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Reescrevendo o contrato da minha vida

Há três anos, exatamente no dia 25/08/2020, eu resolvi fazer um experimento.

Naquela data, eu escrevi o TEXTO 1 abaixo traduzindo o meu estado de espírito, sentimentos, reflexões e planos que eu vivia naquele período de 2020. Eu estava repensando e replanejando totalmente a minha vida, depois da partida da minha amada Regina e outras perdas. Eu escrevi o texto em folhas pautadas de caderno, a mão livre, guardei as folhas em um envelope e nunca mais abri.

O meu experimento previa escrever um novo texto, exatamente três anos depois, para ver o quanto eu teria mudado (ou evoluído) em pensamento, perspectiva e planos práticos de vida. E foi isso que fiz.

Nos últimos dias eu escrevi o TEXTO 2, sem ler antes o TEXTO 1, que estava dentro de um envelope há três anos. Eu dei o mesmo título para ambos os textos: “Reescrevendo o contrato da minha vida”.

Ontem, montei este artigo, onde apresento os dois textos, abrindo minha intimidade e vulnerabilidade, exercício que venho fazendo nos últimos tempos como uma prática auto terapêutica.

Os dois textos parecem falar de dois seres humanos diferentes. Tais diferenças mostram o quanto podemos evoluir e nos transformarmos ao longo do tempo, basta reconhecermos o rio caudaloso cortando o nosso caminho, nos jogarmos nele, aceitarmos a correnteza, aproveitarmos a viagem e vivê-la integralmente.

Há três anos eu estava desorientado, incompleto, com fragmentos de luz ainda no meio da escuridão, tateando possibilidades, porém convencido de que havia um caminho a ser construído. Eu já falava em ressurreição, mas estava em frangalhos. Isso tinha por base um certo vitimismo, um egoísmo eminente, associado à urgente necessidade de aprender a viver solitariamente.

Hoje sinto estar vivendo a melhor fase da minha vida, com muito mais clareza do que desejo e busco, em paz, morando em uma nova cidade, apaixonado por uma nova e maravilhosa companheira de vida que me leva para novos caminhos e possibilidades. Me sinto pleno. A vida solitária desapareceu, apesar de ter desenvolvido um certo gosto pela solitude, e o egoísmo ganhou novas tinturas. Estou feliz.

Texto 1 – Reescrevendo o contrato da minha vida
Escrito em 25/08/2020

Estou no Rio de Janeiro.

Ontem fui à casa do meu filho, foi um dia de muita chuva e de um certo melancolismo. Hoje o tempo está lindo, com céu azul e sol forte. Ando muito reflexivo e fechado. Penso em quais palavras poderiam traduzir o meu estado de espírito na fase atual de minha vida. E faltam palavras. Não consigo imaginar uma palavra apenas. Palavras como redenção, ressurreição e renovação aparecem na minha cabeça. Talvez sejam palavras mais próximas do que estou vivendo, ou ainda pretendo viver.

Eu tenho pensado sobre a minha nova configuração de vida, sobre o meu luto e sobre o “viver sozinho”. Tento racionalizar tudo isso, colocar uma ordem, mas ainda não tenho clareza sobre muitas coisas. Porém, tenho certeza sobre algo: estou vivendo um momento de intenso egoísmo. Eu tenho tomado as decisões e faço coisas pensando somente em mim, de uma forma completamente diferente do que eu sempre fui. Mas acho que tenho direito a isso, desde que eu não prejudique ninguém. Como disse a minha querida life coach (e já amiga) Helena Tundisi, é momento do Mauro se curtir.

Às vezes, tenho dificuldade de tomar uma decisão, porque não sei exatamente o que eu quero, mas a decisão é sempre pensada me colocando no centro de tudo. Pode ser que esse atual comportamento me transforme em uma pessoa egoísta, chata e difícil de conviver. Tudo bem se for assim, eu aceito! Já fui bom mocinho a minha vida toda.

Eu sempre fui uma pessoa muito antenada, muito atenta ao que acontecia à minha volta, interessado em economia, mercado e política. Atualmente, estou abrindo mão de estar conectado como antes. Cabe dizer que não estou alienado e inconsciente. Não é isso! Mas estou menos interessado pelas coisas do mundo, mesmo com uma pandemia acontecendo. Talvez seja uma necessidade, ou até alimento, para a jornada que estou vivendo, que é uma viagem para o meu interior. Isso me parece saudável, mas me assusta porque me sinto um ser humano diferente a cada novo dia. Às vezes não me reconheço.

Penso no que vou fazer no próximo final de semana, no que vou fazer durante a semana, mas não existe mais diferença evidente para mim entre dias úteis e finais de semana. Tudo é mais ou menos igual. Me vejo planejando passar dois ou três dias em uma cidade pequena, para caminhar, olhar a paisagem, conhecer coisas e conversar com pessoas desconhecidas. Esses são meus planos atuais. São planos pequenos, simples e fáceis de serem executados.

Apesar dessa minha aparente distância do que está ao meu redor, cada vez mais cresce dentro de mim a vontade de fazer voluntariado, de ajudar pessoas de alguma forma. Ainda não estou certo do que fazer, e não sinto pressa por isso. Guardo esse ponto como um desejo que preciso elaborar mais e perseguir em breve.

Estou numa fase minimalista e sinto que essa poderá ser uma fase longa, até duradoura. Isso faz parte de uma mudança de expectativa de vida, ou melhor, de uma mudança no meu contrato de vida. Esse contrato ainda está sendo elaborado na minha cabeça e parece que evolui todos os dias. Penso nele como uma folha em branco, que vou preenchendo imaginariamente ao longo do tempo, me permitindo rasurar quantas vezes forem necessárias, porém evidenciando alguns compromissos que desejo assumir comigo mesmo.

A partida da minha amada Regina me transformou em um aprendiz de como viver sozinho por conta de uma perda não planejada. Isso significa três coisas: lidar com a frustração, entender a nova realidade e assumir as rédeas da minha vida.

Uma das maiores frustrações que eu tenho é que eu e Regina não ficaremos velhinhos juntos. Durante muito tempo eu imaginei-a velhinha, como ela seria e como seria a nossa vida conjunta. Isso tudo se foi! Ficou só na imaginação. Não sinto mais vontade de pensar nisso e estou numa boa relação com esse futuro perdido, apesar de ter vivido em um poço profundo e escuro nos últimos meses.

A nova realidade, que comecei a elaborar há poucos meses, é como viver sozinho, feliz e de bem com a vida. Estou aprendendo que viver solitariamente é diferente de viver em solidão. A diferença não é tão sutil quanto parece. Solidão é se afastar das pessoas, viver ausente do convívio social. Viver solitariamente é viver sozinho, mas podendo estar acessível às pessoas, tendo amigos, convivendo com a família e com vida social.

Eu estou vivendo solitariamente e, confesso, me faz bem alguns momentos de solidão. As vezes isso me assusta, especialmente quando confronto com a minha vida recente passada, que foi uma vida dividida intensamente com a minha amada, durante décadas. Porém, a solidão pode ser uma oportunidade. Ao aprender a viver comigo mesmo, eu terei a oportunidade de conhecer os meus pensamentos mais profundos e obscuros, de ir mais fundo em sentimentos que só ficavam na superfície e de mergulhar em minha mente.

Eu já entendo bem o que é deixar a casa por limpar, não se preocupar em ter uma refeição bacana todos os dias, aceitar a grama do jardim virar mato, deixar o imprevisto acontecer, estar disponível para viver um dia sem planos para ver o que rola. Tudo isso é muito diferente para mim, mas é isso que estou vivendo e aprendendo a curtir.

Aos poucos estou entendendo o potencial de estar sozinho, completamente livre e solto. Posso ir para qualquer parte do mundo, posso fazer o que desejar com o meu dia… posso fazer coisas que nunca fiz!

Sinto uma vontade enorme de me aproximar da natureza, como nunca tive antes. Caminhar por lugares desconhecidos, pegar sol na cara, sentir o vento, me sentir integrado em algum lugar que nunca fui, mas sempre com muito verde, com muito azul, muitas vezes de forma mais isolada e solitária. Tudo isso está me fazendo muito bem. Eu não sei se é uma fase temporária, curta, ou se veio para ficar.

Tudo parece muito transitório para mim. Na verdade, parece que a minha vida entrou em uma “twilight zone”. Parece que estou vivendo em outra dimensão, que o que estou vivendo não é a realidade. A realidade era a realidade anterior que eu vivia, em um cotidiano diametralmente diferente do que estou vivendo hoje.

Hoje eu vivo na mesma casa, mas em uma casa diferente. Está tudo por fazer, um pouco desarrumada, com coisas pendentes, parece que a casa está em uma situação temporária, que em algum momento tudo que estou vivendo hoje vai acabar. Aquele quadro que deixei encostado na parede para mudar de lugar, a cozinha desorganizada, as coisas por fazer. Tudo isso é momentâneo enquanto a minha companheira está viajando, ou eu estou viajando, e daqui a pouco eu voltarei para casa e tudo voltará como antes, com a minha vida mais regrada, as coisas no lugar, com o meu amor do meu lado e com propósito de vida de cuidar dela.

O que estou vivendo hoje parece aquelas viagens que eu fazia a trabalho, onde eu passava uma semana fora e tudo era diferente. A rotina era diferente, a comida era diferente, os horários eram diferentes, mas eu sabia que depois daquela semana ausente eu iria voltar para o meu lar, eu iria voltar para a minha rotina e para tudo que eu conhecia. Eu tenho essa impressão ainda. Já se passaram meses e meses da partida da Regina, e eu ainda sinto que vivo uma fase temporária e não definitiva. Quando isso vai passar? Será que vai passar?

Texto 2 – Reescrevendo o contrato da minha vida
Escrito nos últimos dias e finalizado em 25/08/2023

Vivo a fase mais maravilhosa da minha existência. Nada pode ser comparado ao meu momento atual de vida.

Estou muito entusiasmado. Dentro de poucos dias me juntarei com pessoas desconhecidas para subir o Monte Roraima, que está localizado na tríplice fronteira de Brasil, Venezuela e Guiana.

A expedição é composta por dez pessoas. Sairemos de carros 4×4, de Boa Vista, capital do Estado de Roraima, para Venezuela, onde se juntarão guias e indígenas, para subirmos juntos o Monte Roraima, que fica a 2.800m acima do nível do mar. Ficaremos acampados no alto do Tepui Roraima durante alguns dias. De todo o grupo, eu só conheço uma pessoa, que não tenho intimidade.

Nos últimos anos eu tenho feito isso recorrentemente: me jogo em atividades inusitadas, com pessoas desconhecidas, estudo temas que me geram desconforto, desafio os meus preconceitos, me permito confrontar crenças e valores e testo meus limites, de forma mais ampla possível.

Algum botão de transformação interna ligou em minha mente e se quebrou. Ele não desliga mais! Tenho na cabeça que existe dentro de mim uma pessoa a ser descoberta e ainda por nascer. Muito provavelmente, esta nova pessoa é melhor, mais sábia e generosa do que me acostumei a ser. Preciso descobri-la, invocá-la, dar espaço para ela, arrancá-la de dentro de mim. E estou conseguindo isso.

Acima da cabeça, imagino um relógio que lembra que a minha existência terrena vai terminar um dia. Estou na segunda metade de vida, portanto é quase inevitável pensar na finitude. Pensar assim recalibra os parâmetros do viver. Não adianta ficar esperando ou procrastinando, cabe a mim andar, me movimentar, por caminhos inexplorados, próximo de pessoas desconhecidas, até estranhas, para que o nascimento desta minha nova pessoa seja estimulado cotidianamente.

Eu me surpreendo quando olho os últimos anos. As coisas que aconteceram comigo não foram tão estruturadas e planejadas como amigos e amigas imaginam. Tudo aconteceu como uma erupção de vulcão, com coisas sendo expelidas de uma forma instintiva e caótica. Porém, quando vistas de longe e vistas do futuro, tudo parece mais ordenado, bonito e planejado.

Certo dia, em uma das primeiras trilhas de longo curso que realizei, caminhando ao longo de centenas de quilômetros em meio a natureza, eu lembrei do contrato de vida que um dia havia imaginado. Eu estava na cidade de Rio dos Cedros, no interior de Santa Catarina, fazendo o Caminho do Vale Europeu, em plena fase aguda da pandemia da covid.

O “fazer aquele caminho” representava uma profunda mudança de postura de vida. Já escrevi sobre isso em meu blog. Naquela noite, eu me imaginei assinando aquele tal contrato fictício, que significava me comprometer a viver de forma diferente, sob determinados preceitos e condutas que fariam a minha existência ter mais significado, realização, paz interior, prazer e propósito. Sentindo a necessidade de registrar aquele sentimento, eu peguei uma caneta e uma folha em branco em minha mochila e rascunhei uma espécie de contrato comigo mesmo. Tenho esse papel até hoje.

Naquela época, em novembro de 2020, institivamente, eu comecei uma espécie de jornada de autoanálise, revendo crenças e valores cicatrizados dentro de mim, comportamentos e preconceitos que precisavam ser confrontados e ajustados, estratégias que poderiam provocar um terremoto na minha consciência e personalidade, na busca de um ser mais pleno, mais aberto, mais flexível e mais humano.

Escrevo este texto na Chapada dos Veadeiros. Em poucos dias volto para Goiânia, cidade que me apaixonei e que adotei como meu porto seguro. Tenho o sol na cara, o clima está gostoso e sinto uma imensa paz. Não tenho nenhuma ansiedade.

Três anos atrás, eu tinha certeza de que já tinha vivido o melhor da minha vida, me sentia perdido no propósito de minha existência e na direção do meu futuro. Me via solitário nos anos vindouros. Eu acreditava na hipótese do renascimento da vida, lutava para isso, porém nunca imaginaria viver com uma nova companhia ao meu lado. Mas o universo é lindo, o mundo gira e Deus colocou um anjo do céu na minha frente: Valéria.

Minha amada Valéria potencializou a minha ressignificação de vida. Ela acelerou tudo! Ela trouxe luz, removendo as nuvens do meu céu nublado e melancólico.

Valéria me desafia, me leva para outra dimensão em nossas conversas de vida, ilumina e semeia o meu caminho. Ela levou ao infinito as minhas buscas e possibilidades, me pegou na mão e vem me conduzindo para uma nova jornada de vida. Com ela eu me sinto um ser humano melhor. Ela me dá propósito e entusiasmo de viver. Eu sinto amor. Enfim, ela transformou tudo! Ela é diretamente responsável por tudo que aconteceu comigo nos últimos anos.

É dia 25 de agosto de 2023. Estou na varanda do chalé e vejo o incrível céu do centro-oeste, de frente para o majestoso Morro da Baleia. Tenho uma xícara de café com leite ao meu lado. Vivo a fase mais maravilhosa e plena da minha vida. Não tenho pressa e aceito muito bem a finitude. Nunca me senti tão bem fisicamente, mentalmente e espiritualmente.

Tenho plena consciência de que a vida está dentro de mim, não fora. Sou eu que dou significado para tudo que vejo e sinto. Sou eu que interpreto os fatos e acontecimentos. Sou eu que decido os meus sucessos e meus fracassos. A realidade é o que eu penso e crio na minha mente, conscientemente. A minha vida são os meus estados.

Nos últimos anos eu consegui ter mais clareza para onde direcionar a minha vida. Esta direção de vida vem da consciência de desafiar meus limites, de olhar mais para dentro do que para fora, de investir o meu viver em autoconhecimento e liberdade, apreciar experimentações, de atender os anseios e desejos da minha mente e da minha alma. Isso representou uma grande mudança no meu propósito e sentido de vida. Em vez de me fechar e me proteger, eu me abri e estabeleci uma filosofia de vida de estar sempre buscando fazer coisas novas.

Explorar se tornou uma palavra importante.

Neste tempo, já fiz mais de 150 mentorias voluntárias e gratuitas de carreira e trabalho, várias trilhas de longo curso em plena natureza, estudei filosofia, experimentei terapias holísticas, me consagrei no Santo Daime, me relacionei com dezenas de pessoas fabulosas em suas experiências de vida, adotei uma vida minimalista, exercitei o desapego ao extremo, li dezenas de livros sobre temas muito diversos, obtive certificações em PNL, mergulhei no desenvolvimento de minha espiritualidade, ajustei minha alimentação e estabeleci uma agenda pessoal privilegiando meu bem-estar e autoconhecimento. Comecei a trabalhar como pessoa jurídica e tenho um trabalho remunerado que me faz bem, dentro dos limites de demanda, tempo e dedicação, que estabeleci para minha vida. Tudo isso continua nos dias de hoje, em um modelo de vida equilibrado e justo, conforme minhas premissas.

Medito, escuto mantras, curto pequenas coisas que me alimentam e me satisfazem, faço planos que minhas pernas e braços curtos alcançam. A minha relação com o tempo mudou. O presente é o meu maior presente. Estou mais relaxado com as coisas. Aceito o fluxo. Nem tudo é um ou zero. Aliás, entre um e zero, existe o infinito. Está tudo bem ser assim.

Não quero mais voar. Apenas caminhar.

Imagino tudo isso como um caleidoscópio colorido para minha existência, que se expande continuamente. Quanto mais colorido, melhor!

Neste tempo, meu pai partiu, devido a covid. Surpreendentemente, eu soube lidar muito bem com a partida da principal referência da minha vida, provavelmente por conta de minha evolução espiritual e crenças. Como já disse antes, a finitude ganhou novas nuances dentro de minha mente. Inclusive a minha própria. Infelizmente, a minha mãe até hoje não se ajustou com a partida de meu pai. Ouvir as lamentações de minha mãe me provoca inquietude, desperta a sensação de estar diante de alguém que se sente preso em uma jaula, ou melhor, que tem uma âncora presa em sua perna arrastando-a rotineiramente para o passado. Ela não vê saída. Seu sofrimento e desorientação evidencia um ser humano que convive com uma considerável janela de autoconhecimento, autoestima e amor-próprio.

Meus filhos se tornaram plenamente independentes. Lindos, éticos e virtuosos. Sempre que penso neles sinto paz no coração, insinuo um pequeno sorriso de satisfação e orgulho. Vejo os dois como pássaros livres, vigorosos em seus voos de vida, com potencial infinito e iluminados por um sol de sabedoria e virtuosismo. São veganos, amam os animais e natureza. De mentorados, passaram a ser meus mentores, mas acho que ainda não realizaram isso.

Enfim, os últimos três anos foram de aprendizados. Me sinto um aluno sentado na sala de aula da vida, ansioso pelas aulas que virão.

O meu maior aprendizado é que a minha vida está centrada na liberdade de escolher como quero viver e reagir perante cada situação que surge na minha frente no dia a dia. A liberdade é o dia de hoje, não é futuro, nem passado. Eu posso perder tudo, eu posso estar diante de um contexto duríssimo de vida ao meu redor, o céu da minha existência pode ficar cinza, mas a forma como eu reajo aos fatos e aos percalços do meu dia é uma escolha minha, que vem exclusivamente da minha cabeça. A minha vida é a minha mente… é minha escolha!

O meu porto seguro é o meu Amor Valéria. Foi a liberdade que colocou a Valéria na minha vida. É com ela que viverei intensamente o novo capítulo da minha vida. Com ela eu cresço e me liberto. Com ela eu consigo voar mais alto e mais longe.

Tenho as letras R e V gigantes tatuadas, uma em cada perna. R de Regina. V de Valéria. Ver as tatuagens todos os dias é energia pura. Simbolizam duas histórias, dois capítulos de minha existência, entrelaçados pela mesma trama: a minha vida.

A vida é surpreendente, parece uma estrada. É sinuosa, as vezes íngreme, outras vezes é uma reta sem fim, tem momentos sem surpresa e pode até ser enfadonha, de repente, uma ladeira abaixo, ou uma curva acentuada, com uma paisagem arrebatadora diante de nossos olhos. Existem instantes de sol lindo, outras vezes de tempestade e nuvens negras. Mas tal qual a vida, o importante é seguir viagem, acreditando no surgimento de novos e lindos horizontes à nossa frente. Quem sabe aquela curva, em um caminho desconhecido, eu não me deparo com oportunidades para mudar o curso de minha vida mais uma vez?

Se permitir pegar direções diferentes, tomar mais riscos e explorar o que estiver a meu alcance, olhar as pegadas que vou deixando para trás como aprendizado, mas seguindo sempre em frente, nunca me lamentar pelo que perdi e deixei de fazer, mas agradecer pelo que consegui realizar e conquistar, ser um bom ser humano, construir boas relações, viver uma vida virtuosa, isso me parece uma interessante filosofia de vida. Esse tem sido o meu exercício diário e o maior presente que ganhei na vida.