Nas últimas décadas de vida profissional eu usei cadernos como suporte para minha organização diária. Neles eu registrava minha agenda, atividades e prioridades, mas também alguns devaneios e reflexões. Acho que adotei este processo por volta dos trinta anos de idade, quando assumi minha primeira posição gerencial. Esta foi a forma que encontrei para me salvar do caos diário que eu vivia diante de tantas coisas a fazer. Era normal esquecer as coisas, além da dificuldade em colocar prioridades nas múltiplas demandas.
Ao longo deste tempo, conforme surgiam novas ferramentas de produtividade pessoal, colegas me perguntavam por que eu mantinha o uso dos cadernos diante de tantas alternativas mais modernas e digitais. Sempre respondi que caderno e caneta são sinônimos de facilidade e praticidade, são práticos de levar e não dependem de energia elétrica. Caderno é simples de guardar e arquivar, basta escrever na capa e colocar a data. Cabe dizer que cadernos eram apenas para minha organização individual, nas empresas que trabalhei, usei ferramentas como Trello e outras desenvolvidos sob o conceito da Metodologia Ágil.
FIM DOS CADERNOS
Em março de 2021 mudei de residência. Saí de uma casa enorme para um pequeno apartamento. Foi um exercício prático e real de desprendimento e desconforto. Uma das grandes dificuldades à minha frente seria me livrar dos tais cadernos.
Ainda na casa antiga, abri a parte baixa da estante e lá estavam dezenas de cadernos, todos organizados, com cores e estilos diferentes, quase todos com espiral e uma etiqueta na frente citando o intervalo de datas (desculpe, sou engenheiro!). A primeira iniciativa foi tirar tudo de lá e empilhar num canto. Eram mais de 60 cadernos.
O caderno mais antigo era datado de 1995. Ou seja, eu tinha guardado todos os cadernos de 1995 a 2020, com os registros diários da minha vida, em sua maioria profissional, mas muitas coisas pessoais também.
Intencionalmente, abri o caderno contendo as anotações de julho de 2001 para ver o que encontrava. Foi neste mês e ano que sofri a primeira demissão da minha vida. Lá estavam todos os detalhes daquela experiência: os perrengues, a “sensação de fim de mundo”, o tsunami, a aceitação, o alívio e a nova porta que se abriu para mim depois da enorme frustração. Depois abri o caderno de final de 2004, quando assumi a posição de VP em uma grande empresa global, incrivelmente assustado e temeroso de não dar conta do recado.
Fiquei navegando por aquela infinidade de cadernos, indo e voltando no tempo, lendo detalhes que não lembrava mais, encantado com o poder que aqueles cadernos têm sobre mim, me fazendo viajar para o passado e vendo o quanto de história e experiência que já vivi e que eu esqueci.
Naquele mesmo dia em que passei um tempão folheando os cadernos, eu decidi me desfazer de todos eles, vivendo um sentimento paradoxal que sugava meu coração. Eu tinha na minha frente um grande exercício de desapego que precisava ser realizado.
Ainda hoje sinto desconforto por não ter mais os cadernos comigo, porém me livrar deles era necessário. Primeiro por uma questão física, afinal eu estava indo para um apartamento pequeno e precisava economizar espaço. Mas a razão principal era outra. Eu estava em uma jornada pessoal de transformação e ressignificação da vida, e os cadernos me pareciam funcionar como uma espécie de âncora que me mantinham acessível e preso ao passado.
Eu precisava tornar mais leve a minha mochila da vida para eu poder ir mais longe. E assim fiz: joguei todos os cadernos fora largando mão dos registros escritos durante décadas de minha existência. Fiz isso naquela mesma manhã, de forma a não dar margem para arrependimentos ou jeitinhos. Feito! Não havia mais retorno! Acabou!
MINHA CABEÇA TREINADA
Naquele mesmo dia, pensei sobre a minha paixão por anotar fatos da minha vida (especialmente o lado profissional) em cadernos.
A estratégia dos cadernos, adotada durante tanto tempo, de alguma forma, ajudou a moldar um modelo de pensamento sistêmico dentro do meu cérebro, organizando a minha forma de pensar e decidir sobre as coisas.
Este processo evolutivo treinou a minha cabeça no aprendizado contínuo de como ordenar as atividades, ponderar, atribuir níveis de prioridade, entender a diferença do urgente e importante, não esquecer, agir intencionalmente na procrastinação saudável de algumas coisas e registrar momentos e dados relevantes que poderiam ser facilmente resgatados por mim em qualquer necessidade. Isso sem esquecer a enorme influência da “síndrome do engenheiro” que vive dentro de mim e que contei em recente artigo publicado. Muito provavelmente, o “sistema dos cadernos” tem origem neste meu “ser engenheiro”.
O “sistema dos cadernos” foi bom em muitos aspectos, mas alimentou o meu perfil racional, produtivo e focado, e reduziu tremendamente a minha espontaneidade, o fortuito… a serendipidade. Enfim, eu havia jogado fora os cadernos, mas o modelo de pensar estabelecido pelos cadernos ainda continuava dentro de minha mente.
Recentemente, em uma das conversas de mentoria do Leading.Zone (mentorias voluntárias e gratuitas que te convido a participar), uma mentorada me disse o seguinte: “Mauro, é admirável como você é organizado e focado. Eu preciso ser mais assim. Você me ajuda?”.
Naquele momento, obviamente que respondi que sim, mas dentro de mim o meu pensamento foi outro. Por várias vezes na vida, eu recebi feedback, especialmente de amigos e amigas, para que eu fosse menos focado e menos “certinho”, para me soltar mais, relaxar, deixar fluir e não seguir tanto os meus cadernos. Ao longo do tempo, eu passei a não receber tão bem tais comentários. A menção aos meus cadernos, várias vezes, era feita de forma pejorativa e isso não ajudava no meu processo, isso fazia o feedback descer quadrado dentro de mim, eu não assimilava bem. No entanto, lá no fundo, eu reconhecia que o feedback merecia ser melhor absorvido, porque o meu jeito de viver “amarrado” me criava limites, podando a minha espontaneidade e a busca por novos caminhos.
O comentário da mentorada ecoou dentro da minha cabeça e me despertou sentimentos. Eu não negligenciei o que senti. Na verdade, eu alimentei tais sentimentos para ver até onde iam.
NOVOS CADERNOS
Olho para a minha mesa enquanto escrevo este artigo, no escritório de casa, e lá estão os meus cadernos atuais. Cabe dizer que, depois do episódio em que joguei fora os cadernos de “minha vida”, eu consegui passar um ano inteirinho com apenas um caderno, usado como agenda. Mas aí as demandas começaram a surgir, eu senti dentro de mim que precisava me organizar mais, voltei a trabalhar, cuidava dos meus investimentos pessoais, voltei a ter atividades profissionais, passei a cuidar de tudo de minha mãe depois que meu pai faleceu… e, então, comprei novos cadernos!!
Comecei um novo ciclo. Hoje tenho os cadernos das mentorias, o caderno com anotações médicas, o caderno dos investimentos, o caderno com as coisas da minha mãe, o caderno dos cursos de filosofia, o caderno da gratidão (um dia escrevo sobre isso) etc.
POR TRÁS DOS CADERNOS
Por que os cadernos? O que está verdadeiramente por trás disso? Nunca tive tempo ou dei atenção para pensar sobre isso, mas nos tempos atuais eu estou dedicando tempo para certas coisas, especialmente quando diz respeito à minha auto-observação e autoconhecimento.
Eu sempre fui muito pragmático e objetivo, desde a minha adolescência, com especial capacidade de me isolar das distrações e por foco total na atividade que julgava mais importante e prioritária. Isso nasceu em mim. Pessoas que me conhecem pouco afirmam que isso é uma virtude, uma qualidade e que gostariam de ter esta capacidade. Pessoas mais próximas e íntimas, que me conhecem bem, dizem que isso não é tão bom assim, porque o meu foco excessivo muitas vezes provoca ausência, distanciamento, isolamento e uma percepção de que “não tô nem aí para as coisas”. O segredo, obviamente, seria encontrar o equilíbrio destes dois extremos. Porém, penso que a chave do segredo não está verdadeiramente aí.
A AMARDURA INVISÍVEL
Existe algo muito mais grave por trás deste meu comportamento, e que só fui descobrir recentemente, nos últimos anos. Eu não estava investigando isso, mas na minha viagem de autoconhecimento eu cheguei a um inquestionável veredito: eu tenho a tendência de passar por cima dos meus sentimentos e focar totalmente na solução, ser pragmático, isto significa não me acolher e não entender muito bem o que está acontecendo e se passando dentro de mim. Enfim, o que importa é fazer e resolver!!
Isso funcionou assim durante toda a minha vida, mas agora não funciona mais. Sempre coloquei foco na parte de fora e não na parte de dentro. Quando falo da parte interna, eu estou falando da tríade: corpo, mente e alma.
Minha cabeça tende a minimizar os fatos da vida, com pensamentos do tipo: “a vida é assim mesmo”, “pare de ficar criando caraminholas na cabeça”, “se sacode e trata de fazer”, “você fica procurando problema onde não tem”, “não vai perder tempo com isso”, e outros pensamentos parecidos. Isso, de certa maneira, me criou uma carapaça que foi me envolvendo ao longo do tempo, tornando-me um ser humano mais duro, racional e frio.
Por fora as pessoas me acham um sujeito simpático e sensível, mas por dentro, durante muito tempo, eu me senti feito de pedra. Agora não mais!
Esta sensação de vestir uma espécie de armadura impermeável só foi se despedaçar em 2020, quando um tsunami de vida me atropelou. Portanto, ao longo de décadas de vida, a armadura invisível foi ficando mais espessa com o tempo, tal qual uma ferrugem que fica mais cascuda e resistente, abafando os meus sentimentos e moldando meus comportamentos.
Refletindo sobre isso agora, tudo parece mais claro. Eu consigo fazer uma autoanálise mais equilibrada e sem vieses. É fácil constatar que, ao longo da vida, eu agi intencionalmente para fugir de possíveis sentimentos dolorosos, de reconhecer e aceitar as minhas vulnerabilidades.
A realidade é pior do que isso: eu roubei a chance de me tornar um ser humano melhor a partir do momento que camuflei as minhas dores e limitações.
Este comportamento não permitiu o fluir natural dos meus sentimentos, criando a tal “casca indesejável” que não ajudou no entendimento de que eu sou um ser falível, e que está tudo bem ser assim.
ROMPENDO A ARMADURA
Em 2020, a dor se revelou intensamente. Eu me abri de uma maneira que nunca mais consegui voltar ao que eu era. O episódio que vivi destampou algo dentro de mim, um sentimento de dor que estava preso, de uma forma como nunca tinha acontecido antes.
Em vez de evitar ou distrair a dor como eu havia feito a vida toda, eu deixei aquela dor infinita inundar completamente o meu ser, aceitei a tristeza profunda, entrei em contato direto com ela, com coração e mente completamente envolvidos… e vivi a dor!!!
O corpo sentiu, a cabeça também. No início eu vivi um processo de vitimização: eu era uma vítima da vida! Mas, logo depois, mais consciente, procurei entender o que estava realmente sentindo, e não reagi, apenas aceitei e tive compaixão comigo mesmo. Me abracei, vivi aquele momento intensamente, aceitando o que estava vivendo e sentindo. Eu nunca havia passado por algo parecido. Tudo era novo. Dentro de mim eu sentia que aquilo precisava ser plenamente vivido, sem freios ou restrições.
Lentamente, a armadura foi sendo rompida, se partindo em pedaços. Me vi na fábula do livro “O cavaleiro preso na armadura”, de Robert Fisher. É um livro pequeno, de pouco mais de 100 páginas, que é delicioso e fácil de ler. Recomendo! O livro tem um incrível paralelo com a minha vida… provavelmente com a vida de todos.
Eu aprendi que a dor é necessária. A dor transforma. A dor é a vida real, é a vida de verdade, sendo necessária e parte da minha transformação e evolução. Acho que não existe desenvolvimento sem dor.
ESCREVENDO SOBRE A DOR
Neste processo de viver a dor, eu comecei a escrever compulsivamente sobre o que sentia e vivia. O meu blog retrata bem esta fase, mesmo contendo apenas uma pequena parte do que escrevi e ainda escrevo.
No blog, escrevi de forma visceral sobre a montanha-russa que foi o meu luto, as alternâncias de sombra e luz e como tudo evoluiu. Um outro exemplo desta fase foram as cartas para Regina, chegando a quase 700 páginas escritas de próprio punho, repletas de saudade, sentimentos, negação, isolamento, descobertas e finalmente, aceitação e paz.
O “escrever” do blog e das cartas para Regina não tem nenhuma conexão com os cadernos que joguei fora. São coisas completamente distintas!
Os cadernos têm relação com “atividades a fazer”. Já o “escrever” do blog é uma espécie de catarse, de terapia, de um falar com Deus, de um mergulho profundo na minha alma. Escrever sobre mim e o que sinto é uma forma de organizar meus pensamentos, de elaborar respostas para perguntas difíceis, por isso o meu blog foi e continua sendo importante para mim.
De uma forma resumida e simples, posso dizer que os cadernos arrumaram a minha vida de fora, enquanto escrever sobre mim e o que sinto é uma forma de arrumar a minha vida de dentro, de depurar a minha alma e os meus sentimentos.
OS DOIS LOBOS DENTRO DE MIM
Anteriormente, os cadernos direcionavam a minha vida. E, nestes cadernos, as prioridades eram determinadas pela racionalidade, pela produtividade, pela necessidade de ser querido, pela opinião dos outros, pelo objetivo de acumular patrimônio “para o futuro”, pelo sucesso na carreira e no trabalho, pelos padrões cultuados pela sociedade etc, etc, etc. Nos cadernos, o meu interior estava sempre por último, até porque ele era um desconhecido para mim. Tudo isso emoldurava o “velho Mauro”.
A história do rompimento da minha armadura está conectado a tudo isso. Nos últimos anos, um “novo Mauro” emergiu de dentro de mim. Este “novo Mauro” é o ser genuíno que sempre habitou a minha pele, mas que nunca reconheci ou dei espaço para ele. Hoje eu autorizo que o “novo Mauro” comande a minha vida, apesar do “velho Mauro” estar sempre à espreita para me induzir aos velhos hábitos.
Isto está bem traduzido na “lenda dos dois lobos” que contei no artigo “Os lobos dentro de mim“, que gosto muito e te convido a ler. Este é um dos artigos mais importantes do meu blog. No fundo, eu nunca fui realmente quem eu sou de verdade, mas fui resultado de onde a vida me levava. Usando a metáfora dos lobos: eu fui para onde os lobos que surgiam na minha mente me levaram. Mas agora não, agora sou eu que estou no comando. Agora eu sou o chefe da matilha!
APRENDIZADOS DO CAIBALION
Estudando o livro “O Caibalion”, eu encontrei novos indícios de respostas para esta minha nova fase de vida. Antes de seguir, cabe dizer o que é “O Caibalion”.
O Caibalion foi publicado em 1908. Apesar de ser um livro aparentemente novo, seu conteúdo registra os ensinamentos dados nas escolas herméticas do Antigo Egito e da Antiga Grécia. O curioso é que o livro não tem autoria oficialmente reconhecida, porém, supostamente, a obra foi escrita por três iniciados do hermetismo. O livro reúne a essência dos ensinamentos de Hermes Trimegisto (sábio e mestre que viveu no Antigo Egito, provavelmente entre 2 mil e 2 mil e seiscentos anos aos antes de Cristo) e descreve as 7 principais leis herméticas, que regem todas as coisas no universo que conhecemos. Segundo Hermes Trimegisto, entender estas leis é fundamental para se harmonizar com a vida, com o mundo exterior e com o mundo interior.
Ler este livro é osso duro de roer. É uma leitura difícil e não muito fluida, apesar do conteúdo riquíssimo. Por isso, um bom caminho é buscar por filósofos que traduzem melhor os ensinamentos do livro através de linguagens e exemplos mais palatáveis. Recomendo a Profa. Lúcia Helena Galvão, reconhecida filósofa brasileira. Ela publicou uma série excepcional de 15 videoaulas comentando todo o livro, recheada de ensinamentos filosóficos que dão uma incrível base para entender “O Caibalion”. No total são 15 horas de aula, integralmente disponíveis no youtube. Eu assisti tudo, por isso afirmo que vale muito a pena.
O Caibalion tem ensinamentos preciosos. As palavras da Professora Lúcia Helena me despertaram uma reflexão de vida que descrevo nos próximos parágrafos.
Na videoaula 9/15, a Professora faz uma afirmação: “A sua vibração contamina todos ao seu redor”. Esta frase está ecoando na minha cabeça até hoje. Por isso, gentilmente, eu me autorizei a “roubar” esta frase (que depois adaptei) para o título deste artigo.
Aprendi que eu sou o responsável pelas influências que eu gero, tanto para o bem, quanto para o mal. E isso gera karma.
Eu sou o único responsável pelo contágio de minha vibração. E isso ocorre não apenas pelo que sou, pelo que acredito e pelos meus valores, mas pelo exemplo que passo para as pessoas através das minhas pequenas atitudes cotidianas. Eu preciso estar sempre atento às pessoas ao meu redor, avaliar como elas reagem ao meu comportamento e atitudes. Suas reações dizem muito sobre mim.
Ao olhar para a minha vida, lembro de pessoas raras que conheci e convivi. Quando estas pessoas especiais estavam perto de outras, elas faziam as pessoas se ajeitarem diferente na cadeira, provocavam ajustes de comportamento porque inspiravam respeito e admiração para os outros, criavam referência. Lembro que estas pessoas admiráveis me faziam entregar o melhor que havia dentro de mim. Parece que elas espalhavam energia no ar, exigindo das pessoas ao seu redor uma contrapartida à altura. Eu gostaria de ser uma pessoa assim.
VIBRANDO DIFERENTE
Ao longo de décadas de vida, eu considero que sempre me relacionei bem com as pessoas, pessoalmente e profissionalmente, sendo admirado e considerado como uma pessoa de bem, parceiro e confiável. No entanto, quando analiso melhor esta minha história, eu acho que estes relacionamentos eram, em sua maioria, superficiais, efêmeros e descompromissados, apesar de cercados de boa camaradagem e simpatia. Entendo que estes relacionamentos traduziam o meu verdadeiro jeito de ser: bacana, mas sem profundidade.
Atualmente eu vejo uma grande mudança nos meus relacionamentos, tanto pessoais, quanto profissionais. Eu tenho me conectado muito mais emocionalmente com as pessoas, com mais intensidade, alcançando um estágio de relação mais profundo do que normalmente alcancei.
Devo estar alimentando algo dentro de mim que nunca foi alimentado.
Esta minha vibração diferente é sentida pelas pessoas ao meu redor. Mas também me alimenta, me fortalece. Eu sinto isso. Difícil de descrever por que é algo intuitivo e energético.
Me sinto mais grato por tudo, mais generoso, constantemente vendo as coisas pela ótica positiva, não reclamando das coisas que me incomodam, não julgando, praticando exercícios físicos, me alimentando saudavelmente, sem beber álcool, privilegiando coisas que me tragam alegria e bem-estar, tendo contato constante com a natureza e, principalmente, fortalecendo a minha espiritualidade. Vivo um relacionamento amoroso maravilhoso e nutritivo. Enfim, estou mais energético, harmônico e equilibrado.
Quando sinto algum desconforto, algum incômodo, alguma dor, eu deixo tudo fluir como tem que ser. Eu acolho o que sinto e tento entender o real causador daquilo que estou sentindo. Isto me dá paz porque tenho consciência da dor e de que preciso cuidar dela. Eu estou com ela, aceito-a, não me amedronto, reconheço as limitações, atuo sobre isso e sigo adiante. Agradeço por tudo. Isso mantém a minha alta vibração, baseada na paz de espírito, que é a essência de tudo.
RESUMO: CONECTANDO TUDO
Tudo está conectado e tudo se encaixa. Acho que sou capaz de resumir este longo artigo nos parágrafos a seguir.
Ao jogar fora os cadernos, eu tomei uma atitude desconfortável e radical de me libertar de algo que me prendia ao passado. Não foram apenas os cadernos, o importante da atitude foi o simbolismo. A ação sobre os cadernos mostrou que eu tinha coragem e estava pronto para me libertar do passado, das amarras impostas pelo “velho Mauro”, e partir para uma nova fase de vida, conseguindo ficar leve e pronto para o “novo”.
Ao me deparar com a mudança de curso de vida em 2020, eu aceitei viver intensamente a dor e viver uma profundamente jornada de autoconhecimento, que culminou em um processo de transformação e ressignificação de vida. Foi aqui que rompi a armadura e consegui olhar profundamente para dentro, descobrindo um “novo Mauro”.
Neste processo, assumi a escrita como uma grande aliada de vida. Escrever se tornou uma importante forma de conversar comigo mesmo, me trazendo paz, ordenando pensamentos, me desafiando e me exercitando para novas possíveis direções para minha existência.
Adotei novas práticas de vida, me apaixonei por experimentar coisas novas, valores e conceitos antigos foram reposicionados em termos de importância e prioridade, o futuro perdeu a relevância diante do presente de cada dia. Sentia que vivia uma mudança interior.
Neste processo surgiu um novo amor na minha vida. Eu não estava procurando, mas Deus enviou um anjo do céu e o colocou lindamente na minha frente.
Surgiram novas amizades maravilhosas, conexões mais profundas, pessoas me trouxeram novas ideias, novos conceitos de vida e novas possibilidades. São pessoas que me levaram (e ainda levam) para uma visão diferente do universo.
Sem procurar, apareceu uma nova oportunidade de vida profissional, cujo trabalho se conecta maravilhosamente com o “novo Mauro”. Faço o que gosto e na dosagem correta, ajudando pessoas e organizações. Faço também voluntariado como parte da minha rotina.
Tudo se conecta! Tudo se comporta como um processo evolutivo, lento e consistente, que não tem volta porque ele é crescente e constante. É o universo conspirando para minha felicidade.
Deixar fluir! Aprendi a usar isso quando as coisas parecem não avançar. Quando algo ocorre mudando o curso das coisas, imediatamente penso: “Mauro, aceite o fluxo!”
Enfim, vivo a plenitude de minha vida. Nunca estive tão bem física, mental e espiritualmente. A minha vibração contamina todos ao meu redor, a minha família, os meus amigos, o ar que me rodeia, até a aleatoriedade da vida.
E, finalmente, descobri que a Professora estava errada. A minha vibração não contamina apenas todos ao meu redor, na verdade, a minha vibração contamina tudo ao meu redor. Que assim seja!