissos e Ć s responsabilidades do mundo moderno, que se distanciaram daqueles que amam e que deixaram os seus desejos de lado. Ɖ um livro que fala sobre desapego.

O livro ā€œAs Sete Leis Espirituais do Sucessoā€, de Deepak Chopra, Ć© um livro que apresenta excelentes reflexƵes relacionadas Ć  realização pessoal. Ɖ um livro fino, porĆ©m com conteĆŗdo que gera muita reflexĆ£o.


Consagração do Santo Daime que mudou a minha vida
1a. Consagração do Santo Daime

17- Como viver uma vida mais leve?

18- Como lidar com a minha sĆ­ndrome do impostor?

19- Como lidar com meu perfeccionismo extremo?

20- Como dialogar com os lobos que existem dentro de mim?


Sempre me considerei uma pessoa metódica, detalhista e exigente. Muitas vezes estas minhas características roubaram alegria e celebração pelas minhas realizações, transformando-se em um peso dentro de mim. Acho que até hoje nunca fico plenamente satisfeito com o que faço, aprecio parcialmente as conquistas e sempre tenho a sensação de que eu poderia ter feito melhor.

Em meus exercĆ­cios de auto-observação e autoconhecimento, estes pontos sempre estiveram em destaque. Hoje jĆ” consigo aceitar o ā€œfeito em vez do perfeitoā€, deixo coisas para fazer depois, estou menos detalhista e aceitando o ā€œflowā€ da vida.

O ā€œComplexo do Euā€, jĆ” citado em parĆ”grafo anterior, me ajudou muito no entendimento do EGO, que de alguma forma se conecta diretamente com minha ā€œsĆ­ndrome do impostorā€.


Estou descontruindo o meu perfeccionismo diariamente, de forma lenta, aos poucos, como uma bomba relógio. Este processo estĆ” intimamente ligado Ć  leveza que desejo na vida. Contei esta minha história no artigo ā€œVencendo o meu perfeccionismoā€.


Em determinado momento, eu criei a figura do Mr Hyde dentro da minha cabeƧa, que funcionava como uma espĆ©cie de ā€œgrilo falanteā€.


Tempos depois, substituĆ­ a imagem de Mr. Hyde por lobos.


Ao conhecer a lenda dos dois lobos (uma história tradicionalmente contada pelo povo indígena Cherokee dos Estados Unidos) eu consegui entender o que rola dentro de minha cabeça.


Eu tenho vÔrios lobos dentro de mim. Não são apenas lobos bons e lobos maus, mas lobos de todos os jeitos, espécies e dimensões. Sou que crio esses lobos, alimentando-os e dando espaço para eles dentro de minha mente. Lobos que surgem e desaparecem, que aceleram o meu desenvolvimento como ser humano e lobos que não me fazem bem.


Ao entender isso, eu passei a observar como estes lobos se movimentam dentro de minha mente. Eu adotei esta metĆ”fora dos lobos para me entender, me autoanalisar e ter consciĆŖncia de ESTAR NO COMANDO dos meus pensamentos e decisƵes. Vale a pena ler o meu artigo ā€œOs lobos dentro de mimā€.


No Cabo de Santa Marta, vendo o pƓr do sol, conversando com meus lobos
Cabo de Santa Marta, em Santa Catarina, em Novembro de 2023

21- Como entender a minha mente?

22- Como reprogramar meu cƩrebro?


No intuito de buscar mais conhecimento e recursos para cuidar e agir sobre meus sentimentos e emoƧƵes, foi inevitƔvel entender como a minha MENTE funciona.

Como eu poderia REPROGRAMAR O MEU CƉREBRO para ressignificar tudo ao meu redor, entender o que estĆ” por trĆ”s dos meus sentimentos e emoƧƵes, identificar os gatilhos mentais e agir sobre eles? Eu pensava em agir intencionalmente sobre os meus comportamentos.

Comecei a estudar NEUROCIÊNCIA. Li livros, escutei podcasts, atĆ© chegar na PNL – Programação Neuro LinguĆ­stica.

Fiz cursos presenciais de PNL. Me formei como Practitioner e Master Practitioner em PNL. Nestes cursos, realizados em uma instituição super capacitada, eu aprendi técnicas e ferramentas que me ajudaram a entender como o meu cérebro funciona, como ressignificar as coisas na minha cabeça, como agir sobre meus pensamentos e reações, como me comunicar e relacionar melhor com as pessoas. Também aprendi técnicas bÔsicas de hipnose.


Não vou entrar em detalhes sobre PNL, mas afirmo que a PNL atuou de forma poderosa em minha consciência, para meu autoconhecimento e para minha transformação pessoal. Com a PNL ganhei uma caixa de ferramentas para atuar no meu cérebro.


Recebendo o diploma de certificação do curso de PNL, vivendo minhas experiências
Com o diploma de Master Practitioner em PNL, em Junho de 2023

23- O que Ʃ um sabƔtico?

24- SerƔ que estou vivendo um sabƔtico?

25- Como realizar um sabƔtico que vale a pena?

26- O que define o final de um sabƔtico?


Demorei um tempo para entender que eu estava vivendo um perƭodo sabƔtico. No entanto, ao estudar a respeito, eu aprendi algumas coisas sobre o que Ʃ um sabƔtico de verdade.


Uma delas foi nĆ£o dar muitos ouvidos aos conselhos de amigos e colegas. Viajar Ć© maravilhoso. Conhecer lugares novos Ć© sensacional. Comer coisas diferentes Ć© prazeroso. Mas a real viagem sabĆ”tica, aquela que vale a pena, Ć© aquela que acontece dentro de nós. Ɖ quando pulamos fundo dentro da gente para descobrirmos quem realmente somos, o que nós desejamos viver e realizar na vida terrena que temos. Esse Ć© o melhor sabĆ”tico! Ɖ o sabĆ”tico que nos transforma e que nos liberta. Este foi um aprendizado e tanto.


Recomendo o livro ā€œSabĆ”tico: o poder da pausaā€, de Eberson Terra e Iara Vilela. Este nĆ£o Ć© apenas um livro de boas histórias, mas um livro que ajuda a pensar e planejar um perĆ­odo sabĆ”tico de forma prĆ”tica. Eberson e Iara viveram um sabĆ”tico de verdade e compartilham seus aprendizados. Eu tive o privilĆ©gio de escrever o prefĆ”cio do livro.

Se estamos vivendo um sabƔtico, o que serƔ que determina o seu fim? SerƔ que todo fim de sabƔtico significa uma volta ao trabalho? Ou o comeƧo de um novo trabalho? Ou um novo ciclo profissional? E se eu pudesse imaginar um sabƔtico para sempre?


Se seu conseguisse alinhar o meu trabalho com sentido de realização, propósito de vida, paz de espírito, sensação constante de desenvolvimento e crescimento como ser humano, ajudar outras pessoas para tornar o mundo um pouco melhor para se viver, talvez isso pudesse caracterizar um sabÔtico para sempre. Talvez isso tenha um nome: LIBERDADE.


Se o sabĆ”tico estĆ” intimamente conectado Ć  liberdade, entĆ£o o sabĆ”tico pode nĆ£o ser algo propriamente definido por um espaƧo de tempo, mas sim caracterizar uma filosofia de vida. Pensei: ā€œquero um sabĆ”tico sem fimā€.


Retiro na Chapada dos Veadeiros, vivendo as experiências de minha transformação de vida, de frente para o Morro da Baleia
Em uma imersão de autoconhecimento na Chapada dos Veadeiros, Fevereiro de 2024

27- O que fazer com a minha vida profissional?

28- O que fazer se não me identifico mais com a minha identidade profissional?


Um ponto que muitas pessoas não se atentam, é que o momento da aposentadoria gera um sentimento semelhante ao luto.


Ao se aposentar, a pessoa parece perder a identidade, a fonte de reconhecimento, o ambiente de acolhimento e de aceitação. Viver o inĆ­cio da aposentadoria Ć© viver um sentimento de perda… Ć© viver um momento de vazio, de reflexĆ£o, de incertezas, de transformação… parece que se abre uma janela sombria de transição em nossas vidas ou que o solo se abre. Ou seja, existe uma relação evidente entre aposentadoria e o processo de luto. Uma pessoa recĆ©m aposentada Ć© uma pessoa em luto.

Por outro lado, uma pessoa, ao se aposentar, ganha uma linda oportunidade para viver um perƭodo sabƔtico que pode levƔ-la para um novo estƔgio de vida. Foi assim que passei a ver a minha aposentadoria.

No comeƧo do meu processo, eu tive conversas valorosas com Helena Tundisi, que iniciou como minha ā€œLife Coachingā€ e virou minha amiga. Ela entortou minha cabeƧa com algumas perguntas e reflexƵes bĆ”sicas, que foram crescendo, criando conexƵes, abrindo portas, apresentando possibilidades e caminhos… enfim, fichas foram caindo.


Importantes ā€œinsightsā€ surgiram quando li o livro ā€œA marca da vitóriaā€, cujo autor Ć© Phil Knight. Essa obra Ć© uma autobiografia do criador da Nike. Eu li e reli alguns parĆ”grafos que tinham intensa conexĆ£o com o meu atual estĆ”gio de vida. Ali estava um indĆ­cio de resposta para as minhas inquietudes e incertezas.


Eu nĆ£o deveria me preocupar com a linha de chegada, porque naquele momento o importante para mim nĆ£o era o destino, e sim o ATO DE AVANƇAR, caminhando ou correndo. Eu havia iniciado a corrida da minha nova vida e nĆ£o podia parar. O que precisava era ir em frente, o mais rĆ”pido possĆ­vel. E por caminhos diferentes daqueles que eu jĆ” havia trilhado, para fomentar a mente de desbravador.

Eu precisava esquecer as dĆŗvidas, a dor e o passado, que me impunham LIMITES.


Eu precisava silenciar o lobo interior que dizia: ā€œfaƧa o que te dĆ” seguranƧa, faƧa o que vocĆŖ sabe fazer, nĆ£o se aventure nessa idade, nĆ£o Ć© hora de procurar algo novo, e sim de sossegar, de ficar na zona de confortoā€. Se nĆ£o fosse possĆ­vel silenciar esse lobo, pelo menos eu precisaria negociar com ele para mantĆŖ-lo afastado a maior parte do tempo.


Nessa corrida da vida, a linha de chegada era coisa para pensar depois, atƩ porque sou eu que defino esta linha, quando e quantas vezes desejar.


Chega de ser o executivo ansioso e planejado, com alvo definido e planilha estruturada de atividades!!!


Uma frase bem conhecida, atribuĆ­da a Shunryu Suzuki, que rondava a minha cabeƧa: ā€œHĆ” muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do peritoā€. Essa frase me alertava que era necessĆ”rio pensar e agir como um principiante.


E, para isso, eu precisava abandonar a minha Ôrea de experiência passada (marketing e comunicação) para me abrir para outras coisas. Continuar na minha Ôrea antiga parecia limitar tremendamente o surgimento de OPORTUNIDADES e POSSIBILIDADES realmente novas, mantendo bolas de ferro nas minhas pernas e não me permitindo voar para novos horizontes.


ā€œMente de principiante, mente de principiante, mente de principiante!ā€ Eu vivia repetindo isso para mim. Mas como fazer?


Repensar a minha vida profissional foi algo que ocupou a minha cabeça nos últimos tempos.


Minimalismo e a Busca por uma Vida Mais Leve


Definitivamente abandonei qualquer pretensão de voltar a trabalhar em uma organização no formato que trabalhei durante décadas.


Não quero mais me viver aquele modelo de vida profissional. Foi bom durante muito tempo, mas depois começou a me limitar e colocar obstÔculos no meu caminho de desenvolvimento e criatividade. Fui ficando menos feliz.


TambĆ©m nĆ£o desejo viver posiƧƵes de lideranƧa dentro do modelo de executivo que fui. Eu apresentei as razƵes no artigo ā€œA lideranƧa desnuda: o que estĆ” por trĆ”s do sorriso de quem lideraā€.


Mauro Segura com seus trofeus de vida passada
Eu e algumas das minhas lembranƧas de executivo de "sucesso" - Foto de Mauro Segura

Três anos atrÔs eu tomei decisões inegociÔveis comigo mesmo em relação a horas de trabalho, Ôreas de atuação, atividades e demandas.


Estabeleci LIMITES E CRITƉRIOS, que nĆ£o citarei aqui, mas o importante Ć© dizer que carimbei uma visĆ£o dentro da minha cabeƧa sobre o trabalho que desejo a partir de agora.


Em uma profunda autoanƔlise, descobri que o mais gostei em minha jornada profissional foi a chance de desenvolver pessoas e construir equipes. Quaisquer novos caminhos para um futuro trabalho deveria envolver o desenvolvimento de profissionais e lideranƧas porque Ʃ isso que eu gosto e sei fazer bem.


Em 2021 me juntei ao Leading Zone, dentro do projeto Helping Hands, onde presto mentorias voluntÔrias (gratuitas) para pessoas que precisam de ajuda em suas carreiras e negócios. JÔ realizei mais de 200 sessões de mentorias voluntÔrias.


A experiência no #LeadingZone tem sido gratificante para mim. Por isso tomei a decisão de continuar e aumentar lentamente a minha participação nessa jornada.


Ao conversar com profissionais de todos os tipos, eu estou me atualizando do momento contemporâneo do trabalho e dos negócios, através da melhor via possível, que é o aprendizado através de histórias reais, pessoais, de desafios e transformações.

Cada conversa com um mentorado(a) Ć© uma injeção na veia do que acontece no mundo. Estou fazendo uma espĆ©cie de MBA prĆ”tico da vida profissional em mĆŗltiplos segmentos e experiĆŖncias. Eles pensam que aprendem comigo, mas sou eu que aprendo com eles… atĆ© mais do que fazer cursos, estudar papers, ler livros e acessar conteĆŗdo diĆ”rio no LinkedIn. As conversas vĆ£o muito alĆ©m da dimensĆ£o profissional, falamos sobre vida, filosofia e propósito. Na maioria das vezes, os mentorados(as) viram amigos(as).


Além da atividade no Leading Zone, prestei alguns trabalhos remunerados de mentoria para liderança, seguindo a direção que eu havia desenhado. Foi algo contido e um pouco experimental, para testar a minha capacidade e resultados. Gostei muito da experiência porque confirmou que este é o meu caminho.


Caverna em Terra Ronca, vivendo a juventude dos meus 60 anos
Minha silheta em uma das incrƭveis cavernas de Terra Ronca, em GoiƔs, em Junho de 2023

29- O que Ć© suficiente para mim?

30- Quanto juntar para poder parar de trabalhar?

31- O que Ć© minimalismo?

32- O que aceito abrir mão para que a minha vida seja voltada para as minhas paixões e causas?


A pergunta sobre ā€œatĆ© quando trabalharā€ sempre rondou a minha mente, mas sempre empurrava a resposta para frente, atĆ© porque eu nĆ£o sabia a resposta. Esta pergunta estĆ” associada a outra questĆ£o: ā€œO que Ć© suficiente para mim?ā€


Os livros ā€œA Psicologia Financeiraā€, de Morgan Housel, e ā€œEssencialismoā€, de Greg McKeown, foram excelentes para refletir sobre questƵes essenciais do futuro e a vida que quero para mim.


Aprendi a diferença entre riqueza e fortuna, o que me trouxe lucidez para algumas tomadas de decisão.


Ambos os livros falam em MINIMALISMO, que era algo que eu jÔ procurava hÔ algum tempo. De certa forma, em um movimento natural, a minha vida foi se tornando mais minimalista, mesmo não sabendo muito bem falar a respeito.


O livro de Greg McKeown me ensinou a diferenƧa entre minimalismo e essencialismo, o que permitiu trazer muito mais balanƧo para um desenho de viver que eu estava buscando.


Esta questão do que é SUFICIENTE para que eu viva a vida que desejo, me fez refletir sobre as coisas na vida que eu gosto e me motivam, paixões e causas, porque elas determinarão minhas escolhas.


Ao conhecer o conceito japonĆŖs chamado IKIGAI e aplicĆ”-lo Ć  minha existĆŖncia, me surgiu bem evidente a importĆ¢ncia de saber discernir entre PAIXƃO, VOCAƇƃO e MISSƃO. Fiz alguns exercĆ­cios sobre isso.


Quando determinei o meu suficiente, então foi possível determinar limites. Ao estabelecer limites e trazer o meu horizonte futuro para a vida presente, a minha mochila de vida ficou mais leve, trouxe luz e leveza para o que eu quero da minha vida, e gerou a maior fortuna que um ser humano pode aspirar: PAZ e LIBERDADE.


Uma cena de uma das viagens de trabalho do meu passado
Uma cena das minhas longas e interminƔveis viagens de trabalho no passado. Foto de Mauro Segura realizada em 2016

Numa entrevista, ouvi o JosĆ© Mujica falar ā€œVocĆŖ Ć© livre quando gasta o tempo de sua vida com coisas que te motivam, que vocĆŖ gostaā€. Aquilo me bateu fundo. E depois ele fala; ā€œA vida Ć© uma aventuraā€.


A frase ā€œA vida Ć© uma aventuraā€ nunca mais saiu na minha cabeƧa.


Viver é estar aberto, provocar e aceitar mudanças, experimentar e saber conviver com o desconforto de novas descobertas e possibilidades. Aventura significa imprevisto, risco, peripécia, eventualidade, sorte, ventura, façanha, ousadia, proeza, mudança de direção, superação e êxtase. Por isso a frase do Mujica é simples e poderosa. Eu decidi fazer da minha vida uma grande aventura!


Talvez por isso que eu tenha me apaixonado por trilhas, caminhos e natureza.


Nos últimos anos fiz muitos caminhos de longo curso, de centenas de quilÓmetros, subi o Monte Roraima, explorei as gigantescas cavernas de Terra Ronca e me tornei um visitante frequente da Chapada dos Veadeiros, em GoiÔs.


Não deixe nunca alguém te dizer que o melhor da sua vida jÔ passou, nem você mesmo. O melhor da sua vida sempre estÔ por vir. Depende somente de você.

Assisti um vĆ­deo no YouTube que somou mais elementos na organização de meus pensamentos em relação ao ā€œo que Ć© suficiente para mimā€. Trata-se da palestra ā€œComentĆ”rios Filosóficos sobre Bhagavad Gitaā€, com a Profa. LĆŗcia Helena GalvĆ£o, da Nova Acrópole.


A Prof. LĆŗcia Helena diz: ā€œpara que algo novo cresƧa dentro da gente, Ć© preciso deixar algo para trĆ”s. O processo de substituição Ć© universal e existe em toda natureza. A borboleta abandona a crisĆ”lida para se libertar.ā€


Dito de outra forma: é preciso abrir mão de coisas para que novas coisas ocupem o seu lugar. Isso é mais fÔcil de imaginar quando falamos de bens materiais, mas o que acontece quando falamos de renunciar sentimentos, hÔbitos e crenças? Isso tem um nome: Desapego.


Ɖ impossĆ­vel dissociar o processo do que ā€œĆ© suficiente para mimā€ da ā€œprĆ”tica do desapegoā€. Portanto, eu tive que encarar o desapego.

Decidi mudar de casa. Pratiquei o desapego de bem materiais, desapego da minha identidade pessoal e profissional, desapego de meus hƔbitos e manias, desapego emocional pelo meu passado etc. Fui desligando todos os disjuntores da minha vida.

Nesta onda do desapego, eu idealizei a imagem da ā€œMOCHILA DA VIDAā€.

Quando comecei a fazer caminhadas de longo curso, aprendi mais uma lição importante: quanto mais leve a mochila, mais rÔpido e longe eu vou.

Hoje carrego essa metƔfora dentro de mim, aplicando-a nas minhas decisƵes, mesmo com dor e sentimento de culpa, por conta de algumas vezes achar que estou negligenciando o meu passado.


Me imaginei caminhando para o futuro de transformação que almejo, carregando esse passado nas costas, como uma mochila. Muitas coisas do passado me pareceram pesado, inócuas, inúteis e sem propósito. O que eu tinha por aquilo tudo era apenas apego. O importante do meu passado eu jÔ tenho na minha cabeça, nas minhas memórias, no cérebro e no coração.


A caminho de subir o Monte Roraima, a juventude dos meus 60 anos
Expedição ao Monte Roraima, lado da Venezuela, em Setembro/2023

33- Qual a vida que eu quero?

34- Como estabelecer um novo contrato de vida para mim?


Com tudo que aprendi e vivi, me senti pronto para repensar a minha vida, assumir compromissos e assinar uma espƩcie de contrato comigo mesmo.


Eu jÔ havia pensado na ideia de estabelecer um novo contrato de vida durante a fase do luto. Naquela época, aquele pensamento era apenas uma fórmula criativa, um desejo, porque eu não tinha uma consciência minimamente expandida para repensar a minha existência. O tempo foi passando e a ideia e o desejo continuaram adormecidos em minha mente.

Ao longo do tempo tudo foi ficando mais luminoso. Fiquei mais consciente de quem eu sou e do que desejo ser, mesmo com muitas coisas ainda por descobrir e construir.

Recentemente consegui estabelecer alguns mandamentos, hĆ”bitos e condutas para a minha vida, que traduzem a minha ā€œfilosofia do viverā€.


Defini 26 mandamentos que foram aprimorados ao longo dos últimos anos, com pitadas de uma nova visão do meu universo. Escrevi isso como um exercício e não como algo rígido a ser seguido. Escrever ajuda a estabelecer e formalizar COMPROMISSOS.

De todas as atividades que fiz, a mais importante foi um experimento que fiz comigo mesmo no meio do luto. Naquela época, eu escrevi um longo texto refletindo o meu estado de espírito, sentimentos, reflexões e planos que eu vivia naquele período de 2020. O meu experimento previa escrever um novo texto, exatamente três anos depois, para ver o quanto eu teria mudado (ou evoluído) em pensamento, perspectiva e planos prÔticos de vida. E foi isso que fiz!


Os dois textos parecem falar de dois seres humanos diferentes.


Tais diferenças mostram o quanto podemos evoluir e nos transformarmos ao longo do tempo, basta reconhecermos o rio caudaloso cortando o nosso caminho, nos jogarmos nele, aceitarmos a correnteza, aproveitarmos a viagem e vivê-la integralmente.


Este experimento e os dois textos estĆ£o descritos no artigo ā€œReescrevendo o contrato da minha vidaā€.


Colecionador de pedras, a minha nova versão de ser humano
Passei a ser obcecado por pedras, na Chapada dos Veadeiros, GoiƔs - Novembro de 2023

35- Uma pessoa em luto vai sorrir de novo?

36- Uma pessoa que perdeu um grande amor pode encontrar um novo grande amor?


Certamente uma pessoa em luto vai sorrir de novo, vai entender que a vida continua e vale a pena, que um passado lindo não inviabiliza um possível futuro maravilhoso e que coisas extraordinÔrias ainda podem acontecer na vida de pessoas enlutadas.

Com sorte, uma pessoa que perdeu um grande amor, pode encontrar um grande amor novamente. E, mesmo encontrando o amor novamente, nada do que foi vivido ficarƔ para trƔs, nada serƔ esquecido ou negligenciado, nada serƔ apagado, porque o passado fica para sempre dentro da gente.

Lembro muito bem que a Regina, em seu último ano de existência, jÔ sabendo do desfecho inevitÔvel, puxou conversas comigo sobre a nova companheira que eu deveria ter na minha futura vida. Regina tomava a iniciativa de conversar comigo sobre esse assunto, apesar de me provocar enorme incÓmodo.


Ela dizia que eu não saberia viver sozinho e que eu precisaria viver com uma nova parceira depois de sua partida. Por diversas vezes, ela me deu instruções das características e habilidades que essa parceira deveria ter, para que eu realmente estabelecesse um novo ciclo de felicidade na minha vida.


Eu não consigo descrever o que eu sentia durante essas conversas e como tais diÔlogos ainda repercutem na minha cabeça.



Amor e Renovação: Encontrando um Novo Sentido


O fato é que as projeções da Regina sobre a minha nova vida começaram a fazer sentido e prognósticos se tornaram realidade.


Um novo grande amor surgiu na minha vida. As estrelas se alinharam no céu e colocaram uma pessoa maravilhosa na minha frente, pela qual me apaixonei. E não me apaixonei somente por ela, mas também por uma nova perspectiva de vida, por tudo que vou construir com essa pessoa.

O fato é que eu não estava procurando por uma nova parceira na minha vida. A Valéria muito menos. Mas o amor é imprevisível e improvÔvel. Ele simplesmente aparece, invade as nossas vidas, ocupa espaço, cria amarras e nos transforma.

Engana-se quem pensa que, ao me apaixonar pela Valéria, eu esqueci da Regina. As coisas não funcionam assim.


A Regina estÔ presente no meu relacionamento com a Valéria, porque a vida, a morte e o amor da Regina fizeram de mim a pessoa com quem a Valéria se apaixonou e estÔ se relacionando. Eu não deixei a Regina para trÔs porque ela sempre serÔ parte da minha existência.


O fato Ʃ que dois mundos se desenrolam ao mesmo tempo dentro de mim. A Regina se tornou passado. A ValƩria Ʃ o presente e o futuro.

As minhas tatuagens, representando a minha transformação
Minhas tatuagens, no topo do Morro da Baleia, na Chapada dos Veadeiros, GoiƔs - em Setembro/2023

Meu amor pela Regina e meu amor pela Valeria nĆ£o sĆ£o excludentes, muito menos sĆ£o sentimentos opostos. Eles caminham juntos porque ValĆ©ria e Regina fazem parte da mesma trama, da mesma teia, do mesmo livro. As pĆ”ginas viram, os capĆ­tulos mudam, mas o livro Ć© o mesmo… o livro da minha vida! PĆ”ginas nĆ£o podem ser apagadas, muito menos arrancadas. Apenas novas pĆ”ginas se somam ao meu livro.


Minha amada Valéria tem sido uma companheira fundamental no meu caminho de transformação.


Ela potencializou ao mĆ”ximo a minha RESSIGNIFICAƇƃO. Ela Ć© o despertar do que existe de melhor dentro de mim, Ć© a evidĆŖncia de que o amor se renova e que a vida Ć© maravilhosa. Com ela me sinto protegido e abraƧado, me sinto um ser humano melhor e mais pleno. Com ela, a vida faz sentido e vejo um horizonte de possibilidades infinitas. O que sinto Ć© um AMOR PROFUNDO e VERDADEIRO.


A minha maturidade, lucidez e consciência me permitem afirmar que, com a amada Valéria, eu estou vivendo a fase mais extraordinÔria da minha vida.


No dia 27 de janeiro de 2024, eu me casei com Valéria em Goiânia, em uma cerimÓnia intimista, com nossas famílias e amigos próximos. Atravessei o portal.


Retiro na Chapada dos Veadeiros, a minha transformação de vida
Eu e Valéria em uma imersão na Chapada dos Veadeiros, GoiÔs - Fevereiro de 2024

37- Como evoluir no meu desenvolvimento pessoal e expansão da consciência?

38- Como explicar a espiritualidade sob o ponto de vista fĆ­sico e cientĆ­fico?

39- Qual é a interseção entre ciência, espiritualidade e desenvolvimento pessoal?

40- Como o campo de energia humana afeta nossos relacionamentos e doenƧas?


As questões acima são as que estou vivendo agora. Não tenho respostas, apenas mais perguntas.


Eu e ValĆ©ria iniciamos um curso de Vedanta, que deve durar dois anos. Vedanta Ć© uma filosofia espiritual que tem origem nas escrituras sagradas dos Vedas da ƍndia. Inclui o estudo de textos e ensinamentos para trazer autoconhecimento e maior consciĆŖncia sobre a realidade que vivemos.


Este curso nos alimenta com mais recursos para nosso desenvolvimento pessoal e espiritual.


Espiritualidade e Ciência: A Intersecção do Conhecimento


O meu lado racional de engenheiro alimenta recorrentemente a busca por entender a espiritualidade, a alma e a reencarnação sob o ponto de vista físico e científico. Minhas buscas e estudos sinalizam que a explicação tem por base a física e mecânica quântica. Este é um novo campo de estudo onde me joguei.


Encontro algumas respostas científicas e outras não tão científicas, que estão me levando para outras Ôreas de interesse, que tocam o extraordinÔrio, o conhecimento esotérico e linhas de pensamento que questionam frontalmente dogmas instituídos pela sociedade.

Quando faço uma caminhada de longo curso sozinho, de centenas de quilÓmetros, eu entro em um estado de consciência e atenção plena, é uma forma de meditação

Livros incrĆ­veis como ā€œA Biologia da CrenƧaā€, de Bruce Lipton, ā€œMĆ£os de Luzā€, de Barbara Ann Brennan, e ā€œO Campoā€ de Lynne McTaggart, balanƧam todos os conceitos das leis universo e da vida humana que eu tinha na cabeƧa.


As experiências pessoais que passei nos últimos anos corroboram o que estes livros apresentam de forma tão clara e evidente.

Estou estudando epigenética, campo de energia humano, chacras, percepção da aura e cura energética. Os três livros são obras revolucionÔrias e estão me ajudando a estabelecer uma conexão profunda com a força espiritual que existe dentro de mim. Estes livros sinalizam o início de uma grande mudança do meu entendimento de mundo, universo e vida humana. Sinto uma grande transformação em curso. Cabe dizer que Bruce, Barbara e Ann são cientistas, portanto tais livros tem uma forte pegada científica.


Vivo uma fase de enorme interesse em estudar a origem do universo e da raça humana, mas não tendo por base uma abordagem religiosa tradicional ou uma abordagem limitada do tipo newtoniana ou darwiniana.

Estou com a cabeça completamente aberta, tendo a certeza de que religiões ou conceitos científicos encapsulados não me darão as respostas. Por isso estou relendo algumas obras de Erich Von Daniken (que li quando adolescente) e recentemente descobri Zecharia Sitchin, que para muitos é um louco profundamente criativo ou um teórico da conspiração.


O fato Ć© que estes ā€œloucosā€ colocam elementos na mesa que balanƧam nossas crenƧas mais profundas e fazem coisas inexplicĆ”veis fazerem sentido. Com este espĆ­rito, estou estudando o projeto micaĆ©lico, anunnakis e realidade hologrĆ”fica, que sĆ£o Ć”reas muito radicais para um engenheiro como eu.


Recomendo o livro ā€œFuturo(s)ā€ de Ligia Zotini, onde a autora faz um exercĆ­cio dos diversos possĆ­veis futuros para humanidade… futuros provĆ”veis e desejĆ”veis. O interessante do livro Ć© que ele fala de ā€œtecnologias humanasā€, no campo fĆ­sico-emocional-energĆ©tico, e habilidades de consciĆŖncia expandida. O livro Ć© repleto de referĆŖncias, QR Codes e vivĆŖncias. Enfim, o livro Ć© uma ā€œviagemā€ porque ele junta tudo… quase tudo. Eu gostei tanto do livro, que fiz atĆ© um post dedicado a ele, chamado ā€œFuturo(s): o livro que Ć© uma pequena joiaā€œ.


Estar aberto a tudo isso é aceitar que as coisas não são exatamente como a sociedade e a ciência estabelecida nos impõe, mas estando atento para não adotar teorias ou conceitos sem juízo de valor e ponderação. Estudo para aumentar o meu repertório de conhecimento, expandir a consciência e desenvolver o meu próprio ponto de vista.


O primeiro gole do copo das ciĆŖncias naturais te tornarĆ” um ateu. Mas, no fundo do copo, Deus estarĆ” esperando por vocĆŖ. - Werner Heisenberg.


Não somos seres sólidos. Somos seres formados de energia. Somos capazes de realizar coisas incríveis a partir da energia que emanamos e recebemos. A nossa vida não termina na morte. Somos seres espirituais. O mundo é multidimensional, indo muito além das três dimensões que conhecemos.


Espaço e tempo são conceitos criados por nós, seres humanos, mas provavelmente muito diferentes no universo verdadeiro que desconhecemos. Tenho muito por descobrir.


A Via LƔctea vista na Chapada dos Veadeiros, em GoiƔs, conversando com o universo
Uma foto feita por mim da Via LactƩa, com meu celular, na Chapada dos Veadeiros, GoiƔs - Fevereiro/2024

A fase mais maravilhosa da minha vida


Eu nunca me senti tão dono de mim como agora, com tanto poder e autonomia, com tanta consciência e clareza das coisas, independência, vontade de aprender coisas novas, buscar novas experiências e evoluir como ser humano, na forma mais integral possível. A palavra por trÔs disso tudo é LIBERDADE.

A forte luz libertadora que me ilumina não vem apenas por conta da maturidade alcançada aos 63 anos de idade, mas principalmente como consequência de todo processo que vivi, que ainda vivo, e que compartilhei na história deste artigo, de forma honesta, transparente e corajosa. AliÔs, coragem é uma das palavras que mais tenho trabalhado na minha cabeça.



Ressignificação da vida

Vivo a fase mais maravilhosa da minha vida. Vivo o entusiasmo de alguƩm que estƔ realizando uma JORNADA, com muito ainda por descobrir, aprender e conquistar. Me sinto amado, protegido e abenƧoado.


Acredito incondicionalmente que tudo que a vida me oferece vem para o meu bem e desenvolvimento. FaƧo de cada fato uma oportunidade.


Como diz Edith Eva Eger: é sempre uma questão de ESCOLHA.


Caminho dos Anjos, no Caminho do Vale Europeu, em Santa Catarina, uma experiência na minha jornada de reinvenção pessoal
Caminho dos Anjos - Vale Europeu, em Santa Catarina - Novembro/2020

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